16 - Go away!

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"Grande empreendedor, você não vê?
Meu bem, nada vem de graça
Eles dizem que eu sou uma maníaca por controle
Impulsionada por uma avidez pelo sucesso
Ninguém pode me parar"
Are you satisfied? - MARINA

"Grande empreendedor, você não vê?Meu bem, nada vem de graçaEles dizem que eu sou uma maníaca por controleImpulsionada por uma avidez pelo sucessoNinguém pode me parar"Are you satisfied? - MARINA

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ROBERTO NASCIMENTO

Quando recebi uma mensagem de Heloísa na metade da manhã de segunda feira, falando nada mais do que um curto "não vá para minha casa hoje", é claro que minha primeira reação foi ligar para ela de volta, mas não tive resposta. Pouco depois outra mensagem chegava.

"Estou em aula."

"O que aconteceu?" enviei de volta, interrompendo a ronda que fazia, me encostando em um dos corredores.

"Só não apareça, por favor."

Mas é claro que eu fui. Às três e meia da tarde eu batia à sua porta, tendo aproveitado a saída de um morador para entrar no edifício, sem precisar tocar o interfone para o apartamento de Heloísa. Cheguei a pensar que ela talvez estivesse chegando naqueles dias de novo, apesar de ainda não estar na época, ou talvez algo tivesse acontecido na faculdade, mas quando Heloísa abriu a porta, logo vi que o problema era comigo.

— Eu lembro de ter falado para você não vir hoje — ela reclamou, mantendo a porta bloqueada, mas eu simplesmente empurrei a porta de leve, entrando no seu apartamento. — O que eu falo não importa nada para você, não é?

— O que aconteceu? — perguntei calmo, não vendo motivo para me estressar quando sabia que não eu não tinha feito nada.

Parecendo tentar se controlar, Heloísa respirou fundo, esfregando o rosto com as duas mãos, seu pé descalço batendo rapidamente no chão, fazendo a sua saia acompanhar o movimento. Ainda assim, mesmo depois de quase um minuto, quando Heloísa falou seu tom não saiu nada calmo.

— O que aconteceu, Roberto, é que por causa daquela viagem idiota que você insistiu para que eu fosse, não estudei o suficiente para a prova que tive na terça feira e me fudi. — Heloísa gritou e eu não ficaria surpresa se ela tentasse me bater, tamanha era a raiva estampada nos seus olhos. — Mais um pouco e eu teria sido expulsa. E eu sei que já tinha combinado de ir para a praia antes, mas só decidi isso porque você me convenceu de que eu precisava de um tempo para descansar.

— Mas você precisa, Heloísa. — retruquei, mantendo o tom baixo, tentando provar meu ponto de vista, mas ela não me deixou continuar.

— Não, eu não preciso! Eu preciso estudar! Eu preciso manter meu compromisso com os estudos porque não tenho dinheiro para jogar no lixo como sua família tem, Roberto. Se isso acontecesse, eu diria adeus a estabilidade financeira e o que eu sempre temo para o meu futuro vai se tornar realidade. — Com um novo suspiro, Heloísa se afastou, indo até a cozinha e eu a segui em silêncio, torcendo para que ela se acalmasse um pouco, mas parecia que quanto mais ela pensava, piores eram suas palavras. — Até te conhecer, Roberto, eu passava minhas tardes estudando e minhas noites estudando ainda mais. Agora meu tempo se ocupa em passar a tarde com você satisfazendo seus desejos e a noite esperando você ligar, porque você sempre liga, nem que seja para falar alguma porcaria, nem se importando com o que eu estou fazendo.

Sete minutos no paraíso - Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora