Capítulo 4

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Que eu me lembre, foi uns dois anos atrás

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Que eu me lembre, foi uns dois anos atrás. Eu e Julia ainda morávamos juntos.

Uma tarde de domingo, tinha acabado de acordar.

Uma sede do cão, pós cochilo de mais de 14 horas. Nem lembro o que tinha feito no dia anterior, só sei que me amaldiçoei por ter dormido tanto e fui à cozinha para tomar uma água, já que parecia que tinha acabado de passear por dias pelo deserto. 

Quando cruzei o corredor e passei pela sala, me deparei com uma cena que me fez congelar. Julia estava sentada no sofá, abraçando os joelhos com o rosto escondido atrás deles, enquanto Bianca e Emily tentavam, sem muito sucesso, consolá-la.

Fazia anos que eu não via minha irmã chorando, e a visão dela tão abatida me deixou nervoso e inquieto.

— O que aconteceu?

Bianca levantou a cabeça para me encarar. As sobrancelhas baixas.

— Como dizer...

— Aquele idiota! — Exclamou Julia, jogando para longe a almofada que a pouco estava ao seu lado.

Então ela me explicou que o carinha que ela gostava, aparentemente fodeu com outra. Rafaela, uma tal ruiva belíssima com peitões.

Como eu sou um belo idiota e não soube escolher as melhores palavras, só murmurei um:

— Ela não pode ser tão bonita assim...

Uma tentativa de deixá-la melhor, mas claro que minha irmã, condescendente como sempre, teve que pegar o celular para me comprovar o contrário.

Abriu aquela rede social de fotos que não lembro o nome e me mostrou o perfil da garota, e...

Uau.

Pois é.

, uau.

Gostosa pra caralho.

Engoli em seco e disse que aparência não era tudo, que a beleza dessa garota não diminuía a dela e que apostava que no quesito de personalidade ela sairia por cima.

Bianca e Emily me lançaram um olhar carrancudo, o que me fez pedir licença. 

Óbvio que não deixei minha irmã sofrendo sozinha. Não sou bom com conselhos amorosos, mas continuo sendo um irmão foda. Fui no mercado comprar seus lanches favoritos e tirei o domingo para olharmos filme. Deixei que ela reclamasse do amado por algumas horas também, apenas ouvindo e assentido com a cabeça.

Nunca gostei muito daquele moleque mesmo.

Mas no final das contas, tudo ficou bem. Meu atual cunhado, após mandar vários buquês feito de rosas de chocolate, improvisou algo bonitinho para pedir perdão e para que eles virassem um casal. Funcionou.

Entretanto, desde aquele dia aquela ruiva tem estado em minha mente.

Rafaela Fonseca da Silva.

Doce Como Café PretoOnde histórias criam vida. Descubra agora