Cupid

He's the only one I call when I'm feeling reckless

É meu aniversário. E meu grande amor vai passar comigo escondido. 

Deixe-me explicar: Meu futuro namorado namora outra pessoa. Eu literalmente fui trocado por uma mulher. E que mulher, até eu me trocava por ela. Mas o que me dói é que eu recebi a noticia que Kaeya Alberich estava namorando exatamente no dia em que fui fazer meus quinze anos.

Ele simplesmente apareceu na minha festa com a garota dele, e sorrindo, apresentava a todos sua nova namorada, que sorria tímida. Era para ser eu ali, a pessoa que você apresentava como novo namorado. Mas tudo bem, eu relevei, dei meus parabéns ao meu melhor amigo.

Que ironia, agora ele me odeia.

Quer dizer, odiar é uma palavra muito forte, até por que ele babava em mim a maior parte do tempo quando estávamos a sós. Literalmente. E eu não me arrependia de ser amante. Problema era de Rosaria.

Agora mesmo, eu me arrumava para ir na casa dele, como combinado na madrugada de hoje. Ele provavelmente estava bêbado, brigado com a mulher e querendo desestressar quando me convidou para passar a noite num motel hoje.

Então óbvio que eu neguei. Mas se ele me convidar de novo, não vou resistir muito não.

Eu não precisava de muito para me sentir bonito com ele. E é por isso que eu tento não me arrumar tanto. As mensagens começavam a chegar em meu celular:

Kaeya <3

Tu vai vir ou não porra?

18:38

Tá demorando para caralho.

18:39

Olha aqui, eu tô quase desistindo,

então deixa de ser idiota e vem

logo.

18:39

Eu apenas visualizo. Saio de casa, indo andando para a dele.

Quando chego na casa dele, eu já chego entrando, cumprimentando a mãe dele na cozinha como geralmente era. A mãe dele acreditava fielmente que o filho era hétero, e namorava uma garota, e realmente gostava dessa garota. 

Coitada.

Mas eu gosto dela mesmo assim.

Eu me despeço dela no momento em que Kaeya desce irritado como uma criança pro andar de baixo, e me puxa lá para cima. Ele me joga na cama, tranca a porta, e eu espero sentado na cama. Espero ele me beijar. 

—Quer tanto me beijar?

—Talvez...

—Então vem — Ele sorri, estendendo os braços, me chamando. Eu me levanto, e vou calmamente até ele, mas quando vou o beijar, ele me joga na cama de novo — Hm... hoje não. Você demorou demais.

—Não, não faz isso Kaeya, por favor.

Ele faz um biquinho:

—Que pena né? Da próxima vez não se atrasa... — olha no relógio — uma hora e doze minutos — deita do meu lado na cama.

—Tanto faz... — deito no ombro dele.

—Vai querer ver o que, amor?

—Luca.

—De novo? Não, escolhe outro.

—Eu vou embora. Tô sem meus beijos e meu filme favorito, não tem por que ficar aqui.

—Sério?

—Sim, é sério!

—Tem a minha companhia, não é o suficiente? — Ele me olha, enquanto fazia cafuné nos meus cabelos encaracolados loiros.

—Não, não é.

—Deixa de ser chato, insuportável, mesquinho — corto a fala dele.

—Você fica lindo me xingando.

—Vai se foder? — Ele fala, me empurrando para o lado. 

Era engraçado como eu poderia me soltar ao lado dele. Parecia que eu perdia toda a vergonha simplesmente de estar sozinho com ele. 

Era tão bom estar ao lado de Kaeya, mesmo que uma hora ou outro algo vá atrapalhar. Igual agora: batidas na porta.

—Kae? Amor? Sua mãe disse que você estaria aqui em cima. Posso entrar?

Nós dois nos olhamos e eu corro pra janela, pensando em me tacar dali, enquanto ele me olha desesperado. Não seria má ideia, mas eu quebraria um membro. Tá, eu estou exagerando, não era muito alto. Mas mesmo assim! Era uma queda consideravelmente alta. Ele me aponta pro armário e eu olho para ele com uma cara de quem não acreditava nisso.

Num sussurro, falo:

—Você vai mesmo me fazer voltar pro armário?

—Vai logo! — Ele respira fundo — Só um pouco amor! Já vai!

E eu vou pro armário rastejando, me enfiando lá, e eu só vejo-o tirando a camiseta para fingir estar pondo.

Gostoso...

Ele fecha o armário, e eu consigo ver através de uma fresta o que acontecia fora. Ele vai pra porta, e abre para a namoradinha dele entrar. E digamos que a bendita era bonita. E isso me faz subir um ódio pela espinha. Por que era ela, e não eu?