Era uma vez, um grande reino situado no leste europeu, um reino próspero e fortificado que existiu na primeira metade do milênio que definiu a era medieval, uma terra conhecida simplesmente como “o reino esplêndido”. Aquele grande reino exercia significativa influência cultural e econômica em sua época, sendo isso motivo de muitas divergências com outros quatro reinos situados ao norte, pois os reinos do norte resistiam em não manter laços com ele, visto que temiam uma descaracterização ou até mesmo serem colonizados.
Houve um bravo cavaleiro descendente de nobres, que fez parte da ordem milenar regida pelo conselho dos guardiões, um notável cujo nome era Hulkenberg, Sir Lances Hulkenberg. Lances Hulkenberg foi treinado desde a infância para servir no reino esplêndido, tornando-se famoso pela sua espada, admirado pelo povo e estimado pelo rei. Aquela foi também a geração de Elisabeth Norman, filha de um homem muito rico e influente no grande reino, membro da corte, conselheiro do rei. Elisabeth Norman estava prometida a Hulkenberg, juntos construíram sonhos sob juras de amor eterno e fizeram disso o alicerce de suas vidas.
Naquela época haviam muitas guerras, conflitos políticos e ideológicos eram constantes em um interminável embate entre os tronos; mas um inimigo cruel e sanguinário que se dedicava a flagelar e conquistar civilizações levantou-se na fronteira do norte como uma ameaça em comum, fazendo com que os cinco reinos formassem uma aliança para combatê-lo. Hulkenberg encabeçou a campanha que durou cinco anos, uma batalha árdua e bem-sucedida que riscou da face da terra o exército adversário que até então nunca havia sofrido uma derrota.
Não havia nada que Lances Hulkenberg quisesse mais do que encontrar-se com sua noiva Elisabeth Norman, pois a face da mulher amada em sua mente e as doces palavras que proferira no dia da partida foram a maior motivação para o cavaleiro que retornou triunfante.
Renome e riquezas foram a sua recompensa, mas o herói ovacionado pelo povo e honrado pelo rei não fazia caso dos muitos presentes e elogios que recebeu no dia do seu regresso, pois nada podia se comparar ao fato de estar outra vez junto a Elisabeth, mas Elisabeth Norman não mais o pertencia. Após a morte de seu pai, o rei a deu em casamento a um nobre das terras nórdicas como um gesto de diplomacia, e o seu casamento simbolizou uma nova era no convívio entre os reinos.
— Tu és distinto, se sobressai em excelência, um extraordinário entre os notáveis, somente o trono me faz maior do que tu. Nenhum homem neste reino te negará a sua filha donzela, escolha a mais formosa e eu te darei, tome as mais desejáveis e embriaga-te de alegria e prazer sob a minha benção — falou o rei, tentando animar o cavaleiro, ao perceber sua tristeza diante da notícia do casamento de Elisabeth com outro homem.
— Ah, meu senhor, pela glória dos reinos aliançados e em nome do soberano entreguei minha vida, e nada esperei em troca... tão somente peço ao rei que me permita ir para o meu repouso, pois o cansaço da jornada me venceu — disse o cavaleiro, prostrando-se reverente diante do rei, usando o cansaço como pretexto para encobrir sua amargura.
— Está bem, vá — disse o rei, preferindo não delongar com o cavaleiro. Retirou-se então o homem de coração partido, convencido de que havia sido injustiçado pelo rei; quanto ao rei, este pôs-se a comemorar com os seus, e já não se importava com a dor do cavaleiro. Não conseguindo conter o aperto em seu coração, vencido pela ansiedade, nos dias que sucederam o seu retorno, Hulkenberg procurou por Elisabeth, pois tinha um audacioso plano como a última esperança de ter de volta a sua amada.
— Lances Hulkenberg, o que faz aqui o nobre cavaleiro? — perguntou Elisabeth ao se deparar com o homem no jardim de sua residência.
— Não sabes ainda o que aconteceu? Vencemos a guerra e eu retornei — respondeu Hulkenberg.
— Sei o que aconteceu, pois este é o assunto que corre por todos os reinos. A minha pergunta é sobre a tua presença no meu jardim, pois não esperava encontrá-lo aqui.
— Minha doce Elisabeth, imagino que o teu coração esteja tão angustiado quanto o meu, compreendo que tu não pudeste resistir à vontade do rei, mas estou aqui para propor-te uma fuga, visto que tão grande amor não pode ser vencido por acordos políticos, nem pela espada, tampouco pelo tempo em que estive longe... nem mesmo o rei em seu trono pode ser mais forte do que aquilo que nós sentimos.
— O que é isso que estás a dizer? Vai-te daqui, anda, apressa-te a sair antes que sejamos envolvidos em um escândalo!
— Ah, Elisabeth, não tenha medo, tão somente venha comigo…
— Não irei a lugar algum contigo. Agora vai-te, Hulkenberg, vai-te antes que tenhamos que enfrentar a fúria daquele a quem eu amo, pois o ciúme não se poderá aplacar.
— Por que te mostras tão indiferente? Não te lembras de quando eu partir? Prometi que voltaria e aqui estou…
— Quisera eu poupar-te, nobre cavaleiro; mas não me deixas alternativa senão amargurar-te com a verdade.
— Que verdade?
— Pertenceu a ti o meu coração, e por algum tempo esperei pelo teu retorno, mas isso já não importa. Agora fique sabendo que o rei não me obrigou a coisa alguma, o rei apenas atendeu ao desejo do meu coração quando me entregou como esposa ao homem com o qual agora eu vivo, eu me afeiçoei a ele e de bom grado me entreguei. de sorte que tal aliança foi também proveitosa para os reinos — falou Elisabeth, desfazendo as expectativas de Hulkenberg. Calou-se o cavaleiro e retirou-se desapontado, certamente a espada do inimigo na sua carne seria menos doloroso.
Não houve paz para o cavaleiro, Hulkenberg irritou-se contra o rei, e converteu-se em uma raiva incontrolável o amor que sentia por Elisabeth. Pesou em seu coração tão grande indignação, e a insociabilidade parecia ser a única saída para o seu coração obscurecido, então o cavaleiro decidiu deixar o reino e partiu para o deserto onde o demônio o encontrou.
Tomado pela mágoa, Hulkenberg foi uma presa fácil para aquele que lhe prometeu vingança em troca de um pacto que abriria as portas da escuridão dando acesso ao mundo dos homens.
— O teu sangue sobre o pergaminho, e a tua causa será a minha causa — emergindo da areia, no meio de um redemoinho, mostrando um manuscrito que continha apenas símbolos, falou a criatura, surpreendendo o cavaleiro.
— O quê? Quem és tu, e de onde foi que saíste?— tomado pelo pavor, empunhando sua espada, perguntou o cavaleiro.
— Abaixe a tua espada, pois ela não terá nenhuma utilidade contra mim.
— Quem és tu?
— Eu sou aquele que pode reparar a injustiça que cometeram contra ti, eu posso conceder-te vingança contra o rei que zombou de ti...
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Aliança quebrada
Short StoryUm conto que antecede a era de Onamir Malac e os heróis da Acaia, relatos com informações que explicam alguns fatos e personagens da duologia TRONOS E CAVALEIROS/ FRAGMENTOS DO REINO SOMBRIO