73. Roz, apenas me escuta

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Roz ainda corria toda vez que eu tentava conversar com ela, isso chegou a ponto que ela nem disfarçava mais e o clima foi ficando pesado. Alguns alfas começaram a se aproximar, mas me transformei antes mesmo que pudessem encontrar com Roz.

Acabou que pedi para ela nem ir à faculdade, ela novamente não negou e nem questionou. Merda não sei o que está acontecendo e não sei como descobrir. Destin também tentou e ela o afastou alegando que precisava focar nos estudos e que depois retornava com a magia.

— O que está acontecendo? — Destin pela primeira vez me prensou na parede e não foi para tentar me agarrar.

— Não faço a menor ideia e estou tentando descobrir.

— Solta ele — Roz aparece na porta e no segundo seguinte Destin me solta arrumando a minha roupa, me senti criança novamente quando brigava com alguém e nossa mãe interferia, isso me fez rir baixo e quando percebo Roz também.

— Você sentiu meu medo, mas não me deixou explicar...

— Não precisa, entendi o plano de vocês — olho para Destin que nega com a cabeça se inocentando — Vocês querem me deixar trancada aqui dentro, assim ninguém me conhece e o tal figurão não vai querer me levar embora.

— Roz você entendeu errado — Destin tenta argumentar, mas ela fecha a porta na nossa cara.

— Não adianta ela só vai se abrir quando quiser e quando isso acontecer vou estar aqui pronto para explicar.

Destin apenas confirma coma cabeça e vai embora, mas antes me avisa que deixou os livros que faltam para Roz treinar no antigo quarto dela, era uma forma de ter o que falar com ela.

Destin sempre pensando nos mínimos detalhes assim como a Roz. Foi aí que me deu uma ideia, muito louca e que pode realmente dar errado, mas eu preciso tentar fazer Roz se abrir comigo.

Preparo o prato que meu pai sempre realizava quando arrumava briga com a minha mãe, ele tem uma peculiaridade, o cheiro é magnífico assim como sua aparência, mas o gosto é péssimo.

Com isso preparo um risoto e deixo a espera, para quando ela brigar comigo eu tenha o que servir, afinal deixar ela com fome não está nos meus planos. Assim que o cheiro preencheu a casa, era questão de minutos para Roz aparecer na cozinha e foi exatamente isso que aconteceu.

— O que está aprontando? — ela me olhava analisando até a forma como eu respirava.

— Apenas fiz o jantar.

— Então por que tem um prato na mesa e uma panela de risoto no fogão? — olho em desespero para o fogão e merda não sabia que ela iria perceber tão rápido.

— Desculpa — me jogo na cadeira assumindo a derrota enquanto suspirava.

— O que está acontecendo?

— Você não conversa comigo e foge do assunto sempre que tento tocar.

— Lykos...

— Não Roz, isso está me machucando, eu quero dividir tudo com você, mas... — ela me dá um beijo sorrindo me obrigando a ficar calado.

— Só hoje fiz três avaliações, estava com tudo atrasado e não sei se você se lembra, mas pedi para adiantar as matérias, então agora tenho muito mais coisas para entregar.

— Não lembrava.

— Apenas estava ocupada, não estava afastando vocês — ela ameaça a pegar a comida, mas eu corro segurar a sua mão.

— Está horrível, não come.

— Mas o cheiro e a aparência estão ótimos.

— A ideia é exatamente essa, mas o gosto é sempre péssimo — ela me olha sem entender e me encolho na cadeira — Meu pai sempre fazia essa gororoba para a minha mãe, ela comia e passava a próxima semana brigando com ele, mas pelo menos voltava a falar com ele.

Roz não se aguenta e começa a gargalhar subindo no meu colo, acabei sorrindo enquanto abraço o seu corpo, ali era o meu ponto de paz e novamente aquela sensação de querer ter uma família me inundou.

Após comer o risoto, pois joguei tudo fora, afinal a Roz queria experimentar de qualquer jeito, ela subiu novamente para terminar as atividades dela, fui para o escritório mais tranquilo sabendo que estamos bem.

Também tinha muitas coisas atrasadas e fui colocar em ordem e acabei me perdendo na hora, quando percebi já era mais de onze horas. Subi até a biblioteca procura de Roz e a encontro dormindo sobre o computador.

A pego com todo carinho e a levo para a cama, mas ela me puxa resmungando sonolenta para ficar junto com ela, começo a fazer um carinho no seu rosto e no seu cabelo na tentativa de despertar ela.

Preciso contar sobre esse sentimento de família com ela ou vou acabar explodindo, mas quando solto a frase "Precisamos conversar" ela abre os olhos de uma só vez pulando da cama.

— Roz...

— Não precisa falar mais nada, Lykos, você acha mesmo que nãos senti? — ela já tinha lágrimas nos olhos e eu nem sei o que está acontecendo.

— Então você sentiu? — minha voz era fraca e estava com vergonha de ter que admitir tudo o que já fiz para impedir e até mesmo posso falhar em gerar uma família.

— Claro que senti e sinceramente Lykos — ela começa a juntar as roupas dela e coloca na minha mala que sempre uso — Merda, como eu pude pensar que isso poderia dar certo? Você nunca ficaria comigo, eu fui muito burra.

— Como é?

— Não precisa mentir para mim, Lykos muito menos me expulsar...

— Roz, apenas me escuta por favor — a seguro forçando me olhar nos olhos, mas quando nossos olhos se encontraram eu consegui sentir toda a dor que ela estava segurando para si.

Um Alfa, Um SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora