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Mia Capell

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Mia Capell

LER UM LIVRO inteiro na noite anterior à prova realmente não é uma boa ideia.

A chuva lá fora não cessa e o som dela me deixa cada vez mais sonolenta. Talvez devesse acender mais luzes ao invés de insistir na luminária que fica ao lado da minha cama. Quem sabe a claridade me mantém acordada por tempo o suficiente para não falhar miseravelmente nesse teste.

Ainda assim, não levanto da cama.

O café solta um vapor reconfortante e o aroma delicioso do grão queimado ficou impregnado desde que preparei a bebida. É madrugada e eu poderia estar no quinto sono se não fosse a enorme preguiça de ler o livro requisitado para a avaliação de amanhã. Quero ligar para Leah e confirmar que não sou a única neste estado, mas conhecendo minha amiga como eu conheço, sei que ela já terminara o livro há dias.

Jogo o livro longe e afundo na cama após largar a xícara no criado-mudo. Os últimos parágrafos não farão a diferença, estou cansada demais para analisá-los profundamente. A tortura acaba aqui.

Dou um longo suspiro e levanto da cama para pegar o livro. Como a boa menina que sou, termino os dois últimos parágrafos torturantes ainda de pé. Guardo-o dentro da minha irônica bolsa masculina, herdada dos anos de estudo do meu pai, e retorno para a cama.

Vim morar em Nova Iorque para estudar no mesmo campus que ele estudou, deixando Jude Capell — meu pai — para trás. Porém,  duvido que ele fique orgulhoso ao descobrir que não segui seus passos.

Faço minha higiene pessoal antes de, enfim, cair no sono que tanto me aguardava. Normalmente, durmo tão pesado que não sou agraciada com sonhos ou pesadelos. Entretanto,  minha mente viaja e me vejo em um ambiente diferente do qual estou habituada.

Há um céu límpido de verão, com um sol vermelho escaldante.

Olho  ao meu arredor, encontrando... nada. Um sufocante nada está lambendo minha pele, me lembrando que estou sozinha. Coloco a mão sobre os olhos para poder enxergar sob aquele sol quente estranho.

Infelizmente e obviamente, não havia nada para olhar.

Minha pele formiga e parece estar prestes a criar bolhas pela irradiação. Por isso, tento mover minhas pernas, mas elas estão presas por correntes. Logo em seguida, elas começam a brilhar e demonstrar uma coloração avermelhada, junto com o aumento da temperatura destas. Minha pele dos tornozelos queima e um grito seco sai da minha garganta.

Mas o grito não possui som.

Aquele verão intenso está me consumindo. Lembro-me de uma chuva incessante em meados de agosto, mas isso parece apenas um delírio perante essa experiência.

AetheriusOnde histórias criam vida. Descubra agora