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K I N A — 09

Depois de um tempo sozinha no quarto, a Quatro me chama para descer. Ela disse que tem uma coisa muito legal pra me mostrar.

— Vamos brincar de esconde-esconde. — o Sete fala com uma bola na mão — Antes de começarmos, escolham: olhos, língua, braços ou pernas. Cada um escolhe um.

— O quê? Como assim? — o Três pergunta.

— Por que tá mandando escolher um? — a Dois fala.

— Eu acho que vai ser mais divertido se a gente não contar. — a Oito fala sorridente.

— Essa filha da puta.

— Eu escolhi braços. — o Um escolhe.

— Eu escolho...as pernas. — a Cinco escolhe.

— Escolho a língua. — o Três escolhe.

— Então a Dois fica com a língua. — o Sete conclui.

A Quatro me conduz até uma cadeira e tira uma corda. A Dois nos observa. Isso. Isso! Ela vai ver que estou presa, vai ver que estou do lado deles.

— Por que você vai me prender?! — questiono. O engraçado é que eu nem tento fugir, apenas aceito.

— Aí amiga, é só pra você não fugir! — ela me dá um tapinha no ombro e eu sorrio falso pra ela, me sento e deixo que ela me prenda.

A "brincadeira" é a seguinte: o membro que as pessoas escolheram vai ser amarrado e eles precisam se esconder. Os malucos vão atrás dele e quando acham, simplesmente batem na pessoa.

Todos eles correm como consegue. Ver eles, pessoas que eu gosto, correndo por medo de apanhar é desesperador. Mantenho meus olhos na Dois. Ela corre com os olhos fechados.

O Seis acha o Um. Quando escuto o primeiro barulho fecho os olhos.
— Para! — grito e balanço a cadeira — Seis, já chega! — ele olha pra mim e para.

— O Um tá fora! — a Oito fala.

Eles passam por mim correndo antes de bater na Cinco. Ela pede socorro antes de apanhar. Faço barulho, peço para que eles parem, mas eu sou ignorada.

O Seis acha a Dois e começa a depositar vários socos nela. Fico tão desesperada que choro.

O Sete e a Quatro estão parados, incapazes de participar da brincadeira.

— Quatro! Quatro! Para ele! Já chega! — ela se sacode um pouco, quase indo, mas não faz nada.

— Seis! — mas ninguém me responde.

— Sete! Pelo amor de Deus! — ele me olha e vai correndo até o Seis.

— Já chega! — o Seis tenta dar um soco nele, mas ele desvia — O jogo acabou. Você já achou o Três.

— Venham! O jogo acabou! — a Oito grita.

Todos eles voltam para a mesma posição, mas dessa vez sem terem o corpo preso em nada. Excluindo eu, que estou presa na cadeira.

THE 8 SHOW - número nove.Onde histórias criam vida. Descubra agora