White Hole Theory.

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Não é uma história para entender com lógica. A interpretação é livre.
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A mão se estendeu para frente, atravessando aquela parede de partículas de memória. Parecia confuso. Era um caos, tudo ao seu redor tremia. Karina tentou se esticar mais, porém a pressão a jogava para trás, ela precisava segurar aquela mão. Não me deixe. Não me deixe. Não me jogue para trás. A luva da roupa espacial se desintegrou quando Karina forçou sua mão a atravessar a parede e finalmente, seus dedos machucados tocaram em Winter.


[...]

Uma escolha que você faz agora, faz uma nova realidade surgir. Uma realidade onde você escolheu a outra opção, talvez a escolha certa e você foi feliz, até que teve que escolher outra coisa e mais uma realidade surgiu, continuando assim, até que suas chances de existir acabassem e seus traços por todas as realidades, sumissem.


Em todas as realidades possíveis, Karina perdeu Winter. Acidentes, términos não amigáveis, falta de coragem, separações que não estavam sob seu controle... Karina cansou disso em todas as realidades.


Essa era a sua última chance, mesmo que Karina não soubesse totalmente. Depois de atravessar a parede de memórias, a astronauta tinha seus olhos fechados, os lábios tremendo, seu corpo flutuando em um horizonte escuro, tristemente vazio. Algumas partículas de memória pousavam sobre a roupa espacial, invadindo o material reforçado até atravessar o tecido de suas roupas, chegando em sua pele. Karina mexeu seus dedos e o cenário ao seu redor começou a mudar. Como se ela estivesse na tela de um quadro, e o traço do ambiente escuro começasse a se desintegrar como se estivesse em chamas.


Finalmente, a astronauta estava em um quarto. Estava amanhecendo e a luz tímida do sol nascente entrava pela janela com a cortina aberta. No peito de Karina uma luz se apagou e ela abriu os olhos. Onde estou? Está escuro... Karina sentia falta de algo e por algum motivo, se virou para o lado, percebendo rapidamente que vestia uma camisa de mangas compridas de uma cor escura, parecia sentir frio.


O nome da mulher do seu lado era Winter. Ruiva, pequena e tão linda enquanto adormecida. Ela estava dormindo profundamente, usando uma simples camisa branca enquanto o cobertor quente cobria de sua cintura para baixo. Karina se aproximou e sequer pensou no porquê abraçou Winter, sentindo exatamente quando ela se moveu sonolenta para abraçar seu corpo também, murmurando seu nome baixinho. A astronauta sorriu, meio boba.


Seria essa uma realidade onde Winter era feliz mesmo estando com ela? A mulher conseguiu realizar seus sonhos nessa realidade? Karina apertou a Winter daquela realidade em seus braços, sabendo que ela não era sua e que a verdadeira Karina estava talvez trabalhando ou fazendo qualquer coisa que certamente machucaria Winter. Pelo menos uma vez... Deveria ser algo bom para si mesma e para Winter. Pelo menos tentaria confortar ela em alguma realidade.


ㅡ Anjo? Pequeno anjo... Acorde. ㅡ A astronauta chamou, perto do ouvido dela. Winter se mexeu em seus braços e franziu a testa, perdida em seu sono. ㅡ Winter?


ㅡ Mmmh... ㅡ Winter murmurou, preguiçosa. Presa nos braços de Karina, não tinha muito pra onde fugir, então abriu os olhos e aquela cor tão conhecida por Karina encheu as íris brilhantes.

In all realities, I lost you - winrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora