Capítulo 6: Segredos e Silêncios

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No dia seguinte, cheguei cedo à escola, como de costume. Enquanto entrava na sala de aula, meu pensamento estava totalmente voltado para Erick e suas fotos. Mas, ao avistar Penha, meu foco mudou imediatamente. Sua expressão carregava um ódio contido e uma mágoa que ela tentava disfarçar.

Ela se dirigiu a mim com um ar decidido, e eu percebi que nada de bom poderia acontecer ali. A tensão no ar era quase palpável.

— Raquel, precisamos conversar — disse Penha, com um tom que soava mais frio e calculado do que o habitual.

Eu fiquei paralisada, surpresa e um pouco assustada. A última coisa que eu queria era um confronto com Penha. No entanto, a maneira como ela me olhava, com uma mistura de mágoa e rancor contido, me deixou sem saber como reagir.

— O que você quer, Penha? — perguntei, tentando manter a calma e a voz firme.

Penha começou a despejar sua frustração de forma controlada, mas com uma intensidade que não podia ser ignorada.

— Desde que começaram as aulas, você está sempre com a Milena e a Vitória. No domingo, elas foram para a sua casa e, aparentemente, se esqueceram da minha existência. O que você tem inventou de mim pra ela?

Eu fiquei sem palavras por um momento. Não tinha feito nada para causar esse afastamento e, de repente, me vi no meio de uma discussão onde não era a responsável. O olhar de Penha era um misto de acusação e profunda mágoa.

— Penha, eu não estou inventando nada sobre você — eu disse, tentando manter a voz controlada. — Não sei porque você está me culpando. As meninas têm seus próprios motivos para se afastar de você, e eu não tenho nada a ver com isso.

A conversa estava se tornando cada vez mais tensa. Penha continuava a me atacar, mas disfarçava bem sua raiva, mantendo um tom quase calculado.

— Não se faça de inocente, Raquel. Eu sei que você deve ter feito alguma coisa para me prejudicar. E eu realmente quero saber o que é.

Senti uma pontada de irritação e frustração. Nunca tinha sido a minha intenção causar nenhum problema com ninguém. Mas a maneira como Penha estava conduzindo a conversa fazia com que eu me sentisse como se estivesse sendo injustamente atacada.

— Olha, Penha — comecei, tentando manter a calma, — eu não fiz nada para afastar você. Se a Milena e a Vitória estão distantes, deve haver alguma razão delas próprias, e não tem nada a ver comigo. Você precisa parar de me culpar por isso.

Penha balançou a cabeça, parecendo não acreditar em minhas palavras. Sua expressão se tornava cada vez mais dura e resoluta.

— Então, se não foi você, por que as meninas estão agindo assim? Desde que você começou a se aproximar delas, a distância entre nós só aumentou. Isso não pode ser coincidência.

Eu respirei fundo, tentando entender o que estava acontecendo e como lidar com a situação. Não era fácil enfrentar o olhar acusador e a emoção que Penha estava demonstrando.

— Penha, eu não tenho controle sobre as escolhas ou ações das outras pessoas. Eu realmente não sei por que as meninas estão se afastando de você. O que posso te dizer é que não tenho nada a ver com isso.

A tensão no ar era palpável. O ambiente ao nosso redor estava começando a esquentar e eu percebia que a situação poderia sair do controle se continuássemos assim.

— Então você está me dizendo que é apenas uma coincidência? — perguntou Penha, com uma nota de desdém na voz. mento, mas eu não queria aprofundar mais a discussão.

— Olha, Penha, eu não quero entrar em uma discussão sobre isso. Se você está tendo problemas com as meninas, talvez seja melhor conversar com elas diretamente. Eu só estou tentando me manter fora disso.

Penha parecia não saber o que dizer por um momento. Sua expressão misturava mágoa e irritação, como se ela estivesse lutando contra uma maré de emoções conflitantes.

— Eu não vou cair nessa tão fácil. Se prepare! — ela disse, com um tom de desafio.

Eu assenti, sem saber o que mais dizer. A conversa estava se tornando cada vez mais desconfortável, e eu percebi que seria melhor me afastar. Por mais que o clima entre a gente estivesse muito intenso, parece que ninguém percebeu nada. Ela controlou toda a situação, mantendo uma voz firme, porém calma o suficiente pra não chamar atenção.

O professor e os outros alunos começaram a chegar na sala. Penha rapidamente assumiu uma expressão mais neutra, e ninguém pareceu notar o que estava acontecendo, exceto Milena, que ao ver minha expressão, ficou com um olhar curioso.

Eu tentei disfarçar, forçando um sorriso e tentando parecer normal. Após a aula, Milena me chamou para continuar perto dela. Mas eu pedi:

— Milena, você e a Vitória podem ficar com a Penha. No domingo, ela acabou ficando sozinha.

Milena, um pouco desconcertada, concordou, e elas três seguiram para o intervalo. No entanto, eu precisava de um tempo para processar o que havia ocorrido, então decidi ir até os bebedouros para me acalmar.

Entre Ódio e DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora