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Inexplicável a sensação de sentir olhares de julgamento por todo canto, escutar pessoas cochichando enquanto passa por elas é algo tão desconfortável. Meu dia mal havia começado e já torcia ansiosamente pelo momento em que ele fosse acabar. De fato, meu primeiro dia de aula não está sendo tão emocionante como imaginei que seria; ele está sendo péssimo, para falar a verdade. Se eu pudesse voltar no tempo, voltaria para o momento em que nunca teria cogitado estudar nessa escola.

Desde o momento em que cheguei nessa escola, a única coisa que recebi foram olhares tortos e pessoas falando coisas que prefiro nem imaginar o que seja. Ninguém teve a capacidade de me dar boas-vindas ou perguntar se precisava de algo. Era óbvio que precisava de ajuda, eu estava perdida. A escola era enorme e aparentemente os alunos não eram nada receptivos. Fazia minutos que estava andando em círculos procurando a sala do Diretor Kim até que finalmente, depois de muita luta, eu achei.

Ao contrário dos alunos, o diretor me tratou extremamente bem e até café com bolachas me ofereceu. Claramente, não pude recusar. O diretor Kim me apresentou ao meu armário e me levou até minha sala de aula, onde me mandaram esperar pelo professor para ser apresentada à minha nova turma. Me questiono se eles vão ter o mínimo de decência para me tratar como alguém normal. Até o momento, fui tratada como estranha, e não que não seja, pois eu sou muito, mas parecia que eles estavam vendo um morto andar como se estivesse vivo. Me sentia uma assombração. Escutei muitas pessoas falar o nome de uma tal Lilly pelos corredores e fico levemente curiosa para saber quem ela é. Aparentemente, é uma das "famosinhas" dessa escola. Espero não arrumar encrenca com ela, pois as populares são cruéis quando querem.

Esperei cerca de três minutos até a porta se abrir e trombar com um rapaz de cabelos grisalhos que aparentava ter cerca de 50 anos. Chuto que ele seja meu professor de química, Son Joonho. Faço reverência ao mais velho que sorri gentilmente. Mesmo que essa não seja minha cultura, gosto de respeitar e admiro a cultura deles. Como agora sou moradora desse país, o mínimo que posso ter é respeito por eles.

— Olá! Suponho que você seja a senhora Mia Belmont, correto? — disse o professor em um tom tão gentil que quase pedi um abraço para ele por ser um dos primeiros a me tratar bem desde que pisei os pés nessa escola.

— Sim, senhor Son. Sou eu mesma, um prazer conhecê-lo.

— Digo o mesmo! Confesso que nos últimos dias você deu o que falar nessa escola. — O mesmo solta um riso nasalado, ajeitando sua postura.

— Espero que tenham falado bem sobre mim. — tento ser o mais amigável possível.

— Bom, o papo está legal, mas tenho que começar minha aula. Peço que me acompanhe para te apresentar à turma. — Apenas concordo com a cabeça e o professor Son dá espaço para mim passar pela porta e fico esperando ele fechá-la para segui-lo até o centro da sala.

Confesso que gosto de ser o centro das atenções, mas ver todos me olhando com cara de espanto me deixa confusa. Será que estou fedida? Ou posso estar suja também. Começo a ter vários pensamentos dos quais só sou tirada ao escutar a voz de Son Joonho ao meu lado.

— Primeiramente, bom dia alunos. Espero que tenham tido um final de semana bem alegre. Gostaria que me dessem atenção nesse momento! Como vocês bem sabem, uma aluna nova chegou na escola e ela será da turma de vocês! Peço que sejam receptivos e a tratem bem! — todos da sala ficaram calados escutando atentamente as palavras do professor. Algo que me deixou impressionada, na minha antiga escola nunca os alunos iriam respeitar o professor da mesma forma como respeitam o senhor Son. — Vocês têm algo a dizer?

