sua mente obscura - Tom Kaulitz

15.

—Tchau, Tom.

Não tenho nem tempo de discutir, ela acabou de desligar na minha cara. Não sinto raiva e não fico surpreso, muito pelo contrário, começo a rir de sua reação.

Sei que Zoe não suporta minha personalidade sarcástica, mas sinto que isso faz com que nossa amizade permaneça sem o peso de ter se iniciado no dia em que ela planejava se matar. Além de que gosto de provocá-la, isso faz com que eu sinta que posso fazer Zoe ser uma garota mais feliz, mesmo que isso pareça impossível no momento.

Eu posso mudar isso.

Largo meu celular no painel e suspiro ajeitando minha postura, quando vejo Bill vir em direção ao carro. Ele está vestindo uma roupa casual e óculos escuros, com uma mala enorme sendo arrastada por sua mão esquerda. Vejo quando meu irmão contorna o carro e bate no vidro com certa força, pedindo para que eu abra as portas.

—As pessoas são tão idiotas. — Ouço sua reclamação e espero o rapaz entrar no carro para que eu possa ligar o motor.

—O que aconteceu dessa vez?

Bill tem um histórico bizarro com aeroportos. Juro que não me lembro quando foi a última viajem que fizemos em que ele não arranjou algum motivo para reclamar.

—Para começar, eu passei uma hora esperando minhas bagagens chegarem do despacho. — Ele pontua enquanto aperta o cinto de segurança. — E depois, uma criança simplesmente trombou em mim, me fez derrubar minha necessaire e foi embora. FOI EMBORA!

Solto uma gargalhada alta com a indignação em seu tom de voz.

—Bill, era apenas uma criança.

—Ela devia ter no mínimo doze anos. — Meu gêmeo diz se virando para me olhar com uma expressão de espanto.

—Continua sendo uma criança.

—Foda-se. Não deixa de ser péssimo. Essas coisas sempre acontecem quando estou voltando da Alemanha.

Balanço a cabeça negativamente e torço para que ele continue falando sobre seus problemas pessoais e acontecimentos no aeroporto, pois dessa forma não teremos que tocar no assunto inevitável de nosso reencontro. Nossa "família". Entre mim e Bill, eu sempre fui o mais fechado emocionalmente, não que isso seja uma coisa ruim, eu só não consigo demonstrar tanto afeto quanto meu gêmeo. Esse traço de personalidade nunca foi um problema, até que conhecemos Rolf, nosso padrasto. Minha mãe se casou com ele no auge dos nossos dezenove anos. No começo tudo parecia bem, até porque mamãe parecia feliz com ele, mas tudo desandou na primeira briga que presenciamos entre os dois. Acabei em cima do homem, despejando inúmeros socos em seu rosto porque descobri que ele fazia o mesmo com minha mãe. Quando fizemos vinte anos e nos mudamos para os Estados Unidos, pensei que meu ódio por Rolf se tornaria menor, mas ele provou que eu estava errado quando fez minha mãe ir parar no hospital com um golpe quase fatal na cabeça.