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Filipe Ret

O muro da minha casa tá escrito com sangue, se fosse só escrito tava tudo bem só que era o nome dela. Encaro meu celular que vibrava pela quinta vez com o nome da Lara então resolvo atender.

— Que foi porra, tô ocupado.

Escuto ela do outro lado da linha fungar, ela tava chorando.

— A Lorena Filipe, pegaram ela.

Não espero ela terminar de falar e desligo o celular indo correndo pra casa da Lorena, porra pegaram minha mina. A porta da frente tava no chão, a casa tava revirada e a porta do banheiro torta como as outras e tinha resquícios de sangue no chão.

Passo a mão no cabelo puto, eu tô sem rumo. Pego o radinho.

— Quero todo mundo na minha sala, deixa tudo e vai.

Olhava cada parte do morro, os corpos jogados sem vida se misturavam com água que os moradores jogavam na porta de suas casas e parava no bueiro. Ao entrar na minha sala todos me olhavam com curiosidade, afinal o que era mais importante que o meu próprio morro?

— Qual foi da vez irmão – orochi toma frente, me sento na minha cadeira.

— Lorena sumiu.

Foi a vez dele ficar sem saber o que falar, não achou que seus pensamentos estejam no fato dela ter sumido e sim no fato da mulher dele estar desesperada.

— Eu vou achar minha mulher – trago a maconha que tava na minha mão — Nem que eu tenha que revirar o inferno, o céu e até mesmo tenha que matar um de vocês, tô pouco me fudendo.

— Irmão vamo conversar só a gente – me mostra o celular, concordo.

— Fora daqui, façam o trabalho de vocês e não me obriguem a corrigir os erros.

Meu ódio era visível, eu vacilei. Era rotina, sempre que eu tentava me aproximar de alguém acontecia coisas do tipo, eu não sei o motivo de ter feito essa merda toda com a Lorena, eu fodi a vida dessa garota.

— Sei que seu pensamento tá a milhão, afinal isso tá acontecendo pela segunda vez – se senta na minha frente — Só que a gente sabe quem pegou a Lorena, e eles não tão pra brincadeirinha, acho que você deveria ver essa merda.

Dou o play no vídeo e Lorena tava nele acompanhada de dois homens, gritava e chorava e nenhum dos dois parava, eles tavam estrupando a minha mulher, porra. Jogo o celular longe, tudo que tava em cima da minha mesa foi parar no chão, encarava a arma só que Flávio foi mais rápido e tirou ela da minha vista.

— Olha irmão, eu sei que é barra – tenta buscar palavras pra dizer — só que temos que arrumar um jeito de tirar ela de lá, você arrastou ela pra essa porra mesmo eu te avisando.

— Caralho, eu sou um merda – passo a mão no rosto — Confio em você pra tirar ela de lá, o plano é todo seu.

E assim ele sai da sala concordando. Me jogo na cadeira, meu pensamento tá a milhão, era a segunda vez que eu via alguém importante pra mim nesse tipo de situação merda. A primeira vez foi Vitória, minha irmã mais nova, tinha só sete anos, agora é a porra da Lorena.

Eu sabia que não deveria ter me aproximado, sei que foi o pessoal do CDD, sei que pra entrar lá dentro vai ser fodidamente complicado e muitos vão cair se o plano não foi bem planejado. Agora a pergunta que não quer calar, o que o TCP quer fazer dentro se um morro do cv, eu não tenho dúvidas que isso vá além do que estamos vivendo.

Sabia que essa merda toda tava escondida e agora resolveu cheirar totalmente, certeza eu tenho que não é pouca coisa que tá escondida. Minha cabeça vale dinheiro pra qualquer um fora da organização, e burros eles não vão ser, eu não tinha ninguém, nada.

Finalmente eles arrumaram alguma coisa pra me atingir só que não era só entrar no meu morro e pegar o que me pertence, isso vai muito além de pensar que eu sou tão burro até esse certo ponto, eu sei que pisei na bola só que eu vou fazer de tudo pra arrumar essa porra.

𝐀 𝐦𝐞𝐮 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫 - 𝐅𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora