24. Calma, não precisa ficar furiosa

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Sentir o corpo de Roz ali colado ao meu não acalmou apenas meu lobo, mas a mim também que acabo pegando apagando completamente com as minhas mãos na sua cintura.

O pesadelo que sempre me lembrava da realidade desta vez estava diferente, os fatos não mudavam, mas Roz estava a minha frente, quando a toquei ela acaba gritando e me abraçando forte.

Ela me via ali gritando em desespero quando meus irmãos de alcateia foram mortos na emboscada, mas precisei segurar ela com força, pois ela queria entrar no meio do fogo para tirar as crianças que gritavam lá dentro.

Roz chorava intensamente e por alguns momentos tive a impressão que todos se silenciaram apenas para a olhar, isso nunca me aconteceu, eu sempre repasso por essas memórias e ninguém me via.

Mas desta vez eles a viram, minha confirmação foi quando uma das mães que estava ali presa se soltou e veio até ela, mas antes de a tocar me olhou sorrindo como forma de pedir permissão.

— Olá, meu Alfa — sua voz era fraca e suave em minha direção — Não chore por nós.

— Isso não foi justo — a voz embargada de Roz me fez a abraçar contra o meu corpo enquanto suspirava.

— Não foi, mas já aconteceu, posso te pedir uma coisa? — Roz se solta de mim e vai andando com ela desviando dos corpos que estavam no chão.

O estranho era que todos que foram mortos da minha alcateia a olhavam sorrindo, logo percebi que não estávamos mais no mesmo local e sim aqui na floresta mais densa que tem aqui na lateral da minha casa.

Aquela clareira eu nunca havia visto, tenho certeza que ela existe, só não sei como nunca acessei antes, não tenho dúvidas que já percorri tudo aqui aos arredores e nunca vi nada tão lindo como essa pequena clareira.

— Será aqui — ela abaixa a cabeça, me deixando em desespero por entender agora o que ela estava mostrando a Roz.

— Tudo bem, mas o que quero saber é como faço para vocês terem paz? — a pergunta de Roz não me surpreendeu somente, pois no segundo seguinte já estávamos de volta ao caos.

— Agora estamos em paz, pois nosso Alfa encontrou quem precisava.

Abro os olhos, assustado com tudo que vi naquele sonho, olho para o lado procurando o rosto de Roz que está contra o meu peito e para meu desespero ele estava molhado pelas suas lágrimas.

Ela não pode ter visto tudo aquilo, como vou explicar para ela tudo isso, poxa eu nem contei que sou um lobisomem, imagina explicar para ela por culpa minha todos morreram.

Eu me culpo até hoje por não ter visto como Esec era terrível, se ela me manipulou a culpa foi minha, meu desespero foi aumentando assim como a minha respiração acelerava.

Roz se mexe na cama e quando percebe que está deitada no meu peito, acaba me empurrando, ou tentando, já que foi ela que acabou se mexendo e o resultado é ela caindo da cama.

— Seu imbecil, por que me jogou fora da cama? — nunca havia visto Roz tão furiosa como ela estava agora.

— Calma, foi um acidente, então não precisa ficar furiosa.

— Você me jogou fora da cama e vem me dizer para ficar calma? MINHA BUNDA ESTÁ DOENDO.

Ela vinha com tudo para cima de mim, mas quando o seu grito ecoou pelo quarto ela paralisou, como se estivesse analisando o que ela acabou de falar e tenho certeza que vem outra pérola dela.

— Espera essa frase fora de contexto não fica nada legal — não me aguento e começo a gargalhar a puxando contra o meu corpo.

Estava aliviado por ela não dar indícios de se lembrar do que acabamos de ver e sinceramente somente agora que ela falou sobre contexto que fui entender, Roz tentou se manter séria, mas acabou rindo junto depois.

— Fiquei com saudade — a puxo de volta para a cama ainda com ela agarrada ao meu corpo.

— Claro, só percebeu como sou perfeita quando ficou longe — amo esse lado abusado dela e acabo segurando o seu rosto — Fiquei preocupada, custava ter me avisado?

— Desculpa, foi de última hora e achei...

— Pois não ache na próxima vez que for acampar com Destin.

— Acampar? — e agora que me lembro que foi essa a desculpa que foi dada — Sim, acampar.

Ela não me responde e sai da cama nervosa se soltando toda vez que tento pegar o seu braço, nunca a vi tão rápida como está neste momento. Ela estava nervosa novamente, mas desta vez não vou deixar assim.

— Roz — a pego no colo pouco antes dela sair do quarto e a levo de volta para a cama fechando a porta com o pé — Me perdoa, nunca mais vou fazer isso, me perdoa ter mexido nas suas coisas e me perdoa...

— Por que trancou a porta? — ela me interrompe enquanto olha diretamente nos meus olhos.

— Me apavorei, eu prometo que te conto tudo...

— Você é casado, Lykos, tem noiva, é mafioso, um assassino de aluguel, procurado pela CIA, pelos russos...

— Roz — seguro novamente o seu rosto a fazendo parar de falar — Você está pior que o Google me dando sugestões.

— Você não me fala, eu preciso ver se tem reação em alguma dessas palavras, ou achou eu fico te encarando apenas por ser lindo e gostoso?

— Espera, você estava me encarando apenas para saber...

— Claro, acho que era o quê? Estava observando a sua linguagem corporal, mas não deu certo, pois não consegui respostas.

Um Alfa, Um SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora