Tarde complicada

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Matteo

  Estou deitado em minha cama no momento, tentando distrair minha cabeça dos acontecimentos de hoje a tarde. Pra falar a verdade, é quase impossível, porque a dor é bem presente.

  Aqui em casa somos 6 meninos, eu, com 16; Nathaniel, de 15; Marco, de 14; Michel, de 12; Rafael, de 9; e Gael, de 4.

  Então, é imaginável que a casa sempre esteja repleta de confusões, brigas, saídas... Resumidamente, problemas. E consequentemente, surras. Hoje, infelizmente, não foi um dia atípico.

  Acontece que meu irmão Marco está em uma fase rebelde onde acha que o mundo gira ao redor dele, resolveu que quer viver a vida como se fosse o último dia e torcer para que meu pai não descubra, para que ele possa continuar vivo.

  Então, hoje o mesmo resolveu que ia sair de casa escondido para ficar com uma garota, que diga-se de passagem, é problema. Ela anda igual uma puta na rua, só falta sair nua. Vive fumando vape por aí como se fosse a coisa mais bela no mundo, e meu irmão deve achar isso mesmo, porque gamou na menina... Ele marcou um cinema com ela, mesmo sabendo que não poderia ir por estar de castigo por ter tirado notas baixas em umas provas.

  Eu, como um ótimo irmão que preza pela vida do outro, tentei o impedir de ir, porque sabia que ia dar problema. Acontece que esse rebelão resolveu me ignorar, então começamos a discutir e em segundos caímos no tapa.

  Nosso azar foi meu pai ter chego do trabalho BEM NA HORA, e visto tudo de primeira. Sem pensar duas vezes, ele sacou o cinto (eh amigos, só ele que pode bater aqui), puxou o Marco e desceu nele sem dó, umas 20 lapadas. Fiquei paradinho, porque sabia que se corresse, ia levar o dobro.

Depois ele veio até mim e fez a mesma coisa que com meu irmão.

<Flashback>

-Sentem os dois aí AGORA. -meu pai fala e nós dois sentamos no sofá com dificuldade pelas cintadas recentes.

Que ódio desse pirralho! Da próxima vez vou deixar ele se ferrar sozinho pra ver se aprende.

-Querem me dizer porque caralhos estavam rolando no chão igual dois animais? Qual é o problema de vocês?

Ambos ficamos calados. Minha vontade é contar porque, mas tenho dó de Marco, embora ele não mereça.

-Vão ter que apanhar mais pra falar?

-Não foi nada demais pai, nós discutimos por causa de um jogo. -Digo tentando nos livrar.

-Discutir é uma coisa, Matteo. O que vocês estavam fazendo era brigando, se batendo igual dois retardados. Vocês acham que são quem pra agredirem um ao outro?

-Desculpa pai, isso não vai se repetir... -Meu irmão fala.

-Ah, mas não vai mesmo! Escutem bem os dois, se eu ver vocês brigando de novo, seja pelo o que for, os dois vão levar uma surda de vara, ouviram?

-Sim senhor... *falamos em uníssono*

-Agora, o dois estão de castigo. Aliás, você já está, né Marco? -Meu irmão abaixa a cabeça-  Sem celular e sem saídas durante uma semana, o seu é acumulativo -ele aponta para ele -Entendido? Quero os eletrônicos no meu escritório em 10 minutos, depois os dois no quarto até a hora do jantar. Podem ir.

Subo as escadas sem olhar para trás, porque se não fosse pela ameaça, repetiria a dose com meu irmão.

<fim do flashback>

  Saio de meus pensamentos quando ouço batidinhas na porta e vejo meu irmãozinho caçula entrando, ele tem costume de vir ficar comigo quando algo assim acontece. Acho muito fofo, eu e ele somos próximos desde que ele nasceu... Na verdade, eu que ajudei minha mãe no puerpério, porque meu pai estava muito ocupado com as coisas da empresa.

-Pode entrar? -Ele pergunta.

-Pode sim neném, vem cá... -Deito normalmente fazendo uma careta e afasto para que ele possa subir na cama.

-O papai bateu em você Matt? Eu não gosto quando o papai machuca a gente... fica doendo e ele não dá remédio... -Ele fala se aninhando em meus braços.

-Fica tranquilo, o papai não machucou o mano. Ele só bateu porque eu e o marco brigamos, coisa que não pode porque é feio... mas já está tudo bem. -Faço cafuné em sua cabeça.

-Mas se o papai bate, porque a gente não pode bater? Não é feio? Se é feio, porque o papai faz se ele diz que não pode fazer coisa feia?

Olho para meu irmãozinho surpreso sem saber o que dizer, sinceramente, penso a mesma coisa que ele. Quando tiver meus filhos, vou ser um pai melhor do que meu pai é, começando por essa questão das surras.

-Como foi seu dia na escola hoje neném? -Tento mudar de assunto.

-Foi legal, eu e o Nick e o Lucca e o João e o Kaleo e o Pedro brincamos de futebol no recreio, aí no lanche eu comi frutinhas e pão com queijo que a mamãe fez e acertei as questões de matemática, sabia que eu tirei 10 mat??? -Ele olha pra mim sorrindo e mostra "10" com os dedinhos, sorrio para ele de volta -Mas Matt, você não respondeu porque que o papai pode bater e a gente não...

Novamente, fico sem saber o que dizer! Droga, quando era criança não tinha memória boa assim.

-Olha maninho, eu não sei... Foi o jeito que o papai achou pra mostrar pra gente o que pode e o que não pode, entende? O mano não acha legal, mas o pai se esforça... o melhor que podemos fazer é evitar que ele precise nos ensinar, fazendo as coisas certinhas.

-Tá bom Matt -Ele me abraça -Posso dormir com você  agora? Eu tá com sono... -Ele fala abrindo a boca.

-Agora não neném, tá quase na hora do jantar... Mas se você quiser, mais tarde o mano te deixa dormir aqui, beleza?

Ele confirma que sim com a cabeça e pouco tempo depois minha mãe nos chama para jantar, que dia cansativo...

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Notas da autora;

Oieee, sinceramente, estou com medo da reação de vocês com essa história kkkkk
A uns anos venho me interessando por esse gênero, e desde o início quis escrever algo, porém nunca tive coragem de publicar... Bom, vamos ver se vai para a frente, né? Deixem suas opiniões para a escritora inexperiente, por favor 🙏🙏🙏

Ahhh, e o menino da capa é como imagino o Matteo, mas sintam-se livres para imaginarem da forma que preferirem 💗

The Cooper'sOnde histórias criam vida. Descubra agora