- isiiiis! Já está na hora!Revirei os olhos mais uma vez ao ouvir os gritos vindo da cozinha, minha mãe não suportava atrasos.
- Já estou aqui!
Falei chegando na cozinha, olhei para a mesa e como sempre não havia nada.
- Onde está o papai?
Perguntei colocando um pouco de café numa xícara que nem tinha orelha.
- Não amanheceu bem.. vou levar o remédio pra ele.
- Pode deixar que eu levo, vou me despedir dele..
Peguei os comprimidos de sua mão e caminhei até o quarto ao lado, nossa casa tinha apenas quatro cômodos, a mini cozinha ficava dentro da sala e o resto eram os quartos e o banheiro.
- Papai?
- Oi, minha princesa..
Eu ri de canto, me doía tanto vê-lo naquela cama.
- Bom dia meu lindo.. trouxe seus comprimidos..
Ele tomou e voltou a se agasalhar, naquela época do ano fazia um friozinho pela manhã.
- Você tem que ir trabalhar hoje?
Ele perguntou, mesmo ele sabendo que eu tinha que ir, ele ainda tinha esperança de eu dizer que não.
- Vou ... mas não demoro. Volto rapidinho pra ficar aqui com você!
Meu pai era bem mais velho que minha mãe, depois que ele adoeceu a relação deles não está uma das melhores. Ela não aceita que ele esteja dependente dela.. eu fazia de tudo para que ele não se sentisse desconfortável. Mas quando eu saia de casa, eles ficavam sozinho e eu não podia controlar aquilo.
- Eu sinto muito.. vou ficar bom para você voltar para a faculdade..
- Pai.. já conversamos sobre isso.. se cuide.. depois eu volto para os estudos!
Eu falei com lágrimas nos olhos, mas eu não estava mentindo. Eu só iria voltar a estudar quando eu garantisse que ele estivesse bem.
- Já deu minha hora, faça todas as refeições, viu? Eu volto antes do anoitecer!
Beijei sua bochecha e saí de casa. Eu não trabalhava junto longe, a cidade que morávamos era composta por trabalhadores e não éramos diferentes. Lá movimentava uma mineradora, tudo girava em torno dela. Eu, por exemplo, trabalhava num restaurante bem perto de lá.
- Caiu da cama Isis?
Perguntou Geovane, o dono. Ele era um folgado, eu aguentava sapos dele só para levar dinheiro para casa. Caso contrário eu não olharia nem para a sua cara.
- Bom dia!
O cumprimentei com um sorriso forçado e fui colocar o uniforme. Era apenas uma camisa com o nome do local e touca no cabelo.
- Oiii.. menina tá um bafafá lá na feira!
- Oii!
Era Ingrid, ela era minha colega. Juntas éramos atendentes.
- O que está acontecendo na feira?
- O dono da mineradora está aí! Marcou presença lá no forró do beco!
- Pensei que era outra coisa..
- Como assim? Você já viu gente rica frequentar forró? E ainda mais do beco? Ele deve ser bem humilde!
- Se toca Ingrid, se fosse a cidade não seria um buraco..
Ela se calou, talvez eu estivesse de mau humor muito cedo.
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Apaixonada pelo Comendador
Hayran KurguJosé Alfredo, ganancioso, tem uma mina em Roraima. Acostumado a ter tudo com facilidade, todos ao seus pés, se encontra desafiado quando seu filho mais velho deseja assumir todos os negócios sem ao menos esperar a morte do pai. Isis, jovem, batalhad...