Capítulo 17

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E o temido lobisomem de Serra do Conde encontrou o seu fim. As pessoas puderam sentir alívio, sabendo que o grande maníaco Matias nunca mais os incomodaria. Mas é claro que esta experiência não foi esquecida. Nunca mais se comemorou festa junina em noite de lua cheia naquela cidade, ou qualquer outra festa nesta época. Disso eu sei, pois ainda tenho contato com os meus amigos Francisco e Edna. E por falar neles, o Francisco conseguiu controlar a transformação em poucos meses. Confesso que fiquei receoso ao embarcar no trem, mas no final, as minhas preocupações não se concretizaram e hoje em dia eles podem viver tranquilamente com o seu segredo muito bem guardado, por mim, Jônatas e Maria, que continua sendo empregada na Fazendo Bom lugar. Edna me contou em uma carta que estão lhe ajudando como podem, tanto ela quanto a mãe da finada Clara, que, a meu pedido, pedi que lhe dessem auxílio. É como eu falei, às vezes é bom exercitar a minha humanidade. A pobre senhora não mora mais na casinha branca na entrada da cidade. Agora ela trabalha na fazenda de Francisco e se dá bem com todos. É bom que as coisas tenham acabado bem, desde aquela época, nunca mais se falou de casos de lobisomens na cidadezinha. Foi o que Jônatas me contou, pois em uma de suas várias viagens, ele passou por Serra do Conde, que agora é conhecida como a cidade dos lobisomens. Segundo o que o delegado lhe disse, nunca mais se ouviu falar de algum caso do gênero. Claro que várias histórias cabulosas são contadas por toda a cidade, mas nunca foram confirmadas. Tudo indica serem isso. Histórias. Mas tudo pode acontecer, não é mesmo? Sei que exterminamos todos os lobisomens da região, pois após a execução partimos pelo resto da semana em uma caçada por outros amaldiçoados, que podem ter sido criados naquelas noites. Só encontramos três e demos cabo deles. Lembro que foram noites muito turbulentas, mas ainda bem que acabou.

Hoje em dia, estou aposentado e vivo longe de criaturas mágicas, vivo uma vida bem tranquila em um sítio, apenas lendo, pescando, passeando e praticando outros hobbies que uma pessoa comum faz. Posso viver uma vida tranquila, pois recebi uma aposentadoria ótima pelos meus anos de trabalho. Outra coisa, publiquei finalmente o meu livro sobre as criaturas mágicas e os seus comportamentos, catalogados em minhas aventuras, não esperava que fizessem tanto sucesso e tudo indica que poderá ser utilizado por muitos anos. É bom saber. Apesar de as criaturas magicas e surpreendentes estarem desaparecendo, muitas delas ainda andam por aí. Elas vagam por ruas e correm por florestas, e a maioria das pessoas nem as nota, mas elas estão lá. Só basta ficar mais atento aos sinais. Por isso, escreverei um segundo livro em breve, pois tenho tempo de sobra. Posso até ficar o dia todo admirando a bela paisagem dos vales próximos à minha casa, respira o ar puro e sentir toda a beleza e paz que a vida pode dar.

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