You say you'll be down in five

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Pov. Carina DeLuca


– Não vou dizer que aposto que ela é gostosa, mas também não vou negar.

– Arizona – eu disse, cobrindo o rosto horrorizada. Pelo amor de Deus, eram sete e meia da manhã de uma quinta-feira. Ela não podia estar bêbada tão cedo assim. Tentei jogar um sorriso de desculpas para o homem de olhos arregalados na nossa frente e fiquei desejando poder acelerar o elevador com o poder da minha mente. Quando olhei feio para ela, Arizona fez um movimento com os lábios dizendo "o que foi?".

– Igual a uma dançarina de boate em Las Vegas.

Fui salva de precisar me desculpar de novo quando paramos no terceiro andar e as portas se abriram.

– Você percebeu que tinha mais gente no elevador, não é? – eu disse num tom bravo, seguindo Arizona pelo corredor e virando em outro. Paramos na frente de uma porta com o nome Owen Hunt gravado no vidro fosco.

Ela ergueu os olhos de sua bolsa enorme, onde procurava as chaves, enquanto os braceletes no seu pulso tilintavam como sininhos que balançam com o vento. Sua bolsa tinha uma forte cor amarela e era cravejada com metal brilhante.

Debaixo da luz fluorescente, seu longo cabelo loiro parecia feito de neon. Meu cabelo era castanho escuro e eu carregava uma bolsa bege: sentia-me um biscoito de caramelo ao lado dela.

– Tinha mais gente?

– Sim! Aquele cara do financeiro estava bem na sua frente. Tenho que ir lá mais tarde, e graças a você vou sofrer um momento constrangedor quando olharmos um para o outro e lembrarmos-nos de você falando sobre ela ser gostosa.

– Eu também disse "igual a uma dançarina de boate". – Ela se sentiu momentaneamente culpada antes de voltar a atenção para a bolsa. – Os caras do financeiro precisam relaxar um pouco, de qualquer maneira. – Então, com um gesto dramático mostrando o corredor escuro à nossa frente, ela disse: – Agora estamos sozinhas o bastante pra você? – Fiz uma reverência irônica para Arizona.

– Por favor. Você primeiro. – Ela assentiu, juntando as sobrancelhas como se estivesse se concentrando.

– Quer dizer, logicamente ela é muito gostosa.

– Logicamente – eu repeti, tentando segurar um sorriso.

Meu coração batia loucamente como sempre fazia quando conversávamos sobre Maya Bishop. Especular sobre o quanto seu corpo seria a minha ruína. Jogando o braço no ar num movimento vitorioso, Arizona sacudiu as chaves do escritório antes de enfiar a maior delas na fechadura.

– Carina, você já reparou nos dedos dela? Sem falar que ela tem uns três metros de altura.

– Dois metros – eu corrigi discretamente. – Mas o tamanho da mão não quer dizer nada. – Fechamos a porta atrás de nós e acendemos as luzes do escritório.

Continuei seguindo a Arizona pelo corredor estreito até uma sala cheia de escrivaninhas, num canto menor e menos opulento do terceiro andar. Apesar do aperto, nossa pequena seção do escritório era pelo menos confortável, uma sorte, considerando que eu passava mais tempo ali, trabalhando, do que no meu pequeno apartamento alugado em South Sarah.

A Owen-Hunt Consultoria podia ser uma das maiores e mais bem sucedidas empresas de engenharia da Europa, mas oferecia apenas poucas vagas de estágio.

Logo depois de me formar na UC San Diego, fiquei extremamente animada quando consegui uma vaga na empresa. As horas eram longas e o pagamento acabou com meu vício de comprar sapatos, mas o sacrifício já estava valendo a pena: depois de completar os primeiros noventa dias do estágio, uma placa de metal substituiu a fita crepe com o nome Carina DeLuca, e me mudaram – daquilo que não passava de um armário no segundo andar para um dos escritórios adjuntos do terceiro andar.

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