Ameaça

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Na manhã seguinte, acordei com o peso da ameaça ainda na mente. Júlia dormia tranquilamente ao meu lado, alheia ao turbilhão que se desenrolava na minha cabeça. Precisava encontrar uma maneira de mantê-la segura.

Me levantei com cuidado, para não acordá-la, e fui até a cozinha preparar o café da manhã. Enquanto a água fervia, peguei o celular e enviei uma mensagem para Matias: "Precisamos conversar. Urgente."

Poucos minutos depois, Júlia apareceu na cozinha, ainda sonolenta, mas com um sorriso nos lábios.

– Bom dia, Beto. Você já acordado e fazendo café? – disse ela, com uma expressão de ternura.

– Bom dia, minha linda. Queria que você acordasse com um café da manhã especial – respondi, tentando esconder a preocupação em minha voz.

Ela se aproximou e me abraçou por trás, encostando a cabeça em minhas costas.

– Eu amo você – sussurrou.

Virei-me rapidamente, surpreso.

– Você nunca me disse isso antes – respondi, surpreso.

Júlia sorriu timidamente, os olhos brilhando.

– Eu sei. Mas é verdade. Eu te amo, Beto. Obrigada por... você sabe, por tudo.

Senti uma onda de calor e felicidade me inundar. Acariciei seu rosto suavemente, olhando profundamente em seus olhos.

– Eu também te amo, Júlia – disse, antes de beijá-la.

O beijo foi longo e apaixonado, e naquele momento, todo o medo e a preocupação desapareceram. Se me dissessem que hoje estaria vivendo isso, jamais acreditaria.

Depois do café, Matias chegou. Nos encontramos na garagem, longe dos ouvidos de Júlia.

– O que aconteceu, irmão? – perguntou ele, notando a seriedade no meu olhar.

– Recebi uma ligação ontem à noite. Uma ameaça. Estão me marcando e marcando a Júlia. Disseram que se continuar a ronda no morro, vamos pagar. – expliquei, a voz baixa e firme.

Matias franziu a testa, claramente preocupado.

– Precisamos aumentar a segurança ao redor da sua casa e manter um olho constante em vocês. Vou mobilizar alguns homens de confiança – disse ele, já pegando o celular para fazer as ligações necessárias.

– Obrigado, Matias. Não posso deixar nada acontecer aqui – respondi, apertando seu ombro em agradecimento.

Com as medidas de segurança em andamento, voltei para dentro da casa. Júlia estava sentada no sofá, mexendo no celular.

– Você tava conversando com o Matias? Porque ele não entrou? – perguntou ela, curiosa.

– Sim, estávamos discutindo algumas questões do trabalho, ele tava atrasado... – menti, tentando manter a calma.

Júlia franziu o cenho, cruzando os braços.

– Beto, você tá afastado do trabalho. Que questões podem ser tão urgentes?

Suspirei, tentando encontrar as palavras certas.

– São coisas que preciso resolver, mesmo estando afastado. Não quero te preocupar mais do que já está – respondi, a voz tensa.

Ela balançou a cabeça, claramente frustrada.

– Beto, eu sou parte da sua vida agora. Se há algo acontecendo, eu tenho o direito de saber. Não me trate como uma criança – disse ela, a voz subindo um pouco.

– Não estou tratando você como uma criança. Só quero te poupar – retruquei, tentando manter a calma.

– Proteger? Como você acha que me sinto sabendo que você está escondendo coisas de mim? – respondeu ela, os olhos brilhando com lágrimas.

Perdi a paciência. Tudo o que queria era manter ela segura, e ela estava tornando tudo mais difícil.

– Júlia, você não entende a gravidade das coisas! Eu sou a porra do capitão Nascimento, estando afastado ou não! Ainda tenho responsabilidades e pessoas que dependem de mim! – gritei, a voz carregada de frustração e raiva.

Ela recuou, chocada com meu tom.

– Eu só quero entender o que tá acontecendo. Não quero ser deixada de fora – disse ela, a voz mais baixa, quase um sussurro.

Minha paciência finalmente se esgotou. Com um movimento brusco, bati a mão na mesa, fazendo um barulho alto que ecoou pela sala.

– Se você pensa que tenho obrigação de lhe contar tudo, está muito equivocada! – falei, a voz firme e cortante. - Se você quer continuar comigo, precisa entende algumas coisas

Júlia deu um passo para trás, os olhos arregalados de medo e dor.

– Beto, eu... eu só quero estar ao seu lado. – murmurou, as lágrimas agora correndo livremente pelo rosto.

Suspirei profundamente, percebendo que havia ido longe demais.

– Eu recebi uma ameaça. Disseram que se eu continuar com as rondas no morro, vão nos matar – confessei, vendo o choque se espalhar pelo rosto dela.

– Meu Deus, Beto. Por que você não me contou antes? – perguntou ela, a voz trêmula.

– Não queria te preocupar mais do que já está. Mas estou fazendo tudo para garantir nossa segurança. Matias e eu reforçamos a vigilância aqui – expliquei, segurando suas mãos.

Ela assentiu, respirando fundo para conter as lágrimas.

– Não vou deixar que nada nos separe – disse ela, com determinação.

Naquela noite, enquanto segurava Júlia em meus braços, sentia a gravidade da situação. Precisava de um plano concreto, algo que garantisse a nossa segurança e acabasse com a ameaça.

Na manhã seguinte, fui até o batalhão e conversei com Matias e o comandante. Expus a situação e pedimos reforços. Decidimos fazer uma operação para desarticular a quadrilha que havia feito a ameaça. Sabíamos que seria arriscado, mas não havia outra escolha. Era continuar o que estamos tentando desde o dia que conheci Júlia naquela noite difícil.

Quando voltei para casa, Júlia me esperava ansiosa.

– E então? O que decidiu? – perguntou ela.

– Vamos fazer uma operação para acabar com a quadrilha. Vai ser arriscado, mas é o único jeito – expliquei, vendo o medo em seus olhos.

– Eu confio em você, Beto. Eu preciso confiar – respondeu ela, com firmeza.

Os dias que se seguiram foram de preparação. A tensão estava no ar, mas o amor e a determinação de Júlia me davam forças. Na noite antes da operação, deitamos juntos e fizemos promessas silenciosas de que tudo ficaria bem.

– Eu amo você, Beto. Volte para mim – sussurrou Júlia, enquanto adormecíamos.

Na manhã seguinte, a operação começou.

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