Capítulo Vinte e Um

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Yunah estava no hospital quando resolveu ligar para seu amigo Taehyung e perguntar sobre atualizações no caso.

Desde a última consulta com Yoongi, a qual finalizou com o paciente simplesmente tentando se acalmar, sorrindo fraco e deixando a sala de cabeça baixa, a médica sentia seu peito despedaçado.

Ouvir da boca do paciente sobre a sua perspectiva, reforçava ainda mais a sensação de que algo não se encaixava. E, como não havia tido retorno do amigo, resolveu ligar para passar também essas novas informações.

Entretanto, estranhou o tom seco do amigo pelo telefone.
Não houve apelidos, novidades ou qualquer informação por parte dele. Apenas o relato da percepção dela com relação à última sessão.
Após finalizar a ligação que não durou três minutos, passou a pensar novamente que, talvez, não tinha tomado a melhor decisão indo atrás do amigo que, no fim das contas, era a 'polícia' que os advogados fizeram o paciente se livrar anos antes.

Os dias foram passando e Yunah fez o possível para não estar próxima de Yoongi.
Sua cabeça ainda estava extremamente confusa com relação ao que tinham tido e, sobretudo, estava assustada com o caminho que o caso dele podia estar tomando.
Não queria e nem podia tomar qualquer tipo de partido naquele momento. Precisava distanciar o trabalho dos seus sentimentos.
Sentimentos esses, que temia sequer pensar na possibilidade de existir.

Porém, a agonia pela falta de retorno de Taehyung, cada dia crescia mais.
Novamente, não tinha atualizações e, dessa vez, não quis incomodá-lo tão rápido. Então, esperou mais alguns dias para tentar contato novamente.

Contudo, ao tentar contatá-lo no aplicativo de conversas, notou a ausência de sua foto.
Enviou um 'olá' e constatou que não havia sido entregue.
Desconfiada, mas ainda sem querer acreditar, ligou.

"Este número de telefone está indisponível."

Ligou, novamente, e "Este número de telefone está indisponível."

Na terceira tentativa, entendeu: Estava bloqueada.

Yunah tentava não pensar no pior, se esforçava para não deixar a ansiedade dominar. Mas era quase impossível.
O fato de ter sido bloqueada, não poderia significar qualquer possibilidade positiva.

Mas já não tinha mais saídas.
Tudo o que havia feito até ali, já estava feito. Não adiantava mais chorar pelo leite derramado.

Então se escondeu. Realizava as consultas e ia para casa, sem nem almoçar, para não correr o risco de esbarrar com seu paciente que não tirava da cabeça.

Sabia que no dia seguinte, não teria como correr.
Teria uma sessão com ele logo após o almoço e, sem mais possibilidades, teria que encará-lo.

Yunah se sentia mal por ter se escondido logo após tudo o que relatou para ela.
Ele havia perguntado se ela sairia correndo, caso falasse, e, apesar de ter negado, era exatamente isso que tinha feito.
Não foi proposital, mas diante das atuais circunstâncias, ela já não sabia mais o que fazer.
Não tinha mais controle sobre suas ações quando se tratava de Min Yoongi.
Todo o profissionalismo que havia prometido ter ao iniciar no hospital, escorreu por seus dedos a partir do momento que o homem mostrou o desejo que sentia por ela.

E ela também o desejava.
Não tinha como esconder.

Mas se era apenas desejo, porque seu coração ainda batia acelerado ao se lembrar dos momentos que tiveram no quarto afastado dali? Porque parecia se lembrar que cada toque percorrido por seu corpo, numa leveza que era completamente oposta ao olhar faminto que ele tinha? E porque sua cabeça o trazia à tona a cada minuto?

Já não saberia mais agir com o moreno.
Mal queria pensar em como seria a consulta do dia seguinte.
Ao mesmo tempo, no meio dos seus pensamentos embaralhados, sabia que precisaria se preparar para ter qualquer tipo de conversa com ele.

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