Em tempos imemoriais, quando o sol ainda não era mais do que um tímido observador das tramas humanas, erguia-se um reino de magnitude incomparável, conhecido como Eldoria. Este vasto domínio, tão amplo quanto o horizonte e tão antigo quanto o próprio firmamento, era uma tapeçaria de cinco clãs, cada um governando sua própria região com uma mistura intricada de leis, tradições e rivalidades.
No norte, onde os ventos eram lâminas cortantes e as montanhas erguiam-se como sentinelas eternas, residia o Clã de Arendor. Seus habitantes, moldados pelas adversidades da terra fria e austera, eram mestres nas artes da guerra e da sobrevivência. Suas fortalezas, esculpidas nas entranhas das montanhas, eram bastiões de bravura e resiliência, onde a tradição da batalha reverberava através das gerações.
Ao sul, estendia-se o vasto tapete de verdes e dourados da planície do Clã de Varlis. Aqui, onde os campos se desdobravam em um mar de exuberância, prosperava a agricultura e o comércio. Varlis era célebre por seus mercados vibrantes e pela habilidade incomparável de seus artesãos, cujas criações eram desejadas em todo o reino. Suas cidades, erigidas com engenho e beleza, eram o coração pulsante da riqueza e da troca.
A leste, onde o sol nascente pintava o céu com tons de ouro e fogo, situava-se o Clã de Thalor. Esta terra era um emaranhado de florestas densas e rios sinuosos, onde a beleza natural se entrelaçava com a sabedoria ancestral. Thalor era conhecido por seus místicos e eruditos, guardiões de conhecimentos antigos e práticas mágicas, cujas tradições eram tão profundas quanto as raízes das árvores que protegiam.
No oeste, onde o mar se encontrava com a terra e os ventos dançavam em tempestades, governava o Clã de Elaris. Seus habitantes eram navegadores e exploradores, mestres das artes marítimas e das tormentas. As cidades costeiras de Elaris, construídas sobre pilares robustos de madeira e pedra, eram a porta de entrada para o mundo exterior, e seus marinheiros eram lendas vivas, conhecidos por suas jornadas épicas e descobertas.
No coração de Eldoria, onde todas as terras convergiam, estava o Clã de Eldrin. Esta região, marcada por colinas suaves e lagos cristalinos, era o epicentro do reino, onde a política e o poder se entrelaçavam em um complexo jogo de alianças e rivalidades. Eldrin era a sede da governança e da diplomacia, um centro de decisões e disputas que moldavam o destino dos outros clãs.
Cada clã, com suas características e tradições singulares, vivia uma coexistência delicada. Apesar de unidos por uma herança comum e pela necessidade de manter a paz, as tensões e conflitos eram constantes, um lembrete de que, mesmo em um reino grandioso, a harmonia era uma arte a ser cultivada incessantemente.
Assim começava a era dos homens em Eldoria, um tempo de glória e conflito, onde as lendas e histórias se entrelaçavam nas canções dos bardos e nas crônicas dos sábios. Sob cada estandarte e fortaleza, o destino de Eldoria aguardava ser escrito, esperando por heróis cujas histórias fariam eco nas páginas da história.
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À medida que a noite mergulhava em uma escuridão opaca, e a lua lançava seu brilho prateado sobre as casas afastadas do centro de Elaris, três figuras se moviam com uma precisão silenciosa. Dois soldados, com armaduras que cintilavam mesmo na penumbra e espadas prontas para o combate, acompanhavam um homem encapuzado, cuja presença era tão etérea quanto o próprio luar.
Eles avançavam com um propósito determinado em direção a uma casa isolada, cujas janelas, cobertas por cortinas espessas, não revelavam a menor fagulha de luz. Sem hesitação, os soldados arrombaram a porta com um impacto violento, e o estrondo ressoou na quietude da noite.
Dentro da casa, no interior sombrio, um grito abafado rompeu o silêncio. O primogênito do lord Elaris, deitado em sua cama com uma jovem de vestes reveladoras, levantou-se de um salto, o olhar transbordando perplexidade e medo.