06 || can i be guilty as sin?

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"Eu fico me lembrando de coisas que nunca fizemos (...). Como posso ser culpada como o pecado, sendo que nunca toquei a pele dele?"

 Como posso ser culpada como o pecado, sendo que nunca toquei a pele dele?"

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DESTA VEZ, FUI a primeira a sair.

Foi estranho, mas foi real.

Max Verstappen viu o meu lado mais vulnerável.

E tratou dele como se tudo fosse de seu respeito.

Mas não era. E ele fez. Mesmo assim.

É por isso que acordei em meio à Espanha com a luz da aurora no horizonte, e agradeci internamente ao fato de que ele encontrara uma reserva a mais no mesmo hotel, porque não precisei assistir à qualquer possível reação sua antes que eu buscasse um táxi até o meu hotel original, buscasse minhas malas, cancelasse minha estadia ali e embarcasse em um novo avião rumo a Mônaco outra vez – e eu ainda vestia um conjunto moletom com seu nome e seu cheiro como se fosse meu.

Verstappen tentou me ligar assim que passei pela porta da frente de sua casa em Monte-Carlo, carregando uma mala com roupas amassadas e com um vazio e dúvida interior que eu empurrei comigo até lá. Eu recusei suas ligações, e ele não tentou me telefonar outra vez. A verdade é que eu não sabia, ou não queria, interpretar tudo o que aconteceu em uma única noite caótica em Madrid, mas a certeza que ainda tinha era a de nunca mais voltaria à Espanha. Não de novo.

Passei as duas semanas seguintes depois disso buscando advogados na Itália, França e em Mônaco em busca de alguma resposta justa em relação à repartição da empresa feita por meu pai entre meus irmãos e a minha óbvia exclusão do processo, e tudo o que ganhei foram noites e mais noites acordada até altas horas apenas para ouvi-los recusar o caso, todas as vezes. E eu entendia isso, de certa forma: não se tratava de um processo qualquer, e não é comum que uma pessoa pequena como eu tente processar alguém grande como Francesco London – não era comum que uma filha tentasse processar seu próprio pai, em qualquer medida.

Max Verstappen foi frio como o gelo. Ainda me lembro perfeitamente, mesmo em meio à névoa da embriaguez, o modo como ele tratou o meu pai durante aquele jantar ridículo, e de como ele foi gélido em suas falas e forma de agir – e de como ele foi tão carinhoso e quente comigo. Eu facilmente poderia dizer, caso nos conhecêssemos mais, que ele entendia exatamente como eu me sentia em relação a tudo àquilo – entendia o quão eu me sentia como uma ferida aberta por estar ali; entendia o quão aquilo doía, e entendia como estar ali, para mim, era algo que eu jamais poderia agradecê-lo o suficiente. E isso me tocou de um jeito que jamais imaginei ser possível; de uma maneira que me forçou a buscar um avião e nos colocar a milhares de quilômetros de distância para que eu pensasse um pouco sobre tudo.

E mesmo que eu tenha passado horas e mais horas em sua – ou nossa – biblioteca, não consegui chegar a conclusão alguma, e isso me frustrou tanto quanto a questão mal-resolvida entre meu pai e eu. Os dias se passaram em completo silêncio, e o cantar dos pássaros pelos terrenos gramados de Verstappen foi o único som que ouvi enquanto, em momentos de abstração, rabisquei alguns modelos de roupas os quais surgiam aleatoriamente em minha mente nesse meio tempo. E não ter conclusão certa sobre nenhuma área da minha vida além da profissional – minha vida familiar, e minha vida com Max Verstappen – me incomodava mais do que pensei ser possível.

RUINED KINGDOM || Max VerstappenOnde histórias criam vida. Descubra agora