Dia 2/7 da Steter Week!
Essa é a segunda história do dia, e o prompt de hoje é: Humano Peter/Criatura Stiles.
Eu pessoalmente não gosto nem um pouco do prompt "Humano Peter", então esse foi meu jeitinho brasileiro de ainda estar dentro das regras ;)
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"Gaguejando, suando frio
Roube o vento, amigo cansado
Os tempos se foram para os homens honestos
E às vezes são tão longos para os desonestos
Em meus sapatos, caminha um sonâmbulo
E mesmo assim a minha juventude eu rezo para manter"Black Hole Sun – Soundgarden
Stiles fazia parte de uma matilha de lobisomens há tempo demais para não reconhecer uma loja de itens mágicos quando a via. Uma loja genuína, não aquelas baboseiras exotéricas cheias de velas aromáticas e cristais que em sua maioria sequer eram naturais.
Essa, que agora observava o interior com o nariz quase colado na vitrine, exalava o que ele chamaria de vibe mágica. A começar pelo fato de estar bem escondida em uma das ruas menos movimentadas do centro comercial de Beacon Hills, e com a fachada bastante discreta ela facilmente passaria por um simples brechó ou bazar de quinquilharias sob um olhar não familiarizado com o sobrenatural.
Mas não para Stiles, não. O garoto, sorrindo como uma criança na loja de brinquedos, notava símbolos conhecidos pelas paredes, objetos que já lera sobre e alguns que só poderia sonhar serem reais, todos amontoados em uma desordem organizada sobre mesas e prateleiras, alguns pendurados em pregos ou escorados em cantos.
Na porta de vidro não havia qualquer letreiro de fechado ou aberto, então Stiles resolveu arriscar a sorte empurrando-a de leve, sorrindo animado quando ela abriu com um suave som de sinos anunciando sua entrada. Olhando em volta, tudo parecia caótico. Livros com e sem identificação enfileiravam-se e empilhavam-se nas prateleiras disputando espaço com toda a diversidade de coisas que se pudesse imaginar. Havia um extenso cabideiro em uma das paredes onde variados colares e cordões eram expostos. Frascos de conserva guardavam líquidos de aparência duvidosa, alguns até mesmo com esqueletos que Stiles esperava que fossem de animais.
Mais adiante, ocupando toda uma parede máscaras de madeira, metal e demais materiais eram penduradas. Cristaleiras com portas de vidro ornamentadas e grandes fechaduras de metal, certamente trancadas, expunham mais curiosidades para alimentar e entreter Stiles.
Olhando ao redor mais uma vez, Stiles finalmente notou um balcão meio escondido nas sombras de um dos cantos, onde uma moça de aparência bastante jovem estava acomodada, sentada atrás dele com um grosso livro nas mãos sem demonstrar qualquer incômodo ou preocupação com o cliente em seu estabelecimento.
Dando de ombros porque realmente preferia explorar sem ser importunado por um vendedor insistindo que levasse alguma coisa, Stiles voltou para suas descobertas, espirrando uma vez ou outra por conta da poeira que circulava pelo ar. Algumas coisas pareciam não ter sido tocadas há anos.
Stiles parou diante de uma prateleira assim que seus olhos caíram sobre um objeto em particular. A coisa era curiosa e arredondada, marcada de runas que jamais tinha visto em qualquer livro e possuía muitas rachaduras que lhe concediam uma inegável aparência antiga. Ele estava prestes a pegá-la nas mãos quando ouviu um súbito movimento às suas costas, e pulando de susto Stiles se virou para encarar a jovem balconista, parada a menos de meio metro de distância, olhando-o como se pudesse ler de sua mente todos os seus segredos.
― Você não deveria ficar tocando o que não sabe o que é.
Stiles piscou atordoado. A voz lhe soava bastante estranha em seus ouvidos, como se misturasse a melodia forte e sólida de um sino de igreja ao ruído estridente de um disco arranhado. Se ele fosse adivinhar, ou essa moça sofria de sérios problemas nas cordas vocais, ou era uma fumante de longa data que um dia já teve uma voz bonita. De qualquer forma não combinava com ela, e somente isso bastou para que Stiles sentisse que não se dariam bem.
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Não Há Lugar Melhor Que Si Mesmo | Steter
FanfictionStiles reconhecia uma loja de magia autêntica quando via, mas saber para que serviam os objetos nela vendidos era outra história. Ele aprenderia a não brincar com o que não conhecia, assim como descobriria como era estar sob a pele de um lobo.