NY- 17:20pm
Estava no local exato e hora exata, usava roupas básicas, coberta apenas por um capuz que sombreava meu rosto. Lá estavam eles, a bela família tradicional composta por um pai velho e corrupto, uma mãe loira bem mais nova que o ele e um casal de belos filhos fodidos da cabeça cuja a única função era sorrir e acenar para um bando de baba ovo. A noite finalmente caiu, olhei o relógio que marcava exatos 20 minutos desde o início de toda aquela falação mentirosa. No momento em que todas as luzes do local foram apagadas para a queima de fogos vi a oportunidade perfeita, me aproximei então do palco principal e em um solavanco brusco puxei minha vítima, a filha mais velha do possível eleito daquele ano.
Meu trabalho havia sido concluído, um sequestro bem sucedido. A garota amarrada pelas mãos, vendada e amordaçada se debatia, tentava gritar e era calada pela música alta no veículo.
—Estou com sua menina. — Falei ao telefone após ligar para o número desconhecido de mais cedo, não sabia quem ele era, não era a primeira vez que tinha um cliente anônimo
—Não a mate até segunda ordem, preciso de uma prova de vida. — O homem ordenou claramente
—Tá, mas o que eu faço com essa pirralha? Levo pra casa e cuido como um cachorrinho? — Fui agressiva em minha pergunta, odiava ter esse tipo de responsabilidade
—Se vira. — O homem retrucou antes de desligar na minha cara
Bati as mãos sobre o volante junto a um suspiro frustrado, nesse momento dirigia pela área de Westchester, ao ouvir anunciarem no rádio local o desaparecimento da filha do candidato a prefeito, deduzi que a cidade estava uma loucura. Quilômetros floresta a dentro foram necessários até que eu encontrasse a velha cabana de meus pais, seria ali meu cativeiro.
A garota foi carregada por mim até a parte interna do local e jogada sobre o empoeirado sofá, e uma das amareladas luzes foi ligada por mim antes de sentar-me na ponta da mesa de centro em frente ao tal sofá e suspirar, levando a mão até a venda e a puxando para baixo—É o seguinte garota, eu não sei por qual motivo você está aqui mas esse é meu trabalho. Estamos no meio da floresta, então não vai adiantar gritar quando eu tirar a mordaça, não adianta tentar fugir pois as janelas e portas tem alarmes e mesmo que consiga, eu conheço os arredores, não vai ser difícil te encontrar. —Expliquei da forma mais clara possível, a menina me olhava assustada, muito provavelmente tentando raciocinar o que estava acontecendo
You pov.
Eu não conseguia raciocinar a situação, após ser levada por horas para Deus sabe onde, amarrada no banco de trás como um animal. Me senti ser erguida do assento de couro por alguém forte, pude ouvi-la falando ao telefone no caminho, pela voz deduzi que era uma mulher e por algum motivo eu estava sendo sequestrada. Fui jogada em algum estofado, ouvi passos de um lado para o outro do cômodo e finalmente aquela venda foi tirada de meus olhos. Uma mulher forte e extremamente bonita estava sentada a minha frente, tinha algumas tatuagens aparentes e cabelo curto. Após muita falação ela finalmente estava em silêncio apenas me encarando, eu ainda estava amordaçada, então apenas assenti com a cabeça.
Ela então levantou, desatou o nó que segurava o pano ali e finalmente pude mover minha boca, indo contra tudo o que foi ordenado, minha única reação foi gritar por socorro, o que me rendeu um forte tapa no rosto
—Porra, você é burra ou o que? Eu acabei de falar que não adianta gritar! — A mulher esbravejou, me segurou pelos fios da nuca e ordenou que selavatasse, me puxando ate a janela
—Que porra você pensa que está fazendo? Você sabe quem é meu pai por acaso? — Perguntei enquanto era arrastada até o vão coberto por um vidro embaçado pela poeira
—Está vendo? Mato, mato e apenas mato para todo lado — A outra respondeu quando colou meu rosto ali, revirando os olhos ao ouvir minha pergunta. —Eu sei sim, agradeça a ele...afinal, você não estaria aqui se não fosse pelo papaizinho.
—O que quer dizer com isso? O que quer comigo? — Estava confusa com toda aquela situação, o que meu pai tinha a ver com isso?
—É simples, quem mandou te sequestrar muito provavelmente é um político rival do seu pai, pelo menos foi o que deu a entender. E bom, com você eu não quero nada, mas sua cabeça está valendo dois milhões— Ela explicou, dando de ombros enquanto me levava de volta até o sofá.
Tori's pov.
Após toda essa chatice de explicações me dirigi à velha adega, tirando de lá uma garrafa de whisky empoeirada. A levei para a pia onde limpei, fazendo o mesmo com um copo que posteriormente foi preenchido com o líquido alaranjado, ao tomá-lo em mãos voltei para o sofá
—Isso aqui tá podre e eu sou asmática, vamos limpar amanhã. — Me referi ao ambiente em si, desde que meu pai morreu ninguém mais havia pisado ali, estava praticamente caindo aos pedaços
—Como assim "vamos"?, eu não vou limpar nada. — A menina retrucou, o que me fez revirar os olhos e suspirar, engolindo um pouco da bebida que tinha na boca
—Você e eu vamos limpar, se bem que eu poderia deixar você fazer isso sozinha, afinal, não sou em quem vai passar o resto dos dias aqui.
—Como assim, restante dos dias? — A garota perguntou com uma voz trêmula e olhos arregalados
—Puta que pariu, eu achava que você era burra e agora tenho certeza. Você vai questionar tudo o que eu falo? Se for, avisa que eu te amordaço novamente. É o seguinte, vou explicar de novo...alguém quer você morta e me contratou pra isso...na verdade a vítima seria seu pai, mas você é um alvo mais fácil. Eu só não te matei ainda porque essa pessoa quer uma prova de vida pra sei lá que diabos, depois que eu matar você, vou pegar minha grana e me mandar. Entendeu? — Expliquei de forma rápida, virei todo o conteúdo do copo de uma só vez, levantando em seguida para pegar mais
Ela me seguiu com os olhos, estava no mínimo em choque com tudo o que falei, mas assentiu à minha última pergunta e depois permaneceu em silêncio, julguei estar totalmente aflita e tive certeza quando vi as lágrimas rolarem por suas bochechas, seguidas de um baixo lamento. Eu apenas a observava calada, vez ou outra tomando goles da minha bebida, ela chorou até adormecer cerca de uma hora depois.
O clima frio assolou o ambiente, vi a menina se encolher com a brisa, minha visão já se encontrava turva quando retirei meu corta vento e cobri suas pernas, sentei-me na ponta do sofá e como na noite anterior, apaguei ali.
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𝐒𝐓𝐎𝐋𝐂𝐎𝐌𝐎
FanfictionVictoria passou por uma infância e adolescência conturbadas, uma pessoa complicada em suas relações interpessoais de qualquer aspecto, na fase adulta se tornou uma pessoa fria, atos infracionais começaram a fazer parte de sua vida até tornar-se uma...