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Helena

A tempestade por si só já era algo que me deixava relaxada, mas estar ao lado de Medina aumentava ainda mais essa sensação. Ele até tentou, mas eu estava decidida a apenas provocá-lo para ver até onde ele iria, e ele foi longe, porém, depois do nosso beijo na bancada, não rolou mais nada.

── Como funciona isso? — Perguntei, deitada de barriga para cima ao lado dele, ambos no escuro por causa da queda de energia. ── Tipo, você perdeu por não ter onda? Que putaria!

── É. — Ele riu levemente. ── Quem sabe na próxima, né? O mar não tá muito fã de mim ultimamente, separou dois beijos nossos e, quando eu precisei de onda, ele não fez.

── Mas a onda é formada pela direção dos ventos. Sei que é uma piada, mas não foi culpa do mar que você perdeu, foi por causa do vento! — Contei, sentando-me e ficando de frente para ele, vendo-o me encarar.

── O quê? Como não?

── Gabriel, você achava que as ondas se formavam como? — Perguntei, e ele ficou alguns segundos em silêncio, talvez tentando raciocinar. Quando percebeu que eu estava certa, começou a rir, e eu o acompanhei. ── Meu Deus, Medina, isso é conteúdo do ensino médio!

── Eu nunca gostei de estudar, quando eu ia na escola eu era turista. — Contou. ── Você gostava?

── Até que sim. — Respondi, deitando novamente, dessa vez com a cabeça sobre seu peito enquanto ele me aconchegava nos seus braços. ── Fiz faculdade por um tempo, mas tranquei para viver do que eu realmente gosto, que é a fotografia!

── Fez faculdade de quê?

── Engenharia Ambiental. Queria Biologia, mas essa área paga muito mal se for licenciatura, e na universidade que eu estudei não tinha bacharelado. Pensei em Oceanografia, mas passei longe porque não tem trabalho no Brasil, e eu não tenho planos de morar fora. — Contei, aninhada nas cobertas e nos braços quentes dele, sentindo seu toque leve acariciando meus cabelos.

── Todas essas áreas são ligadas à vida e à natureza. — Ele riu levemente. ── Você é mesmo apaixonada por isso. Eu acreditei quando você me contou, mas agora tô vendo que é... de verdade! — Murmurou a última parte, e eu fechei os olhos. ── Próxima semana, você tá livre?

── Depende do dia, na verdade.

── Sábado de tardinha.

── Não. — Choraminguei. ── Tenho trabalho!

── Onde? — Perguntou, interessado.

── Allianz. Choque-Rei! — Falei, encarando a parede e sentindo seu cheiro extremamente bom. ── Futebol não faz muito minha vibe, mas o cachê é bom. Por quê?

── Tenho um campeonato em Saquarema, queria te levar comigo. — Falou com a voz tranquila, e eu sorri de leve.

── Vish, outro estado ainda. Não posso! — Comentei, contornando com a ponta da unha suas tatuagens. ── Se não fosse por esses dois fatores, eu adoraria ir!

Ele riu, e eu senti seu peito vibrar sob minha cabeça.

── Você sabia que quando te conheci, achei que você parecia uma sereia?

lentes no horizonte, gabriel medina. Onde histórias criam vida. Descubra agora