𝗖𝗮𝗽𝗶́𝘁𝘂𝗹𝗼 3, duel?

427 69 24
                                    

Capítulo 3, duelo?

NA MEDIDA EM QUE NOS AFASTAMOS a música ficava cada vez mais baixa, eu e Katsuki saímos de fininho da revoada no riacho indo para um lugar mais calmo. A floresta é densa e vasta o bastante para nós perdemos facilmente, só que o loiro fez questão de deixar grandes marcas de mão com sua individualidade nas grandes árvores. Se por acaso alguém além de nós ver aqueles rastros diria que estávamos em perigo ou que tivemos uma transa selvagem, espero que a segunda opção vire a primeira na mente dos visitantes.

As costas do loiro estavam relativamente relaxadas e despreocupadas, quase confiante demais para meu gosto, mas não deixei de admirar suas costas largas e marcadas pela regata branca e a maneira que seu cheiro doce me invadiu como um aviso para que eu não me aproximasse demais.

É exatamente o que eu queria fazer. Controlei-me começando a usar a cabeça de cima enquanto desviava de galhos de árvores disparados no chão de lema. Será que o loiro se importa com nossa disputa de hoje? Minha pele se esquentou por ligar os pontos que ele estava confiante porque sabia que iria ganhar.

Eu sabia perfeitamente da sua reputação implacável com sua individualidade, sua maneira de pensar é forte e ágil, mas sua cabeça quente era seu ponto fraco. Bem, é o quê ouvir falar. Porém, subestimar um inimigo quando temos país diferentes, idiomas diferentes, culturas e estilos de luta diferentes. Não é confiança é burrice.

No Japão, onde as artes marciais tiveram grande difusão, graças à sua filosofia de respeito ao próximo e à hierarquia, são mais conhecidas as modalidades de karatê, judô, aikidô, sumô, jiujitsu, ninjutsu, kendô, iaidô, kyudô, e outras variações. Mesmo conhecendo todos os estilos de luta japonesa, por causa da minha doce mãe, ainda estava apreensivo. Em São Gonçalo, minha cidade natal, enquanto crescia participava em típicas aulas de bairro.

Luciene Jacksonville, minha doce mãe, uma ruiva alta de temperamento esquentado, mas amolece qualquer coração com seu sorriso meigo sabia bem o filho que tinha. Quanto eu era tão pequeno que usava peças mecânicas como chupeta nas horas vagas. Ela sabia que seria uma criança boa, mas, nada fácil.

Sempre fui uma criança levada.

Para me deixar longe de confusa da oficina do tio João (principalmente das suas ferramentas perigosas) ela me inscreveu em aulas práticas em tudo que era esporte para eu conseguir esgotar as energias. É o que era um trabalhão, porque até longe de casa eu me metia em confusão.

Até que uma das aulas me chamou atenção, me apaixonei logo de cara e tenho como estilo de luta até hoje, gingado e pernas fortes e algo nunca me faltou. Capoeira Regional, não é

algo fácil para oponentes que têm a mente fechada. Por isso, estava torcendo que o gatinho tivesse um pouco de consideração ao lutar.

Só que talvez meu oponente estaja me subestimando demais.

Chegamos em um novo riacho, um que víamos enquanto derrotamos o grande monstro da "floresta mágica". É pequeno, a água cristalina que seu fundo vende, o sol batendo sobre as árvores emitindo sombra e sua correnteza. Os pássaros nas árvores cantarolando junto com os sons da água caindo e voltando à corrente, é lindo.

Estava tão focado na beleza do lugar que acabou batendo o peito na costa do loirinho. Katsuki virou-se para mim com a maior tranquilidade do mundo. Era a primeira vez que o via calmo, e estava odiando a sensação.

—  Quando você falou em lutar. — roda os ombros — estava falando sem individualidade? — perguntou estalando seu pescoço com um sorrisinho de canto.

— O quê? Já está desistindo? — Falei, irritado.

— Até parece. — ele criou uma distância razoável entre nossos corpos colocando os seus dois punhos fechados sobre o peitoral. — A minha vitória é iminente.

𝗦𝗧𝗔𝗥𝗕𝗢𝗬, ᴋᴀᴛsᴜᴋɪ ʙᴀᴋᴜɢᴏᴜOnde histórias criam vida. Descubra agora