Antes que alguém pudesse responder, o professor, ou talvez nem respondê-lo, a porta se abre rapidamente e, em seguida, um garoto de cabelos escuros e roupas pretas adentra a sala de aula, fazendo com que a atenção de todos seja levada ao aluno que guardava seus fones de ouvido, olhando para o chão. Era nítido que ele estava atrapalhado, no nível que nem se importava com os olhares de todos presos a ele.

— Me desculpa pelo atraso, professor Son. Eu acabei per... — O garoto não finaliza sua frase, pois seus olhos encontram com os meus e ele fica paralisado, me olhando com cara de choque. — LILLY? — Ele fala em um tom de voz mais elevado e deixando suas coisas caírem no chão, me encarando boquiaberto.

— Pensei que estivesse maluco. E só eu havia percebido isso. — Um garoto sentado no fundo da sala fala para o menino que tinha acabado de chegar.

Confesso que não estou entendendo nada e nem estou me dando ao luxo de tentar entender. Será que essa Lilly de quem tanto falam sou eu? Ou é apenas uma pegadinha que fazem com os novatos? Acho que se fosse apenas uma brincadeira, não seria toda a escola participando, ou será que seria?

— Como assim, Lilly? — Senhor Son olhava confuso para os dois alunos e pelo visto estava mais confuso do que eu. — Seu nome não é Mia? — O mesmo me pergunta e eu concordo com a cabeça.

— Mia? Impossível, você é a Lilly! — Dessa vez uma garota acaba por falar.

— Impossível ser ela, isso só pode ser uma brincadeira.

— Uma brincadeira bem real só se for, né Felix? — O garoto da porta o responde.

— Alguém pode me explicar o que está acontecendo? Desde a hora que cheguei vocês só sabem ficar cochichando, falando Lilly pra cá, Lilly pra lá e agora de novo. Vocês não são nada receptivos, não se deram ao trabalho de me tratar bem ou perguntar se precisava de algo. — Falei isso de forma tão espontânea que todos ficaram calados e sem saber o que responder.

Confesso que me arrependi um pouco do que disse, mas infelizmente não consigo guardar para mim algo que estava me chateando ou me deixando incomodada.

— Você tem certeza que não é a Lilly? — Escuto novamente o garoto de cabelos loiros e voz extremamente grave falar.

Já não está claro que não sou eu? — Penso. — Tenho! — Respondo curta e grossa.

O tal Felix apenas concorda com sua cabeça e volta a mexer em seu smartphone como se não desse importância.

— Se seu nome realmente é Mia, chega dessa conversa de Mia ou Lilly. Entenderam? Pelo que ela disse, vocês não foram gentis com ela. Não é isso que nossa escola ensina, além do ensino básico também ensinamos como devemos tratar as pessoas ao nosso redor. Espero que isso não se repita! — Sr. Son fala de forma séria, me deixando levemente assustada. — Esse assunto já está encerrado e resolvido. Não quero ninguém aqui tratando a Mia mal e a chamando de Lilly. Agora, Jisung, vá se sentar e espero que esse seu atraso não se repita. Felix, largue seu celular agora. Já conversamos sobre isso e nessas aulas qualquer aparelho tecnológico é proibido. Essa foi a última vez que você será avisado. E Mia, por favor, sente-se atrás do Yuma, o garoto de cabelos vermelhos. — Todos concordam e lentamente peguei meu material e me sentei atrás do garoto no qual o professor pediu que eu me sentasse. — Agora que tudo está resolvido, irei começar minha aula.

E assim foi, por longos dois períodos. Acho uma tortura psicológica ter dois períodos de Química seguidos; estava pensando seriamente em colocar um fone de ouvido com a música mais alta que tenho na minha playlist ou me jogar da janela. E se as janelas não tivessem grades, podem ter certeza que teria escolhido a segunda opção.

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⏰ Última atualização: Aug 04 ⏰

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- :: Você Voltou - Lee Felix; Stray Kids. Onde histórias criam vida. Descubra agora