34. Agora eu quero ver

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As aulas com Destin estavam cada vez mais animadas, ainda mais depois que consegui o convencer a me ensinar feitiços, mesmo que eu não consiga lançar nenhum eu quero aprender.

Lykos toda vez que começava a sentir ciúmes apenas se aproximava e ficava nos observando antes de falar qualquer coisa ou até mesmo de pensar besteira, por enquanto isso está dando certo e é o que me importa.

O lado ruim é que eu deixei acumular diversas atividades e conteúdos da faculdade me obrigando a me recolher na biblioteca, já havia virado rotina, eu durmo em cima do computador e Lykos me leva para a cama.

Para agradecer essa proteção toda que ele sempre tem comigo, andei caprichando um pouco mais na comida, o que sempre me resultava muito elogios e várias fugas da minha pergunta "Quem é você?"

Ele fingia que não se lembrava e eu comecei a fingir que acreditava, mas percebi que ele cuidada ainda mais do que deixava aberto ou de fácil acesso em seu escritório.

O que não adianta nada, pois como ele mesmo diz Destin é um linguarudo e sempre solta alguma informação, mas nada se compara hoje quando ele entrou na biblioteca sorrindo.

— Espero que já tenha acabado — quando olhei para o computador estava tudo pronto e enviado, apenas o olho em choque confirmando com a cabeça, mas quando abro a boca para brigar, ele faz o sinal de silêncio.

— Você poderia ter vindo antes, me pouparia muitas de sono, sabia — o infeliz apenas deu de ombros me fazendo sorrir.

— Como sabe, vamos acampar essa madrugada e para não se sentir sozinha eu lhe trouxe alguns livros para te distrair.

Ele aponta para um em específico que estava bem escondido entre os outros, pulo em cima dele como sempre faço, pois Lykos estava vindo e não queria que ele confiscasse esses livros.

Após o jantar, Lykos me deixou diversas recomendações e até mesmo uma ameaça que eu deveria me alimentar e dormir, para não ficar ruim como fiquei da outra vez.

Assim que eles saíram, eu fui direto para cama mesmo, precisava dormir ou não iria aguentar ler muito amanhã. No outro dia, Alte já havia chegado e preparou um café da manhã delicioso.

Não tinha como negar ela era um amor e super preocupada tanto com Lykos como comigo, ainda não conseguíamos conversar sem o aplicativo de tradução, mas desta vez ela acabou me ensinando algumas palavras.

Já no quarto guardo todos os outros livros e vou direto para o que Destin me sinalizou, ele falava apenas de lobisomens. Os alerta para nunca se aproximar deles tinham em várias páginas.

Até porque eles vivem muito mais que as outras criaturas vivas, preciso segurar o riso, pois tinha uma anotação "Não sou velho, mas fiz sim um ritual para me manter com a aparência de jovem".

Também ressaltava sua força incomum, audição, olfato e visão, principalmente quando estão transformados, foi impossível não imagina Lykos como um totó gigante, ele todo ruivinho deve ter a pelagem avermelhada.

— Haaaaaaaaaaaaa agora eu quero ver — me jogo na cama me lembrando de como sua barba e cabelo são tão macios — Você me paga Lykos, quem mandou me esconder à parte mais interessante.

Alte entra no quarto e acaba sorrindo pela minha empolgação e quando se aproxima para me entregar um copo com uma vitamina e ela acaba sorrindo e solta o nome de Lykos.

Apenas confirmo sorrindo enquanto termino de tomar a vitamina, assim que ela saiu do quarto que virei a página, ainda indignada por ela saber e eu não, onde já se viu? Mas lembro que ele comentou que a conhece de longa data, depois pergunto a história toda.

Seguindo a leitura chegou na parte onde mais odiei, ele falava da lua cheia e também do cio, isso me deixou em alerta, pois o cachorro está transando comigo e ainda sai toda lua cheia?

— Ele só pode ter ficado louco, se acha que vai me manter aqui bonitinha durante o mês e no cio ir se encontrar com cadelas para se aliviar.

Ao final deste livro tinha um lembrete de Destin para não tomar nenhuma decisão precipitada, pois minha visão ainda não está completa. Isso ele tem razão, pois os dois deveriam estar com suas famílias, mesmo que a palavra para cada espécie mude o sentido é o mesmo.

Tem muito mais coisas atrás desse isolamento dos dois por anos, nunca perguntei sobre passado para Destin, só eu sei como é dolorido você querer esquecer e alguém te perguntando, isso a minha curiosidade aceita a descobrir com o tempo.

Fecho todos os livros, afinal já era de madrugada e eu nem percebi o dia passar por estar lendo empolgada, mas aquela dúvida ainda martelava na minha cabeça, onde é que ele ia passar o seu cio e o pior com quem ele ia passar?

— Destin eu vou arrancar a sua pele se estiver me traindo, pois você poderia muito bem ter me avisado para não fazer papel de trouxa — acabo pensando alto já me aconchegando bem no meio da cama de Lykos.

Pouco antes de adormecer, minha mente me lembra que não tenho nada estabelecido com Lykos sobre um relacionamento e ele tem sim o direito de se explicar, até porque não sei exatamente o que ele fez, mas já sei como ele vai me contar.

Um Alfa, Um SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora