Fora de área parte 2

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- Puta que pariu ! - berra Felipo esfregando o rosto com impaciência

- Gabriel, alguém por favor!! - grito desesperançosa

- Eu acho que estamos presos

- Jura? Não poderia ser mais óbvio! - ironizo

- Sempre tão agradável, Marina - ele diz com cara de deboche

- O problema não é estar presa aqui. O problema é estar com você!

- Qual o seu problema comigo, ein? Me diz! - ele questiona furioso

- Você é rude e insuportável!

- Como se você fosse a melhor!

- E pelo visto é arrogante também - rebato

- Você nem se quer me conheceu direito

- Não é preciso muito esforço pra saber que você é um arrogante e grosseiro

- Marina, eu posso ser grosseiro ou até chato dentro de quadra. Mas te garanto que sou muito mais do que isso...- disse sentando em uma uma caixa cheia de tatames

- Talvez seja, mas até agora nunca agiu de forma gentil - justifico

- Você nunca me deu uma chance de te mostrar, ainda podemos nos unir e ser amigos...

- Isso me parece uma missão impossível... - digo virando a cara, me recusando a aceitar sua proposta

Felipo respirou dando início a sua fala, até que a caixa de tatames rasga e ele cai no chão:

- Você foi burro em achar que isso seguraria seu peso - falo gargalhando

- Isso não foi nada engraçado ! - ele disse meio zangado

- Teve graça sim - digo segurando a risada

- É... Talvez um pouco - ele ri

Eu me calo e ele segue o meu silêncio, Felipo observa cada traço do meu rosto e me arrepio com os olhares. Ele dá um passo a frente e diz :

- Nos divertimos um pouco, viu ?- e questiona retoricamente

- É, mas como vamos tentar suportar um ao outro dentro desse inferno aqui ? - pergunto apoiando a mão na cintura

- Gritar não funciona, temos que procurar uma saída...- ele diz procurando uma escapatória

- Olha uma janela ! - aponto

- Vou tentar escalar e pular..- ele sugere

Felipo escala a pequena estante, se apoia na janela e tenta passar, mas seu tamanho não coopera e não temos sucesso:

- Eu não passo, mas você sim, tampinha!

- Eu já falei pra não me chamar assim ! E pra subir eu preciso de apoio, faz pezinho pra mim - ele revira o olho com a reclamação e faz o sinal com a mão

Me apoio em seu ombro e piso em sua mão entrelaçada, seguro na janela e faço pressão pra sentar nela. É meu tamanho exato, mas minha mão escorrega e perco o equilíbrio. Deslizo em direção ao chão, mas Felipo me segura pela cintura e me matem de pé.
Ele me olha profundamente, nossa proximidade me permiti vê sua pupila dilatada e o castanho dos seus olhos. Suas sardas são bem mais acentuadas de perto, então ele quebra minha linha de pensamento:

- Você está bem ? Se machucou? - pergunta preocupado

- T-Tô , não ralei nada eu acho. - respondo procurando uma arranhão

- Droga, Tampinha. Você ralou o joelho ! Deve ter sido na estante

- Não foi nada ! Relaxa, vamos tentar sair daqui- sugiro

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