A Garota Da Costa.

Capítulo Dezessete.

William.

Dez longos meses se passaram desde que aceitei seguir a diante com Celine, fizemos algumas aparições públicas e compartilhamos fotos nos mesmos lugares nas redes sociais para intensificar o boato de uma possível relação entre nós, é claro que a ideia disso tudo foi da própria Celine, ela contratou uma equipe especializada em gestão de imagem para me ajudar com tudo isso. Embora eu não quisesse me tornar uma pessoa pública, infelizmente foi esse o rumo que a minha vida tomou e isso trouxe muitas consequências a ponto de eu não conseguir fazer o meu trabalho em paz por que toda hora alguma seguidora ou fã da Celine vinha me cumprimentar, mas acima de tudo a pior parte é a Mia se afastando de mim cada vez mais, ela detesta ser fotografada em locais públicos, ou quando simplesmente vamos ao shopping e acabamos indo parar em página de fofoca ou algo assim. Isso gera tamanho desconforto em Mia, a única pessoa que adora isso e adora ser o centro das atenções é a própria Celine, a maneira como ela usa a mídia a seu favor, para se promover chega me assustar, ela pensa no que mais ninguém pensaria e põe tudo em prática. Só nesses últimos tempos ela conseguiu mais de meio milhão de seguidores nas redes sociais e com isso vieram contratos milionários e propagandas em programas de TV.

— No que está pensando? — Celine se aproxima com uma xícara de café nas mãos.
Embora eu já tenha repetido várias e várias vezes que não queria que ela viesse ao meu escritório; ela continua insistindo e aparecendo aqui.
— Nada. — Observo a tela do computador e o resto de dignidade que me resta indo embora no momento em que James resolveu demitir funcionários que estão à anos na empresa e eu não pude fazer nada pois perdi grande parte dos meus direitos quando ele decidiu me passar a perna à alguns meses.
As vezes eu tenho vontade de colocar tudo para fora, expor para Celine o quanto odeio o pai dela e o quanto eu quero que ele morra mas ao mesmo tempo eu sei o quanto ela é vítima nessa história, tão vítima quanto eu, então eu opto por uma mentira convincente e todos ficam satisfeitos.
— Eu só... não sei se foi uma boa ideia deixar a Mia passar esse tempo com Ellen. — Respondo.
— Liam, eu sei que são próximos mas a Mia não se sente bem com a vida que levamos agora e não é justo manter ela em algo que não a satisfaz. — Celine se aproxima e se senta no meu colo, ficando entre a mesa do computador e eu. — Você não  mandou ela ir embora, ela quis ir. Ela pode voltar quando quiser que será bem recebida.
Celine tem razão, Mia decidiu que não queria mais viver aqui e que não queria ser fotografada sempre saísse para comprar um café, então ela me pediu para ir ficar um tempo com a amiga da nossa falecida mãe, a Ellen, e é claro que a Ellen aceitou e a recebeu muito bem mas sempre penso que isso possa ser um incômodo para Ellen.
— Ela vai ficar bem, Liam. — Celine me tranquiliza e tenta tocar meus lábios com os seu.
— Droga, Celine. — Tento me levantar fazendo que ela desça do meu colo.
— Desculpa, eu não sei o que estava pensando. Me desculpa mesmo, Liam. — Ela responde.
Ela se afasta de mim mas hesita e retorna. — Nós precisamos normalizar a nossa relação, Liam.
— Não temos uma relação, Celine!... só não faz isso, está bem?!... em locais públicos onde os paparazzis podem nos ver eu até faço um esforço com as demonstrações de afeto mas não precisamos disso aqui dentro, aqui somos só amigos se ajudando e nada mais!. — Respondo enquanto me afasto dela.

                        
                               ***

É tão monótona a vida que estou vivendo que tenho optado por passar mais horas no trabalho do que em minha própria casa e tudo ficou ainda pior agora que Celine passa mais tempo lá do que em sua própria casa, então tenho feito cada vez mais horas extras e é claro que não é pela grana é só para ficar ocupado com alguma coisa ao invés de ouvir ladainhas sobre influencers e patrocinadores. Eu sei que isso deve ser horrível para Celine também mas ela consegue levar numa boa já eu, não e sem a Mia, tudo fica pior.

— Vai fazer hora extra de novo? — Pergunta Natalie.
— Vou com toda certeza, a Celine vai jantar com umas amigas e a Mia se mudou, então...não tenho muito o que fazer em casa. — Respondo tentando ser convincente. — Por que pegou o turno da noite?
— A noite a grana é melhor! — Natalie responde mas não me convence então continuo a encarando. — Tá bom, ok... vou te contar mas não fala pra ninguém; estou me preparando para entrar pro FBI. Terminei o curso de Ciências Forenses no verão passado e resolvi investir então durante o dia eu vou para o treinamento e a noite venho trabalhar para não ser demitida caso dê errado... sabe.
— É sério? Natalie isso é incrível! — Respondo e ela sorri modesta.
— Sério, Will?? Você é a primeira pessoa que não me diz que isso é uma loucura, Will, acho que você deveria tentar, você se formou com honras e é homem; isso já é uma vantagem. — Natalie comenta com seu senso de humor.
— Obrigado pela dica, mas estou sem cabeça pra isso no momento. — Respondo.
— Pensa com calma, sabe... seu futuro sogro não tem domínio algum sobre o FBI, lá ele não te alcançaria.— Natalie toca no ponto certo da questão e eu chego até a considerar a ideia.
Nos últimos meses Natalie e eu nos aproximamos bastante e ela é uma boa amiga, consigo esconder de  todos o quanto não suporto James e o quanto torço para ele sair do cargo de Secretário de Segurança, tem sido impossível esconder minha insatisfação dos meus colegas de trabalho exeto de Natalie que também não vai nem um pouco com a cara do sujeito. Escondo meus reais sentimentos pois Brody é meu amigo e colega de trabalho a última coisa que eu quero é que ele se sinta mal por ter o pai que tem.