Sob aquele céu azul, decorado por um mar de nuvens flutuantes, eu me encontrava imerso em meus pensamentos, sentado naquele banco de sempre, aguardando a chegada de Suguru. Contudo, percebera que, ultimamente, ele se mostrava diferente, distante. O sorriso que antes era sua marca registrada, irradiando luz e energia por onde passava, tornara-se um evento raro. Suas palavras, antes repletas de entusiasmo e calor, agora eram curtas, frias, como se cada sílaba pesasse antes de ser dita.
Com um suspiro profundo, ergui-me do banco, sentindo o sol da tarde aquecer minha pele enquanto uma brisa serena, carregando consigo o aroma do mar, me envolvia. Aquele deveria ser o momento de partir, contudo, uma faísca de esperança ainda ardendo em meu coração me mantinha ali, preso naquele instante, na expectativa de algo mais.
Então, foi nesse momento de impasse que avistei Suguru aproximando-se. Um sorriso involuntário aflorou em meus lábios, dissipando as sombras da tristeza que, até então, acompanhavam-me. Ainda que estivesse fisicamente mais distante do que o usufruído, era inconfundivelmente ele. Sua presença, marcada por um jeito único de mover-se e por aquele olhar penetrante, sempre me deixava sem palavras, embora, naquele dia, seu semblante carregasse uma melancolia que não lhe era característica.
A aproximação de Suguru fez meu coração acelerar, reacendendo a chama da esperança que por pouco não se extinguira. Ele estava ali, diante de mim, e embora estivesse visivelmente abalado, eu sabia que estava pronto para ouvir tudo o que ele tinha a dizer. Seu olhar atravessou-me, denso de tristeza, enquanto seus passos hesitantes falavam mais sobre o fardo que parecia carregar do que quaisquer palavras poderiam expressar.
"Oi, Satoru," ele disse, sua voz carregada de emoção contida. A simples menção do meu nome em sua voz trouxe uma onda de sentimentos conflitantes, ressoando profundamente dentro de mim.
"Suguru, por que essa distância toda ultimamente?", perguntei, não conseguindo esconder minha preocupação. Aquele não era o Suguru que eu conhecia e a incerteza sobre os motivos de sua mudança torturava-me.
Quando nossos olhos finalmente se encontraram, pude ver a tormenta que se escondia por detrás de sua expressão serena. "Eu... Eu preciso te contar algo, Satoru. Algo que, tenho receio, poderá mudar tudo entre nós," disse ele, um temor palpável em sua voz.
Meu coração perdeu uma batida ao ouvir suas palavras prenunciadas com tanta hesitação. O que poderia ser tão grave a ponto de agitar as bases da nossa sólida amizade? A curiosidade misturada ao receio tornou o ar ao meu redor mais pesado, impregnado de antecipação.
Ao sentar-se ao meu lado, Suguru passou as mãos pelo cabelo, demonstrando um nervosismo atípico. Seu olhar desviava do meu, enquanto lutava para encontrar as palavras certas. Depois de um prolongado e torturante silêncio, ele, enfim, começou a desabafar.
"Satoru, eu... Minhas emoções têm estado tumultuadas ultimamente. Tenho me debatido internamente, tentando inutilmente reprimir o que sinto, mas cheguei ao meu limite. Descobri que... Que estou apaixonado por ti," ele confessou, vulnerável.
As palavras de Suguru reverberaram no espaço entre nós, congelando o tempo. Suguru, meu melhor amigo, aquele com quem compartilhava tudo, agora revelava estar apaixonado por mim. Sua confissão jogava luz sobre os recantos obscuros de sua recente distância, revelando uma batalha interna contra seus próprios sentimentos.
Emudeci por um momento, permitindo que a sinceridade de suas palavras penetrasse a barreira do choque inicial. Ao me voltar para encará-lo, vi que seus olhos eram um emaranhado de medo e esperança, dependendo inteiramente da minha resposta.
"Suguru, eu..." A minha voz falhou, perdida em meio à turbulência de emoções que a revelação despertara. Nunca tinha me permitido ver Suguru sob essa luz, mas agora, diante da sinceridade crua e indomável de seus sentimentos, senti as certezas que tinha sobre nós dois sendo gentilmente desafiadas.
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Meu Porto Seguro • ᝰ'SatoSugu゛
Fanfiction﹆ᝰ Concluindo ₊ A intensidade de sua fala, carregada de emoção pura, fez com que ele me apertasse ainda mais forte em seus braços, buscando no meu calor e na segurança que eu lhe proporcionava um conforto inigualável. Nos minutos que se seguiram, pe...