Esperança

169 10 0
                                    

De volta ao hospital, encontrei a mãe de Júlia dormindo na cadeira ao lado da cama dela. A cena me trouxe um pouco de paz. Aproximei-me de Júlia e toquei sua mão suavemente. O monitor cardíaco emitia um ritmo constante, um som que era, ao mesmo tempo, reconfortante e aterrorizante.

As horas passavam lentamente, cada segundo parecendo uma eternidade. A equipe médica entrou e saiu, ajustando os equipamentos e verificando os sinais vitais de Júlia. Cada vez que alguém entrava na sala, meu coração acelerava, esperando por boas notícias ou, pelo menos, por alguma mudança positiva.

Finalmente, o Dr. Almeida, o médico responsável pelo caso de Júlia, entrou na sala. Ele olhou para mim e para a mãe dela, que havia acordado com a movimentação.

– Capitão Nascimento, dona Leila, gostaria de falar com vocês – disse ele, com um tom de voz sereno, mas profissional.

Assentimos e seguimos o médico até uma pequena sala de conferências próxima. Sentamos, e ele começou a falar.

– Júlia está estável por enquanto. Conseguimos controlar a hemorragia, e ela está respondendo bem aos medicamentos. No entanto, ainda estamos preocupados com a possibilidade de infecção devido ao ferimento extenso – explicou ele.

A mãe de Júlia segurou minha mão com força, e eu pude sentir a tensão em seus dedos.

– E quanto ao estado dela? Há alguma chance de melhora significativa nos próximos dias? – perguntei, tentando manter a calma.

– Estamos fazendo tudo o que podemos. O fato de ela estar estável é um bom sinal, mas ainda é cedo para fazer qualquer previsão. Precisamos continuar monitorando de perto e reagir rapidamente a qualquer mudança – respondeu o médico, com uma expressão grave.

Agradecemos ao Dr. Almeida e voltamos para o quarto de Júlia. Fiquei ao lado dela, segurando sua mão, sentindo uma mistura de alívio e medo. Durante esse tempo, recebemos alguns flores de colegas da faculdade, do escritório que Júlia estagiava e falei no telefone com Guilherme, seu melhor amigo.

Algumas horas depois, enquanto eu estava sentado ao lado da cama, Matias entrou na sala. Ele trazia uma sacola de comida e café, sabendo que eu provavelmente não tinha comido nada desde que saí do hospital.

– Trouxe um pouco de comida. Você precisa se alimentar, Nascimento – disse ele, colocando a sacola na mesa.

– Obrigado, Matias. Eu realmente preciso disso – respondi, aceitando o café com gratidão.

Matias sentou-se ao meu lado, observando Júlia por um momento antes de falar.

– Ela é forte, Beto. Vai sair dessa. Precisamos manter a fé – disse ele, a voz cheia de convicção.

Assenti, tentando absorver suas palavras. Sabia que precisava ser forte, não apenas por mim, mas por Júlia e por todos que estavam ao nosso redor.

Passamos a noite em vigília, revezando entre cochilos curtos e momentos de profunda reflexão. Cada beep do monitor, cada movimento de Júlia, era observado de perto. A tensão era palpável, mas havia uma sensação de esperança que nos mantinha unidos.

Na manhã seguinte, o Dr. Almeida voltou com uma notícia que trouxe um pouco de alívio.

– Júlia teve uma leve melhora durante a noite. Ainda é cedo para dizer, mas parece que está reagindo bem ao tratamento. Vamos continuar observando – anunciou ele, com um leve sorriso.

A notícia foi um sopro de esperança. A mãe de Júlia sorriu pela primeira vez em dias.

– Estamos no caminho certo, Beto. Precisamos continuar acreditando – disse ela, com uma confiança renovada.

Os dias que se seguiram foram uma montanha-russa de emoções. Júlia continuava a lutar, e cada pequeno progresso era celebrado como uma vitória. Aos poucos, a tensão começou a diminuir, substituída por uma crescente sensação de esperança.

Finalmente, depois de dias que pareciam intermináveis, Júlia começou a mostrar sinais mais claros de recuperação. Seus olhos abriram-se lentamente, e ela olhou ao redor, confusa, mas presente. A mãe dela chorou de alívio, e eu senti uma emoção intensa, algo entre gratidão e amor profundo.

– Júlia, eu to aqui, meu amor – disse, segurando sua mão com força.

Ela olhou para mim, ainda fraca, mas com um brilho de reconhecimento nos olhos.

– Beto... – ela murmurou, a voz quase um sussurro.

– Estou aqui, amor. Estou aqui – respondi, as lágrimas finalmente escorrendo pelo meu rosto.

A batalha ainda não estava vencida, mas com Júlia acordada e mostrando sinais de recuperação, havia uma nova esperança no ar. E eu sabia que, juntos, podíamos enfrentar qualquer coisa.

Laços Invisíveis | capitão nascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora