Era manhã, os raios de sol invadiam as casas pelas vidraças das janelas, iluminando tudo que fosse possível, era de fato um dia muito ensolarado. O céu estava lindo, e havia poucas nuvens pairando sob ele, de forma que seu azul vibrante ficasse totalmente despido e visível.
Numa manhã de final de primavera como esta, onde não está nem tão cedo e nem tão tarde, é o horário perfeito para os jovens aproveitarem suas férias, brincando de "saltar raízes" em seu próprio quintal enquanto esquiva das flores rosadas das árvores, que desciam cansadas até o chão ao serem arrancadas com o vento.
Isso parece específico, não é? Bom, é porque de fato é sobre um alguém muito específico, com uma história muito singular, do tipo que não se vê todos os dias, ou melhor, do tipo que geralmente ninguém nunca vê, em nenhum dia. Afinal, quantas pessoas que já viram um ser místico, ou melhor, um ""cupido"", você já conheceu? Acredito que não muitos né?
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Marianna Ravine Amorim, 8 anos. Pele branca, com cabelos grandes e alaranjados. Em seu rosto algumas sardinhas e um par de grandes e amendoadas órbes meio verdes meio castanhas, dotadas também de grandes cílios. Morava com sua mãe Raquel Amorim, e sua "avó" e madrinha Tuane Aysú, no Vale Do Ipê, uma bela cidadezinha do interior muito bonita, pois em toda a cidade havia especialmente belos e grandes ipês rosados que esperavam ansiosamente a temporada de florescer e enfeitar ainda mais a cidade com suas pequenas flores que sobrevoavam toda a cidade com o vento.
Era uma manhã de novembro e Mari estava de férias, tomou café com sua família e correu ao quintal para brincar, era uma criança muito criativa, adorava especialmente colorir e desenhar. Mas nesse dia em especial, o passatempo que sua cuca engenhosa inventou foi de pular as raízes das árvores que saltavam para fora do solo e desviar das pétalas rosadas das flores de paineira e ipê, que desciam dançando como belas plumas ao vento.
A ruiva pulava e desviava habilidosamente, seus movimentos eram tão perspicazes como o de um gato, ela era de fato muito boa nessa brincadeira, tão boa que começou a se tornar fácil e entediante desviar e saltar num terreno "plano", apesar de um pouco irregular. Com isso, a pequena considera como uma ótima ideia e um ótimo desafio fazer a mesma coisa só que dessa vez, subindo o pequeno morro de sua casa que ia até o templo.
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É uma história longa para ser contada com mais detalhes depois, mas em suma, todo o quintal e a casa que pertenciam a Tuane, também conhecida por alguns e outros com o Dona Aysu, ou só Aysu mesmo, assim como todo o vale do ipê eram território de uma tribo e etnia indígena que a muito tempo ali habitou, os Naurúwaysu, que cultuavam especialmente o grande arcanjo e deus do amor, Rudá.
As árvores de ipê e paineira sempre foram característica marcante no local, consideradas presentes divinos, e a primavera era a estação mais adorada e repleta de eventos e rituais especiais, onde eles acreditavam que um portal mágico se abria para os seres místicos que habitavam junto de Rudá. Seres alados que sorrateiramente flechavam os indígenas e amoleciam seus corações para o amor e empatia, deixando todos sucessíveis aos mais diversos sentimentos. Enquanto houvessem árvores de ipê ou paineira florescendo era sinal de que o portal ainda estava aberto, mesmo que pouco.
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Amor e Arco
RomanceNa estação das flores, um portal se abre para seres alados da dimensão de Rudá, o deus do amor segundo a cultura indígena ancestral da região. Estes, tem o propósito de amolecer o coração das pessoas. Essa travessia mágica só é possível durante a p...