Capítulo 3

30 1 15
                                    

Capítulo em homenagem a andyjrodrigues que quer treta. Toda sua



Eu bati o leque contra meu rosto com força e raiva. O calor era tanto que eu mal conseguia conter meu humor. Rey permanecia ao meu lado, os botões abertos e a gravata de sua farda estavam tortas, deslocada enquanto as mangas arregaçadas em seu antebraço evidenciaram os anos de prática física.
- Se eu pular no rio, eu morro?
- Você seria puxada para o fundo que bate no seu tornozelo, Penny.
- O tanto de roupa que eu uso iria me afogar antes mesmo de eu conseguir me locomover, e de calor. Quero usar calças, quero correr por aí com o vento como uma criança.
- Nada de roupas que evidenciem suas curvas. E se alguém se encantar e te sequestrar, falando que vai praticar um casamento predatório?
- Me devolveriam em um dia? Menos se duvidar. Que me aguenta?

O príncipe herdeiro deu uma fungada, rindo da atrocidade das minhas verdadeiras. Apenas veracidades saiam da minha boca, fosse querendo ou não.
O calor estava no seu pico, roubei meu irmão para sentar embaixo de uma árvore, trazendo o livro que estava deitado, possuía sua face coberta por um tecido, escondendo seu título ou seu autor.

- O que você está lendo? Estudando algum acordo político?- Rey, que até então estava sentado ao meu lado, deitou em meu colo como uma criança, me olhando de baixo quando eu baixei o objeto na altura de meus olhos, deixando o rubor em minha orelha escondido atrás das páginas.
- Um romance. Nada que deva se preocupar.

O som do vento e o silêncio eram magníficos, nada e nem ninguém sabia desse lugar, ele era meu santuário desde criança, só trazia quem eu queria guardar nas lembranças, como se fosse uma caixa de tesouros mental.
Um vasto campo em uma clareira e uma cachoeira que escorria como música ao som dos pássaros.

O som de galopada era escutado ao longe, porém como era perto dos estábulos dos cavaleiros de baixa patente eu ignorei.
A voz que veio de cima, pouco depois me fez desviar do livro e, juntamente, meu irmão foi ao chão.

- Parece que os principados desta nação estão preguiçosos. Deveria eu ganhar essa recepção?

A voz doce e aveludada me fez mirar a figura alta, uma blusa branca tinha babados na gola aberta e nas mangas, a calça de hipismo azul combinava com as botas, ele tirava a luva e sorria como se roubasse a luz do sol toda para si. Os cabelos roxos e os olhos violetas voltavam das suas mãos para mim, me fazendo correr em sua direção após ele descer do cavalo e o deixar descansando na sombra.

- Rafayel! - Eu me atirei em seus braços, sem pensar em título ou etiqueta. Meu coração estava prestes a explodir. Ele era exatamente o que me lembrava de nossa infância, sempre mais alto que a mim, sempre com um sorriso terno e um brilho carinhoso no olhar. - Oh agora é o Conde Von Capell, não?

Vi as suas sobrancelhas franzir com o título recém adquirido, estranhando a formalidade. Meu irmão se juntou a mim, dando-lhe um aperto no ombro. Éramos um trio, desde criança. Rafayel era o filho primogênito da família condal no litoral. Nos conhecemos quando eu tinha meus 10 anos, neste mesmo lugar. Ele havia se perdido quando seus pais vieram ao castelo e desde então crescemos juntos, partilhando de memórias e, inclusive, um suposto burburinho sobre casamento após ele ter me levado ao baile de debutantes alguns meses atrás, antes de pegar definitivamente o título.

- Quando voltou? Como está o território de Lemúria? Soube que havia piratas nas redondezas.

A conversa se seguiu com Rafayel contando do território e meu irmão o dando conselhos que o conde parecia apreciar.
Sinceramente, nos vendo neste lugar e juntos, me fazia crescer um sorriso nostálgico que me fez perder a linha de raciocínio.

Make me your QueenOnde histórias criam vida. Descubra agora