CAMINHOS

659 39 24
                                    

Era manhã do primeiro dia de aula do último ano de Mariana. Finalmente, as provações das ciências jurídicas ficariam para trás.

As aulas iniciavam às sete da manhã, mas, graças ao grau de disciplina que possuía, a garota se exercitava na academia de seu prédio, no conforto e padrão de qualidade que a Gávea oferece, para que o corpo suportasse a carga do dia. Ao subir novamente ao apartamento, preparou sua roupa e foi para o banho. Até mesmo sua rotina de cuidados era extremamente organizada; a ordem lhe trazia paz.

Durante seus preparativos, ouvia exclamações calorosas no apartamento ao lado, onde moravam seus pais, Augusto e Cláudia. Agilizou sua arrumação, porque era cedo demais para tanta movimentação, considerando a vida pacata que os pais haviam conquistado desde a aposentadoria de Augusto.

Trancou sua porta e atravessou o curto corredor até a porta dos pais, onde escutava gargalhadas. Como tinha uma cópia da chave, Mariana prontamente entrou.

"Mãe? Pai? Está tudo bem com vocês?" - Mariana entrou perguntando e se esgueirando pela sala, buscando visão dos pais.

"Na cozinha, filha, vem ver quem está aqui!" - a dupla respondeu em harmonia.

'Será que alguém ganhou um prêmio e eu não fiquei sabendo?' - Mariana caçoou em pensamento.

Ao acessar a sala de jantar, que encontrava a mesa posta para o café da manhã, Mariana deparou-se com Matias, seu colega de faculdade e grande amigo.

"Matias! Você realmente deve estar querendo muito que a faculdade acabe para ter passado por aqui a essa hora." - a garota ria enquanto direcionava um abraço ao amigo.

"Engraçada como sempre, né, Mari? Até que você tem razão, mas vim também porque queria contar para o seu pai a novidade." - Matias sorriu para Augusto.

"Que novidade?" - Mariana perguntava ao mesmo tempo em que enchia uma xícara de café.

"Matias foi selecionado para o BOPE, filha. Não é incrível?" - o pai de Mariana exclamava orgulhoso; Matias era como um segundo filho para a família.

"Incrível mesmo! Você merece muito, apesar de eu te achar meio maluco." - Mariana ironizou.

"Exatamente por isso devo ter conseguido..." - todos gargalharam satisfatoriamente.

Mariana se mostrava um pouco reflexiva com a notícia. Ela não era contra a Polícia, muito pelo contrário, tinha opiniões fortes sobre como o crime deveria ser combatido. Mas não conseguia esquecer quão complicada era a vida de uma filha de um militar.

Rapidamente, sua reflexão foi interrompida por um comentário imponente de seu pai.

"Espero que você trabalhe com o Nascimento, Matias. Ele é o melhor de todos eles."

"Quem é esse?" - os jovens questionaram.

"Primeiro, vocês precisam saber que ele não é só o que os jornais mostram, não. Nascimento é um homem de disciplina, força de vontade e muito foco ele lembra muito você, filha, mas você é linda. Isso até explica como ele cresceu tão rápido dentro do batalhão, não é qualquer 'zé' e passa longe de ser corrupto. Mas, como todo policial, tem vezes que precisa massagear uns vagabundos." - o pai relatava orgulhoso.

Augusto teve a oportunidade de trabalhar com o Capitão Nascimento por certo período e sempre que podia, contava vantagem por ter conseguido ver Nascimento atuar em primeira mão.

"Tá, pai, já deu para entender que esse tal Nascimento tem um fã aqui em casa." - Mariana debochou e pegou o rumo da porta do apartamento novamente.

Mariana e Matias partiram para o que seria um dia intenso de aulas, seguido de um treino de jiu-jitsu, atividade que ambos desempenhavam com qualidade singular.

AMOR & DEVEROnde histórias criam vida. Descubra agora