Capítulo 11: Tempestade

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Acordei com o som suave da chuva batendo contra a janela. A manhã estava cinzenta e o ar tinha um frescor que só um dia chuvoso pode trazer. Apesar da tranquilidade do quarto de hotel, uma inquietação começou a se formar dentro de mim. Olhei para fora, vendo as gotas deslizando pelo vidro, e uma sensação de claustrofobia tomou conta de mim. Precisava sair dali, explorar a cidade, sentir a liberdade além das paredes do hotel.

Levantei rapidamente, vestindo um conjunto confortável de moletom. Abri a porta do quarto de Fred com um empurrão após digitar a senha e a porta destrancar.

— Fred, eu preciso de um carro agora! — Exclamei com energia frenética. Fred, surpreso e ainda sonolento, levantou o olhar para mim.

— Você está animada, hein? — Ele riu, tentando recuperar a compostura. — E por que eu preciso sair da cama às seis da manhã?

— Porque estou cansada de ficar trancada neste hotel! — Insisti, gesticulando dramaticamente. — Quero explorar a cidade. Precisamos de um carro! Levante-se, vamos alugar um.

— Está de brincadeira? — Fred reclamou, arrastando-se para fora da cama. — Você nunca gostou de sair, ainda mais de manhã.

— Mas estamos na Alemanha! — Continuei, determinada. — Não conheço nada aqui. Por favor, um carro!

Pedi manhosa, sabia que ele iria fazer meus gostos e vontades.

— Ah, você e suas aventuras. — Fred revirou os olhos e fiz uma cara fofinha tentando convencê-lo. — Está bem, vamos lá.

A chuva suave transformava-se em uma tempestade enquanto saíamos do hotel. No caminho para a locadora, Fred ainda me provocava, tentando manter o humor leve.

— Eu não estou rindo, não, projeto de Ken do Brás.

— Ken paraguaio, por favor. — Ele respondeu com um sorriso. — Confesso que achei que a Inglaterra cairia na fase de grupos, mas cá estamos nós, ainda aqui na Alemanha.

Ele revirou os olhos, acho que estávamos acostumados com a loucura de Nova York, a cidade que nunca dorme, enquanto aqui em Munique tudo é calmo e tranquilo.

Chegamos na locadora e, após uma negociação rápida, escolhi uma elegante Mercedes-Benz GLC. Paguei pela locação de alguns dias e prometi enviar todas as contas para Luiz quando retornasse a Nova York, já que eu só estava tendo esses gastos por causa dele e do contrato que ele mesmo propôs.

— Olympiapark, Olivia — Anunciou Fred, conferindo o GPS.

— Agora? — Perguntei, notando as nuvens escuras se acumulando no céu. — Fred, olha o tempo.

— Está com medo de uma chuvinha? — Fred provocou, ajustando o endereço no GPS.

Revirei os olhos, mas acelerei o carro. A chuva começou a cair e logo se transformou em um verdadeiro dilúvio. Aproveitamos o Olympiapark o máximo possível, mas com o tempo piorando, decidimos voltar para o hotel.

Voltamos para o carro já um pouco molhados e, enquanto dirigia de volta, a chuva se intensificou. A visibilidade na rodovia caiu drasticamente. De repente, o carro à frente freou bruscamente e eu tive que frear abruptamente também. O impacto fez com que Fred e eu fôssemos projetados para frente.

— Olivia! — Fred exclamou, irritado. — Está achando que está em um filme de ação?

— Foi o carro da frente que freou primeiro, queria que eu batesse? — Respondi ríspida, tentando me acalmar. Quando olhei novamente, vi uma coisa cinza voando pela janela. Apesar da chuva, imaginei que ele estava abandonando um animal. Quem iria parar assim em uma rodovia e jogar algo para fora?

Contrato de amor - Jude Bellingham Onde histórias criam vida. Descubra agora