Mavie Hale é uma singular jovem adulta da cidade pacata de Aspen, onde seu sonho de ser uma escritora renomada tarda a acontecer pela décima vez em apenas um mês.
Prestes a ser despejada, a única alternativa da jovem era pedir seu emprego de volta e...
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| Aspen, Colorado Às 01h05 - Tarde. Quarta-feira.
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ㅡ Eu já disse que estou bem, Sophie, deixa de drama. ㅡ Resmunguei, torcendo meus lábios pela atenção exagerada que eu estava recebendo da minha amiga ruiva.
Eu ainda estava no quarto daquele hospital tediante em observação, contando às horas para sair daquele lugar e voltar a minha vida normal. Desde que acordei e lembrei da merda de ontem à noite, percebi que deveria levar a sério minha alimentação e os minutos preciosos de descanso.
Quando eu despertei, a enfermeira me explicou a situação e afirmou que eu precisava melhorar minha alimentação antes que surgisse algo mais grave. Também afirmou dizendo que quem me trouxe foi o Travis, que passou horas do meu lado sem sair do lugar, até que foi embora aleatoriamente.
Aquilo me causou uma sensação estranha, porque eu queria vê-lo quando eu acordasse para agradecê-lo. Afinal, ele quem me trouxe e me ajudou no momento que eu mais estava precisando.
ㅡ Não é drama, é preocupação de amiga! ㅡ Grunhiu, deixando um tapa no meu braço. ㅡ Eu te disse que essa alimentação horrorosa acabaria tendo consequência cedo ou tarde. Mas, quem disse que me escutou?
ㅡ Sophie...
ㅡ Nem tente justificar! ㅡ Interrompeu-me, parecendo irritada. ㅡ Eu quase tive um treco quando o Gavin disse que estava no hospital. Tem noção??
Gavin não estava aqui porque tinha que me cobrir no trabalho, já que minha dupla oficial era ele. Mas a cada 5 minutos ele liga querendo notícias.
ㅡ Como o Gavin ficou sabendo?
ㅡ O Travis ligou para Tayla, que pediu para o Gavin me comunicar, já que eu sou a única mais próxima ㅡ Explicou, sentando-se na cama perto das minhas pernas. ㅡ Cadê o Travis, aliás? Queria que ele tivesse para agradecê-lo.
Passei a língua pelos meus lábios quando senti eles secos, me sentindo uma patética por ter dado trabalho ao Travis por uma besteira. Não fazia uma semana direito que aquele homem surgiu na minha casa e eu já estava dando-lhe trabalho.
O quão patética eu sou por isso?
Sophie me observou, percebendo meu silêncio, enquanto eu tentava entender a bolha de confusão de emoções e sentimentos que havia surgido dentro de mim de repente.
ㅡ Você tá bem, amiga?
ㅡ Eu... Eu acho que tô. ㅡ Murmurei, esfregando minhas bochechas. ㅡ Eu precisava disso para começar a cuidar de mim, né?
ㅡ Concordo plenamente. ㅡ Sophie sorriu de um jeito convencido, sabendo que tinha razão ao final de tudo. ㅡ Mas ㅡ Ergueu o dedo indicador na minha direção, agora transformando seu rosto em uma expressão séria. ㅡ Vou ter que ficar em cima de você agora, como mais velha.
ㅡ Você só é mais velha por dois meses, Sophie.
Sophie nasceu em 27 de Maio e eu, dois meses depois, em 15 de Julho.
ㅡ Isso ainda sim vale como mais velha ㅡ Rebateu, dando com os ombros. ㅡ O médico já indicou a nutricionista, então temos que seguir à risca de agora em diante. Entendeu? Não quero ter que correr para um hospital sempre que você passar mal.
No fundo, eu achava um exagero aquela atenção toda que eu estava recebendo, mas sabia que era meu próprio bem. Desde o momento que conheci a Sophie, a gente cuida uma da outra, como uma família de verdade. E é isso que vale para mim, afinal, não tenho contato nenhum com membro da minha família e adoro saber que construí minha própria família com meus amigos.
ㅡ Entendi, amiga. ㅡ Ergui minha mão até ela. ㅡ Obrigada por cuidar de mim.
ㅡ Eu faço isso porque eu amo você.
Sorri, notando ela unir nossas mãos e entrelaçar nossos dedos.
ㅡ Eu também te amo, Sophie.
ㅜ
Voltar para casa no fim da tarde foi uma das melhores sensações que eu senti, sendo recebida por uma bola de pelos amarelada que parecia com saudade demais da sua dona. Sophie ficou comigo até anoitecer, listando todos os cuidados que eu tinha que tomar, se despedindo e afirmando que amanhã me ligaria para me cobrar.
Naquela noite, eu fiz minha skincare, desejando tirar aquela áurea de morta do meu rosto e finalizar minha noite de uma forma boa. E para isso, também precisava de chá.
Ouvi o latido animado do Biscoito quando notei a porta sendo aberta, sabendo exatamente quem era. Caminhei para fora da cozinha com a caneca em mãos, sentindo meu coração acelerado por vê-lo.
Eu não entendia o porquê, mas estava ansiosa. Desde o momento que saí daquele hospital eu ansiava pela presença do Travis, desejando vê-lo, para agradecê-lo e ver aquele sorriso tão bonito.
ㅡ Mavie? ㅡ Estremeci quando meu nome escapou pelos seus lábios, sendo agraciada pelo seu sorriso ao me notar na porta da cozinha. ㅡ Meu Deus! Que horas você chegou?
ㅡ Era fim da tarde.
Travis usava uma calça jeans preta, mas também usava o uniforme do Hickory House preto com detalhes vermelhos.
ㅡ Nossa... ㅡ Ele soltou um suspiro aliviado, dando passos em minha direção, ficando perto de mim. Ergui meu rosto, percebendo que eu batia em seu peitoral, podendo ver seu rosto bonito de perto. ㅡ Eu fiquei tão preocupado, Mavie. O que deu na sua cabeça para não comer???
Encolhi meus ombros, ficando com as bochechas quentes por ele ter tocado no assunto de ontem. Até porque eu fiquei horas rodando a cidade, a mando de sua irmã, sem ter momento algum para comer ou sequer pensar nisso.
ㅡ Eu estava ocupada demais, Travis. Eu... eu não tive tempo para comer.
ㅡ Argh! ㅡ Grunhiu, apertando os olhos e comprimindo os lábios. Aquilo me permitiu olhá-lo, observando seus traços. Seu belo nariz perfeitamente alinhado tinha pequenas sardas significativas, com um piercing pequeno no seu lábio inferior, além de pequenas tatuagens nas laterais de seu rosto. Eram tão pequenas que quase eram imperceptíveis. ㅡ Você está bem agora, né?
Dei um passo para atrás quando senti uma dança estranha de borboletas no meu estômago, sabendo que eu não responderia por mim se continuassêmos próximos daquele jeito.
ㅡ Estou, Travis. ㅡ Assenti, apertando a caneca em minhas mãos. ㅡ E obrigada, aliás. Eu já te dei trabalho demais, sendo que você não é nada meu.
Soltei uma risada, com o gosto amargo tomando minha garganta pela última parte da frase.
ㅡ Deixe de besteira, não foi trabalho nenhum. ㅡ Soltou, colocando as mãos em seus bolsos, me olhando com seriedade. ㅡ Eu faço isso várias vezes se precisar, por você.
