Incógnita

14 Cartas sobre a mesa

Sarocha Chankimha

Acordo com um peso sobre meu corpo, entretanto não ligo muito para isso. Me sinto atordoada e olho ao redor tentando me situar. - Onde estou? - Tento puxar da minha memória os últimos acontecimentos.

Nesse momento, o que está sobre mim me aperta, quando presto atenção, tratasse de uma pessoa, não uma pessoa qualquer, mas sim a mulher que me deu abrigo e tem cuidado de mim. A olho franzindo meu cenho em confusão, é quando minha cabeça dói profundamente, é aí que acordo completamente. - Então tudo que aconteceu ontem é real? - Penso comigo mesma e em seguida reparo que agora Rebecca, além de está com sua cabeça sobre mim, ela me segura como se eu fosse seu bem mais precioso, como se eu fosse fugir a qualquer momento. Mesmo dormindo, ela tem uma mão firme ao redor de meu corpo.

- Será que ela lembrará de tudo o que aconteceu ontem? - Falo baixo passando meus dedos levemente pelo seu rosto, desenhando cada parte que o compõe. - Meu Deus, como essa mulher é linda. - Sorriu bobamente para ela. - Espero mesmo que ela se lembre o que rolou ontem, aquilo foi tão especial, não sei o que farei se ela não lembrar. - Suspiro pesadamente só com esse pensamento, meu coração chega a acelerar. - Deixa de ser idiota Sarocha, é claro que ela vai lembrar, Becky prometeu que o faria. - Bato de leve em meu rosto para afastar tais pensamentos.

Passaram-se alguns minutos, continuei a venerar a linda mulher a minha frente dormir pacificamente. Calmamente, tento tirar suas mãos ao redor de meu corpo, sinto que quanto mais eu tento, mais ela se prende ao meu corpo. - Querida você precisa me deixar sair. - Falo baixinho enquanto passo meus dedos de leve em seu rosto. Não sei o que aconteceu, não sei se foi seu subconsciente ou se pelo fato de eu fazer um carinho em seu rosto, mas fez ela se mover um pouco e essa foi a chance que eu tive de me sair dos seus braços.

Calmamente afasto sua cabeça de cima de mim e a coloco sobre os travesseiros que eu estava a poucos momentos. Ela se mexe um pouco, mas não ao ponto de acordar. Coloco o pano sobre ela, segundos depois ela os afasta de seu corpo. - Será que está calor para ela? Mas me parece bem frio na verdade. - Passo minha mão no queixo pensando no que vejo, então decido diminuir a temperatura do quarto em 3 graus, em poucos momentos começo a perceber que a atmosfera do quarto deu uma esfriada relativa. - Sério que ela é calorenta dessa maneira? - Fico abismada com seu jeito ela ainda dorme tranquilamente como se não sentisse esse frio todo. - Ela é humana? Eu tô congelando aqui. - Recoloco o cobertor em cima de si, depois de um momento ela continuou a dormir, dessa vez sem afastar as cobertas. - Então é isso? Ela gosta de frio? - Continuo olhando ela dormir, até que decido ir ao banheiro.

Vejo meu reflexo no espelho, enquanto jogo uma água sobre meu rosto. - Nossa, parece que fui atropelada por um carro. - Sorrio ao relembrar os seus beijos, as carícias e suas doces palavras da noite passada. - Como o beijo dela é bom. - Começo a morder de leve meu lábio inferior.

Pelo reflexo percebo que estou ficando vermelha. - Como tá quente aqui né? - Olho ao redor procurando uma entrada de ar, não a  encontro. - Melhor tomar um banho. - Caminho em direção a banheira e espero ela se encher completamente. - Isso vai ser bom, poderia relaxar um pouco. - Quando ela está cheia, coloco os sais de banho e adentro na água quentinha. - Que sensação boa. - Sorrio para esse pequeno momento de paz e harmonia.

Novamente a dor de cabeça que a momentos atrás permeiava minha cabeça volta com força total, como uma carga elétrica, que não envolve somente meu crânio mais toda a extensão do meu corpo. - O que é isso? - Falo apavorada.