Capítulo Único

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Eles não sabem exatamente o que os levou a situação atual, sentados um ao lado do outro no sofá da sala, suas mãos ocupadas enquanto os olhos teimam em fugir do vídeo que colocaram para observar melhor o que fazem, tão próximos uns dos outros.

Na verdade, eles sabem exatamente o que os levou a isso, mas nunca, nenhum deles, admitirá que sempre foram mais que o trio de amigos super-divertido e inseparável do time, que sempre quiseram mais que ir juntos a baladas e procurarem por trios de amigas ou irmãs para ficarem ou que sempre, mas principalmente mais recentemente, estiveram louca e perdidamente apaixonados uns pelos outros.

E é claro que todos os três já se questionaram se era certo gostar de um cara dessa forma, assim como, mesmo que indiretamente, já comentaram entre si e em diferentes momentos sobre a possibilidade de se apaixonarem por mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Eles sempre acreditaram que as respostas dos outros sempre foram em tom brincalhão, tanto quanto as perguntas, claro.

Contudo, se, em uma situação hipotética, algum dos membros da comissão técnica ou até mesmo um colega de time chegasse a entrar na sala de jogos e os flagrasse assim, com os paus duros apontados para cima e com cada um deles pensando muito, muito mesmo, em formas diferentes de proporcionar aos outros dois o maior prazer que não poderiam ter com mais ninguém, eles provavelmente confessariam tudo só para se livrar da angústia.

Na verdade, e o Gui sabe disso tanto quanto o Gabriel, o goleiro entre eles ouviria qualquer passo do outro lado da porta mesmo com a mistura baixa dos sons de seus gemidos e dos que saem da TV. E assim que ouvisse, seria o primeiro a subir o short, pegar o controle no chão e desligar a tela. Ele sempre foi o melhor com as mãos, e com os reflexos, claro.

Mas não seria tão rápido em correr para fora da sala ou para se esconder dos olhares curiosos quanto os outros dois, e ele próprio sabia disso, afinal sua posição e tamanho não lhe era de grande ajuda em momentos assim. E foi por isso que nenhum deles quis pensar em serem flagrados, por isso e por desejarem demais ceder totalmente ao desejo de suas mentes, mãos e, principalmente, bocas.

Pela primeira vez desde que seu olhar era limitado à TV e, só às vezes, ao membro dos companheiros de time, Arthur arriscou mirar o corpo do atacante à direita. Já tinha o visto nu muitas vezes nos diversos vestiários que dividiram, e em todas essas vezes precisou disfarçar pelo menos um pouco a chama em seus olhos, o desejo de fazer mais que só olhar. E o goleiro focou nesse desejo para usar a mão livre para tocar a coxa do amigo.

Gabriel se assustou com o toque.

Não por não querer mais que se masturbar ao lado dele — deles — mas porque estava pensando em fazer o mesmo e até mais, quando sentiu a mão grande e firme pressionar sua coxa. E, pensar que o amigo teve ao menos um lapso do seu pensamento, da sua vontade, o fez se encolher rapidamente.

Mas, tão rápido quanto, antes mesmo que o outro garoto presente no sofá percebesse ou que o goleiro no meio tirasse sua mão dali ao cogitar uma recusa do outro, ele agarrou firme o pau mais próximo e sorriu ao senti-lo na mão.

Foi só então que Gui notou o que acontecia.

Tanto quanto os outros ele esperava por uma chance como essa havia muito, e ao ver os mínimos toques somados ao olhar trocado entre os dois amigos e colegas de time, ele também não perdeu tempo. Afinal, seu tesão só aumentara e ele já não estava mais suportando usar somente a própria mão para se aliviar.

Gabriel não hesitou em masturbar Arthur, que logo arrastou a mão para seu pau e acariciou da forma que conseguiu, perdido em desejo. Houve uma rápida troca de olhares entre eles, até que juntos se voltaram para Guilherme, que já se colocava de pé à frente dos dois, tampando a visão da TV. Ele sorria, safado, e foi esse sorriso que fez com que os outros dois se permitissem um pouco mais.

O goleiro usou de sua habilidade com as mãos e, enquanto uma manuseava de forma magistral o pau do colega ao lado, a outra arriscou apertar com força a bunda do zagueiro de pé na sua frente. Este, por sinal, arrepiou com o toque firme, gemendo ainda mais alto quando o mesmo se inclinou e engoliu sua cabeça como se a conhecesse bem.

Gabriel não pensara direito quando fez o mesmo em Arthur, agora com o próprio pau entre os dedos, mas mais do que nunca perdido no desejo de dar-lhe prazer. E seu amigo sentia prazer também, sentia muito. Não à toa gemia gostoso no pau de Gui, que não se segurou e logo iniciou um vaivém lento contra ele.

Eles estavam perto do fim, todos eles, e pareceram entrar em um consenso silencioso ao pararem o que faziam ao mesmo tempo.

O goleiro e o camisa 10 do time também se colocaram de pé ao lado de Gui e, apesar da breve diferente de altura dos opostos em campo, de alguma forma o beijo dos três pareceu tão encaixado quanto qualquer outro que eles já tiveram dado em toda a vida. Perfeito, pensaram.

Para Gabriel, a sensação que percorria seu corpo era a mesma de quando marcou o gol da vitória contra o maior rival do clube na última final do campeonato estadual. Para Arthur, a eletricidade que percorreu seu corpo o fez se sentir ainda mais eufórico que quando defendeu o pênalti que levou o time à mesma final. E para o zagueiro, bom, ele sabia que nada no mundo se comparava àquilo.

Houveram algumas palavras trocadas, sussurradas para ser exato, no momento em que se afastaram, um tanto ofegantes demais. Mas nada do que foi dito por qualquer um deles os faria parar por ali.

Os três jovens jogadores sequer notaram o vídeo acabar e a TV parar de emitir qualquer som. Eles estavam ocupados e focados demais em proporcionar prazer uns aos outros no chão da sala, cada um com sua boca ocupada no corpo de outro, às vezes dois contra um, às vezes com um para cada um, disposto em um triângulo quase equilátero, às vezes até com um sobrando, apenas assistindo, mas sempre os três extremamente envolvidos com o que acontecia.

E foi assim, em uma bagunça organizada, uma mistura de desejo e paixão e um companheirismo que transpassou as quatro linhas, que Arthur, Gabriel e Gui marcaram em suas vidas algo muito mais caloroso que um mísero gol.

E talvez, a partir de agora, suas rotinas mudem um pouco, de uma forma ou de outra. Eles podem ficar estranhos uns com os outros, podem se afastar e, quem sabe, se prejudicarem e prejudicarem os outros companheiros de time. Perderem partidas por isso, perderem, quem sabe, até mesmo as chances de se firmarem no time titular.

Ou talvez, e por serem tomados de sorrisos enquanto se vestem depois o que aconteceu, o que é bem possível que seja isso o que virá a acontecer, não somente suas partidas, mas as concentrações e todas suas vidas agora sejam bem mais intensas e prazerosas. E isso só os fará ganhar.

Um Mísero Gol || One ShotOnde histórias criam vida. Descubra agora