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carolina pimenta ~

Que dia cansativo do caramba. São seis e quarenta da noite e eu acabei de chegar em casa, tive aula basicamente a tarde inteira e a essa altura não consigo raciocinar mais nada. O ônibus parece que não chega logo e eu estou maluca pra estar em casa. Inferno de trânsito maluco de SP. Eu ODEIO quando as minhas aulas caem nesse horário e eu vou embora justo no momento de pico.
Tem tanta gente nesse ônibus que me sinto enjoda. A USP fica a trinta minutos e pouco da minha casa, só que de ônibus leva quase uma hora, inferno. Quem mandou morar no capão redondo? Se eu fosse uma riquinha maldita moraria na Tatuapé.
Mas eu tenho mó orgulho de falar que vim do Capão redondo. Não sou mesquinha, lutei pra estar onde estou e com o dinheiro da medicina eu vou conseguir meu apartamento chique e rico na Vila Olimpia ou na Tatuapé. Quem sabe no Pinheiros ou no Brooklin. Quem me dera. Talvez o Moema ou Itaim.
Falando em riqueza, aquele tal de Veiga eu não vi mais. Tem mais ou menos um mês do ocorrido, e eu finjo que nunca aconteceu, apesar do meu avô sempre perguntar o por quê dele não voltar lá em casa. Por que ele voltaria, né?
A Luana fica insistindo, dizendo que eu devia ter sido mais ousada, que pra ele estar com aquela boa vontade era porque queria algo, mas cara, será que ela não entende que simplesmente existem caras legais?
Ele estava sendo legal. O que me surpreende bastante para um jogador de futebol.
Até me esqueço do local que estou, já perdida em meus pensamentos, só volto a realidade quando recebo um puxão de cabelo.

- Porra - Murmuro. - o que foi isso?

Olho pra trás e vejo uma mulher bem estranha.

- Ei! Você tá cortando meu cabelo? - Quando eu percebo, já bati no braço da mulher com tudo. - tá maluca? Meu Deus! Ela quer cortar meu cabelo!

A velha grisalha e calva agarra meus fios com mais força e eu estou prestes a chorar. Grito sem ter dó.

– Solta meu cabelo, porra! - Não sei se Deus quis ser legal ou o quê, mas arranjei uma força do caramba e desci a cotovelada no peito dela. - maldita! Maltrapilha!!

– Sua fudida! - Escuto ela dizer isso e mais um monte de coisa que nem ouso a replicar enquanto se afasta.

Meus olhos estou cheios de lágrimas porque ela realmente quase me deixou careca. Pego meu cabelo e vejo que falta uma mecha. Massageio meu couro cabeludo.

– Filha de uma mãe - Resmungo. - que ódio! Que ódio!

– Tá tudo bem, moça? - Um homem pergunta. - ela já parou de te incomodar?

– Meu couro cabeludo tá até doendo - Reclamo passando a mão. - ela saiu andando por aí, mas deve incomodar outra pessoa... pois eu vou lá agora pedir pra parar o ônibus e expulsar ela.

- Moça, se acalma - Uma mulher simpática disse pondo a mão em meu ombro. Está ao lado do cara. - é melhor nem se envolver. Deixa pra lá, maluca assim a gente ignora.

Uma linda mulher - Raphael Veiga.Onde histórias criam vida. Descubra agora