Primeiro raio de sol - Uma história Narusasu

Capítulo 1

"Correrá em direção ao sol
Ou à escuridão
Você está pronto para lutar
Para buscar sempre a liberdade
E dar sempre um passo adiante, ser sempre verdadeiro
Prometa que amanhã contará a todos sobre mim
E mesmo tendo só vinte anos, terei que correr
VENT'ANNI, Måneskin"

A luz do sol batendo na minha única janela é a primeira coisa que vejo assim que abro os olhos. Melancolicamente me levanto da cama para cumprir a mesma rotina de ontem. E de ante-ontem.
E de antes de antes de ontem. E da semana passada.

Varrer, limpar, lavar, ler, desenhar e entediar.

Nos meus 17-quase-18 anos de vida, eu nunca sai desta torre. Não sei o que é sentir a grama sob os meus pés, a textura de uma árvore, banhar na chuva ou rolar na terra. Tudo que eu sei aprendi em livros que a mamãe traz para mim sempre que chega de viagem.

Ela diz que não posso sair desta torre porque pessoas más lá fora querem me usar. Não que eu me importe em morrer, não vejo sentido em continuar aqui em cima, não tenho tantos planos para o futuro.

Já até tentei sair uma vez, mas sou covarde demais para isso, tenho medo do que me espera lá fora sozinho.

Tenho como companhia apenas a minha gatinha chamada Céu. O único contato para que eu não enlouqueça, já que a mamãe aparece poucas vezes na semana e logo vai embora.

O motivo para eu não poder sair desta torre são meus cabelos brancos. Ele cura e renova, traz vida e esperança. Pelo menos é o que ela diz. Já tentaram cortá-los uma vez, mas ele se transformou em preto e perdeu o seu poder. Então a mamãe disse que muitos homens tentaram vir atrás de mim para usar os meus cabelos e a única forma de me salvar foi me prendendo aqui.

Nesse meio tempo, existe apenas uma coisa que eu almejo. Em todos os meus aniversários luzes flutuantes atravessam a minha janelinha pelo horizonte. Já pensei ser estrelas e mapeei todo o céu, mas se os meus cálculos estiverem certos, elas não são astros.  Já li em milhares de livros, fiz um milhão de questionamentos, mas nunca cheguei a uma resposta concreta.

Isso me leva a acreditar que elas são para mim.

A última vez que tentei conversar com a mamãe sobre isso ela riu de mim e me disse que sou tolo. Como pode eu? Um ninguém ter luzes brilhantes em homenagem ao seu aniversário todo ano?

Mas alguém com cabelos mágicos não pode ser assim tão insignificantes.

E chegando a esta conclusão, tenho agora um homem envolto em cordas sendo inspecionado por uma Céu muito curiosa.

Não sei como ele entrou aqui, só tive tempo de pegar uma frigideira que estava perto de mim e batê-la em sua cabeça. Vi em algum livro que isso poderia desacordar alguém por poucos minutos e vejo que é mesmo possível.

Não tenho medo dele, ele não me parece um homem mal. Acredito que ele seja o que venho implorando aos céus para me ajudar a sair desta torre. E é isso que pretendo fazer. Seja esse homem quem for, eu o quero para me tirar daqui.

- Quero que me leve para ver as luzes.-Disse eu, no momento que ele acordou e percebeu onde estava.

- Que luzes?-Respondeu ele. Com a voz rouca como se não a usasse muito.

- As luzes flutuantes que irão passar amanhã.

- As lanternas flutuantes? Sem chances. Digamos que não estou em um bom momento com o reino. Se eu aparecer por perto é morte na certa. E se su tiver sorte, a morte será rápida.

- É isso ou você fica sem a sua bolsa que escondi.-Falei olhando nos seus olhos que se arregalaram.          
                          
Ao entrar aqui antes de ser desarcodado, ele carregava consigo uma bolsa velha e pequena. Quando a inspecionei não encontrei nada interessante aos meus olhos. Mas pela forma que os seus olhos se arregalaram, ela é realmente muito importante.

E foi assim que eu convenci o cavalheiro a me levar a sair desta torre. Ele é, diferente do que estou acostumado... Não que eu esteja acostumado com muitas coisas, na verdade. Ele tem ombros largos e belíssimos olhos azuis. Seus cabelos são amarelados e é pelo menos dois palmos mais alto do que eu. Ele se apresentou como Menma.

É em Menma que estou confiando. Enquanto pego Céu nos braços para descer as escadas, confio cegamente nesse cara. A minha vida agora se encontra exclusivamente em suas mãos e eu espero não me arrepender.