𝐈𝐍𝐅𝐄𝐑𝐍𝐎

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Tori's pov.

As ruas bem iluminadas de New York já não tinham tanto brilho às quatro da manhã, totalmente vazias exceto por alguns gatos revirando o lixo, cartazes políticos por toda parte e é claro, eu mesma. Uma única tragada foi o suficiente para que meu cigarro acabasse e eu o jogasse no chão, pisando em cima para que se apagasse, a garrafa de tequila foi levada a meus lábios mais uma vez, minha visão já turva me fez cambalear após dois bons goles e então meu celular tocou, um número desconhecido

—Quem diabos me liga a esse horário? —Perguntei direta no momento em que a chamada foi atendida por mim —Você não tem o que fazer?

Por um momento, um silêncio endurece se fez do outro lado da linha, eu por minha vez cambaleei até o meio fio, sentando ali de forma desajeitada

—Um milhão pela cabeça do prefeito, amanhã, durante o comisso. É pegar ou largar —A voz máscula falou do outro lado da linha.

Meus olhos se arregalaram nesse momento, pensei por algum tempo até que realmente tivesse cabeça para dar uma resposta

—Com dois milhões eu te dou a cabeça e o coração da pirralha, é você quem sabe —Dei de ombros, a garrafa aos poucos se aproximou de meus lábios novamente e mais um longo gole foi tomado por mim

—Ok, dois milhões. Seu pagamento chega quando o trabalho estiver feito —O homem proferiu em um tom aparentemente sério

—Nada disso, metade agora e metade depois do trabalho completo, eu não sou burra se é o que pensa —Esbravejei no mesmo instante, não me deixaria ser enganada afinal um "trabalho" assim não era nada fácil de se fazer

—Porra, você é exigente. Me fala o número da conta e em dez minutos já terá o dinheiro em mãos.

E assim fiz, após falar os dígitos três vezes para que ele não errasse um sequer, levantei-me da calçada empoeirada. A chamada foi desligada, meu celular voltou para o bolso e com as mãos limpei a poeira de minha calça. Continuei a caminhar até minha residência, um pequeno apartamento em um bairro periférico onde tudo girava em torno de crime, a polícia sequer ousava se aproximar dali. Lembro-me apenas de cambalear pelas escadas enquanto terminava a garrafa, abrir a porta, a bater com força após adentrar a pequena sala e me jogar no sofá, creio ter apagado após isso.

NY- 13:40PM

Acordei em um susto por conta de um carro de som que anunciava o encontro de políticos na praça da cidade em quatro horas, ao levantar do estofado escuro uma tontura anormal me assolou e me fez cair sentada ali novamente

—Inferno, tenho que parar de beber essa merda — Era o que eu falava pelo menos duas vezes por semana e nunca parava

Consegui finalmente levantar finalmente, me dirigi até a cozinha e me dediquei a fazer um café bem forte, tomando o líquido mesmo quente, não me importando em queimar a boca. Puxei da carteira mais um cigarro, acendi, caminhei até a varanda, me debrucei no parapeito e me mantive ali observando o movimento de carros aglomerados na rua.

𝐒𝐓𝐎𝐋𝐂𝐎𝐌𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora