Perigo eminente

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Os dias seguintes trouxeram uma sucessão de desafios e pequenas vitórias. Júlia continuava a recuperar suas forças, e cada sorriso ou palavra sussurrada era uma celebração para todos nós.

Uma tarde, enquanto estávamos ao lado da cama de Júlia, Guilherme apareceu, trazendo flores e um olhar preocupado. O rosto de Júlia se iluminou ao ver seu amigo, e o ambiente se encheu de uma energia positiva.

– Trouxe essas flores para você. O pessoal da faculdade tá torcendo muito pela sua recuperação – disse Guilherme, entregando um buquê de flores coloridas.

– Obrigada, Gui. É tão bom ver você aqui – respondeu Júlia, emocionada.

Guilherme se sentou ao lado da cama de Júlia, segurando sua mão. Eles começaram a conversar sobre a faculdade, os amigos e como todos estavam sentindo falta dela. Era claro que a presença de Guilherme trazia conforto para Júlia, mas havia algo em seu olhar que não consegui ignorar: uma preocupação profunda que parecia ir além da situação atual.

– Júlia, eu... eu tô muito preocupado contigo– começou ele, a voz trêmula. – Tudo isso que aconteceu... Eu sinto que não posso fazer nada pra te ajudar.

Júlia apertou a mão dele, tentando reconfortá-lo.

– Guilherme, você estar aqui já ajuda muito. Saber que tenho amigos que se importam comigo faz toda a diferença – disse ela, com um sorriso fraco.

Guilherme olhou para mim desconfiado, claramente incomodado com minha presença.

– Júlia, você tem certeza que quer continuar com... isso? – perguntou ele, hesitante, lançando um olhar significativo na minha direção. – Eu me preocupo tanto com você, não quero que passe por mais nada desse tipo.

Júlia franziu a testa, percebendo a tensão na voz de Guilherme.

– Guilherme, eu sei que tu tá preocupado, mas o Beto está fazendo tudo para me proteger. Vamos enfrentar isso juntos – afirmou ela, olhando para mim com determinação.

Senti um misto de gratidão e culpa. Sabia que a situação era complicada e que a presença de Guilherme só tornava tudo mais tenso. Antes que eu pudesse dizer algo, Guilherme se levantou, visivelmente abalado.

– Só quero que tu fique bem, Júlia. Vou estar sempre aqui para você, não importa o que aconteça – disse ele, antes de se despedir e sair do quarto.

Após a saída de Guilherme, o clima ficou pesado. Júlia suspirou, parecendo exausta tanto física quanto emocionalmente.

– Ele está preocupado, mas eu sei que você está fazendo o melhor que pode, Beto – disse ela, tentando me confortar.

– Eu entendo a preocupação dele. E ele tem razão em parte. A situação é perigosa, mas estou fazendo tudo ao meu alcance para manter você e sua família seguros – respondi, acariciando seu rosto.

Nos dias que se seguiram, a recuperação de Júlia continuou. Os médicos estavam satisfeitos com seu progresso, e chegou o dia em que finalmente recebemos a notícia que esperávamos: Júlia estava pronta para receber alta.

– Júlia, você está forte o suficiente para sair do hospital. Ainda precisará de cuidados, mas isso pode ser feito em casa – anunciou o Dr. Almeida, com um sorriso.

Foi então que sugeri algo que sabia ser importante.

– Acho que seria melhor Júlia se recuperar na minha casa. Tenho tudo preparado pra receber ela, e assim vocês poderão ficar mais seguros – propus, olhando para os pais dela.

O pai de Júlia, embora relutante no início, parecia considerar a ideia.

– Não gosto da ideia, mas pode ser o melhor para ela. – disse ele, finalmente concordando.

A mãe de Júlia também assentiu, parecendo aliviada com a decisão.

– Queremos o melhor para você, Júlia. Se você acha que isso é o melhor, então vamos fazer assim – disse ela, segurando minha mão em agradecimento.

Com tudo decidido, levamos Júlia para minha casa. Ajustamos o ambiente para garantir que ela estivesse confortável e tivesse tudo o que precisasse ao alcance.

Nos dias que se seguiram, a rotina de cuidados tornou-se parte do nosso dia a dia. Eu estava constantemente ao lado de Júlia, ajudando-a em sua recuperação. Cada dia trazia mais sinais de melhora, e a cada passo, nos aproximávamos mais do nosso objetivo de vê-la completamente recuperada.

Certa noite, enquanto estávamos sentados no sofá, ela olhou para mim com uma expressão séria.

– Beto, o que vai acontecer agora? Com tudo isso, os traficantes, minha recuperação... – disse ela, a voz carregada de preocupação.

Acariciei seu rosto, tentando transmitir segurança.

– Vamos enfrentar isso juntos. Já tomamos medidas para garantir a segurança da sua família, e quanto à sua recuperação, você está indo muito bem. Um dia de cada vez, e vamos superar tudo isso – respondi, a voz firme.

Ela sorriu, uma lágrima escorrendo pelo rosto.

– Obrigada por estar ao meu lado, Beto. Não sei o que faria sem você – disse ela, apertando minha mão com força.

Naquela noite, enquanto segurava Júlia em meus braços, senti uma sensação de paz..

De repente, meu celular vibrou na mesa de centro. Era uma ligação anônima. Atendi, curioso e preocupado.

– Alô?

A voz do outro lado era fria e ameaçadora.

– Capitão Nascimento, vocês estão marcados. Se você continuar pedindo pra policia ficar rondando o morro, vai pagar com sua vida e a dela. Tá entendido?

Senti o sangue gelar nas veias. Olhei para Júlia, que parecia estar adormecida.

– Quem tá falando? – perguntei, tentando manter a calma.

– Apenas se lembre do aviso. A vida de vocês depende disso – e a ligação foi encerrada abruptamente.

Fiquei parado, segurando o celular, a mente correndo com possibilidades. A ameaça era real, e o perigo se aproximava mais do que nunca. Precisava agir rápido para proteger Júlia e a mim mesmo.

Laços Invisíveis | capitão nascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora