"Existe uma pequena contagem regressiva dentro nós. É suave e sutil, mas que sempre continua. Não importa o quanto você lute para ganhar mais tempo, essa contagem regressiva continua sempre a mesma. E nós sabemos, desde que nascemos, o tempo exato que nos resta, porém, nos foi dada a benção de esquecer. Não estamos prontos para lidar com a vida como ela realmente é, e a vida, como mãe carinhosa, nos envolve em seus braços gentis e nos põe pra dormir com sua ternas canções de esperança e felicidade."
Vicky sentiu seu corpo pesado, como se suas cobertas pesassem uma tonelada. Sua cabeça estava lenta e confusa, e seus olhos se recusavam a se abrir, insistindo para que ela permanecesse deitada só mais um pouco. Porém, ela sentia um desconforto em seu peito, como se algo estivesse errado. Seu braço estava sobre o lado vazio da cama, procurando instintivamente por algo que não estava mais ali. Ela estava sozinha naquele quarto, e talvez isso que a incomodasse.
— Qual é? — Resmungou ela, apoiando os braços na cama para conseguir sentar-se. — O que há de errado comigo hoje?
Ela se esforçava para se lembrar o que havia acontecido na noite passada, mas em vão. Tudo que vinha na sua mente era uma lembrança completamente embaçada, de alguém lhe perguntando se ela estava bem. Nem ao menos o rosto da pessoa ela conseguia se recordar.
— Droga, o que aconteceu noite passada? — Sua cabeça parecia que ia explodir a cada movimento que fazia. — Afinal de contas, que horas são?
Finalmente abrindo os olhos, ela começou a olhar em volta, procurando um celular, um relógio, qualquer coisa que lhe indicasse as horas. Porém, não encontrou nada naquela escuridão. Quando encostou os pés no chão, sentiu que ali havia um par de chinelos. Sem hesitar, os vestiu, sem nem perceber que eram alguns números maiores que seus pés. Antes de se levantar, ela levou sua mão direita até seu dedo anelar esquerdo, e sentiu um alívio tremendo quando sentiu que seu anel ainda estava naquele dedo. Bem devagar, Vicky se levantou e começou a tatear o escuro, procurando uma parede pra se guiar.
— Ah, merda! — Praguejou ela, ao bater o dedinho em alguma coisa. — Droga, será que a faxineira mudou minha escrivaninha de lugar de novo?
Após massagear seu dedinho por alguns segundos, ela respirou fundo e continuou na missão pra encontrar a saída daquele lugar. Após andar em círculos por quase cinco minutos e esbarrar em todos os móveis que podia, ela, já sem paciência, se vira de uma vez pro único lado que ela achava não ter ido ainda, batendo com o nariz na porta de madeira.
— Droga! Droga! Eu devia ter ficado na cama!
Finalmente de frente para a saída daquele labirinto doméstico, Vicky gira a maçaneta e, assim que a porta se abre, a luz do dia quase a deixa cega. Mesmo sem conseguir enxergar um palmo a sua frente, ela seguiu pelo corredor, e não demorou muito para ela esbarrar em uma mesa e, segundos depois, o som de algo caindo e se quebrando em vários pedacinhos.
— Está tudo bem aí?
Era uma voz masculina, que fez Vicky congelar onde estava. Era uma voz familiar, mas ela não conseguia se lembrar ao certo de quem era. Porém, de uma coisa ela tinha certeza: ele não deveria estar ali, quem quer que fosse. Afinal, ela morava sozinha em seu apartamento. Qualquer outra garota nessa situação teria gritado por ajuda, chamado a polícia, ou então correria de volta para o quarto. Porém, assim que recobrou o senso, Vicky marchou a passos rápidos até a cozinha.
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Manual de Sobrevivência para Namorar uma Tsundere
RomanceVicky acorda na casa de um estranho, sem nem ideia de como foi parar lá. Após quase quebrar seu braço, Emi ajuda a garota a se acalmar e a ir relembrando todos os acontecimentos que precederam aquela situação. E, em meio a brigas, discussões e muito...