36° | Casal

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• Nicholas Martinez

Apesar de se passar horas, tenho a leve impressão que a anestesia ainda não saiu de meu corpo. Acordei às dez horas, Camilla me fez comer alguma coisa a força e confesso que ela conseguiu fazer isso, às onze o médico particular chegou e me deu vários medicamentos e me fez repousar por longos minutos enquanto me examinava, mas depois de que ele foi embora, cai no sono novamente. Acordei às cinco e cinquenta da tarde e tento me permanecer acordado por enquanto.

Observo a janela em minha frente, sentado no sofá em que dormi por longas horas, vejo o céu escurecer aos poucos e me pergunto oque Camilla fez nesse meio tempo em que estive dormindo. Ela não ficou muito tempo na cama depois que pedi para ela ficar, ela mal parou na cama e eu mal consegui dormir nessa noite. Ambos ficamos em silêncio, esperando o sono vir, mas parecia que estávamos esperando alguma coisa acontecer enquanto estávamos dormindo.

Ela ficou observando a tela do celular de Nathan enquanto eu estive acordado, aposto que continuou fazendo isso enquanto eu dormia. Ouvi ela resmungar alguns palavrões enquanto estive tentando dormir de noite, quis perguntar oque havia acontecido, mas preferi tentar adormecer logo. Agora, ela está no quarto do andar de cima, fazendo sabe-se Deus oque, e eu continuo estando pouco sonolento, mas consigo me mover normalmente.

Depois de vários pensamentos, percebo que estou com a boca seca, e acho que um vinho ficaria bem agora. Me apoio no punho e me levanto sem ajuda de alguém, em seguida vou em direção a cozinha, atravessando o balcão e me agachando para abrir a porta do armário, onde eu deveria ter encontrado várias garrafas de vinho, mas não estão mais aqui.

- Porra, Camilla. - Digo baixo, fechando a porta com uma batida.

Assim que faço isso, me levanto novamente e caminho até as escadas as pressas, subindo os degraus na mesma velocidade. Vejo a pequena abertura da porta do quarto onde Camilla está, por poucos segundos, penso em abrir a porta, mas o espelho interno na porta do armário me faz pensar em parar.

O armário que contém várias roupas está aberto e vejo as costas nuas de Perez pelo reflexo, apenas uma calça jeans preta cobre o resto de seu corpo. Todo seu cabelo úmido está caído sobre seu ombro direito, por isso vejo a tatuagem em seu pescoço novamente. Ainda não consigo entender oque está escrito, mas mesmo com a curiosidade a mil, desvio o olhar para o corredor vazio, enquanto ela se veste. Suspiro pela raiva que sinto e encosto na batente da porta, ainda olhando para o nada.

Só agora percebo que um cigarro seria bom, mas provavelmente ela deve ter achado meus maços e ter sumido com eles, oque me deixa ainda mais frustado. Inclino a cabeça para cima e encaro o teto, percebendo que provavelmente estou viciado nisso novamente.

- O que é que você está fazendo aqui em cima? - Ouço a voz de Camilla, abrindo o restante da porta, vestida com uma camisa larga, que possivelmente pegou a primeira que viu.

- O que você fez com os vinhos? - Respondo sua pergunta com uma pergunta. Me virando para sua direção.

- Não é possível. - Ela suspira. - Está querendo morrer de uma vez?

- Quero partir dessa para melhor, do melhor jeito.

- Embriagado, Martinez?

- Só diga onde você os colocou, um gole não vai me matar.

- Não quero discutir com você sobre isso novamente. - Ela diz atravessando a porta e seguindo o corredor, me deixando para trás.

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⏰ Última atualização: Oct 21 ⏰

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