2 | Marina

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Eu acordei no outro dia ainda um pouco indisposta devido à viagem, mas levantei cedo para não passar uma má impressão. Coloquei a playlist das minhas músicas favoritas no aleatório para tocar e sorri quando começou a tocar "A Cera" da banda O Surto.

Tomei um banho usando os produtos básicos que trouxe, porque eu não queria abusar da hospitalidade da minha irmã. Havia trazido todos em porções fracionadas para caber tudo na mesma bagagem de mão e também porque ia ficar poucos dias no Rio de Janeiro.

Não tinha planos para estudar antes da prova do concurso, porque eu havia me preparado durante mais de um ano para ela. Não tinha nada para fazer faltando apenas alguns dias para finalmente realizá-la. O que eu prometi fazer foi descansar bem no dia anterior.

Após o banho, vesti um vestido de alça na cor branca e levemente decotado, porque o calor estava terrível. Nem precisei me enxugar; a água evaporou sozinha.

Olhei o look simples no espelho do quarto, me perguntando se era falta de respeito usar essa roupa na frente do marido da minha irmã. Apesar de ser um pouco revelador, não ficava tão vulgar por eu ser magra e ter seios pequenos.

"Não acredito que a minha irmã vai sentir ciúmes de mim. Se bem que com um homem gostoso daqueles, eu ficaria marcando território toda hora", pensei, rindo internamente.

Tomei coragem de descer para o primeiro andar, então saí do quarto e caminhei no corredor com paredes brancas e alguns quadros emoldurados. Me aproximei de alguns que eram assinados por pintores brasileiros que nunca tinha ouvido falar, mas que claramente tinham talento.

Ao me aproximar da sala, ouvi um gemido estranho e, ainda assim, não me toquei de voltar, porque eles sabem que estou na casa e não iam transar em um local comum a todos.

Ledo engano meu. Ao chegar no topo da escada, me deparei com a cena mais constrangedora que poderia ver naquele instante. Roberto estava com a calça arriada, em cima da minha irmã, a fodendo com força. Rosane olhava para o teto como se estivesse implorando para aquilo acabar e fazia umas caretas de dor.

"Deus não dá asas a cobras. Eu estaria com as minhas pernas entrelaçadas na sua cintura, implorando para ele ir mais fundo", pensei, desviando o olhar.

Andei para trás e voltei nas pontas dos pés para o quarto. Esperei meia hora para descer e, quando apareci na cozinha, encontrei apenas o Roberto, vestindo apenas uma bermuda preta e blusa branca, fazendo ovos mexidos enquanto ouvia "Sereníssima" do Legião Urbana.

“Não acredito em nada além do que duvido
Você espera respostas que eu não tenho
Não vou brigar por causa disso
Até penso duas vezes se você quiser ficar”

— Bom dia, Roberto. Cadê a minha irmã? — perguntei, tentando soar natural.

— Ela foi comprar pão. Já volta — ele respondeu com simpatia, olhando rapidamente para trás.

Ele parecia bem-humorado. Aparentemente o mau humor de ontem era falta de sexo.

Sentei à mesa e servi café na xícara que havia disponível e peguei duas torradas.

— Desculpa por ter sido rude com você ontem, Marina. — Roberto se virou para mim, segurando a frigideira com ovos mexidos. — Não foi a minha intenção te tratar mal, mas eu estava... estou com muitos problemas.

— Tudo bem, eu entendo.

— Gosta de ovos mexidos? — Ele deu um sorriso de lado e eu assenti.

Roberto pegou um prato, depositou os ovos nele e me entregou.

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