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Helena

Sábado chegou, trazendo consigo um clima quente em pleno inverno. No caminho para o Allianz, minha mente vagava por mil coisas diferentes. Faltam poucos dias para o meu aniversário, e eu não faço ideia de como vou comemorar. Provavelmente, viajarei sozinha para algum lugar distante. Ao chegar ao meu destino, paguei o motorista do Uber e entrei pela entrada de funcionários, utilizando a credencial que recebi dias antes. A câmera estava pendurada em meu pescoço e o celular em minha mão. Enquanto caminhava em direção ao campo, esbarrei em alguém próximo ao túnel.

── Olha por onde anda! — a voz disse, irritada, e eu levantei o olhar, encarando o homem à minha frente. Ele só pode estar louco.

── Se você é cego e não me viu aqui, não é problema meu. Tá maluco de falar nesse tom comigo? — retruquei no mesmo tom, encarando-o.

── Não pode ter torcedor aqui. — Falou com aquele ego inflado, e eu revirei os olhos.

── Torcedor? Tá falando sério? — questionei, encarando seus olhos, notando um sorriso se formando em seus lábios. ── E você é o quê? Banco? Nunca te vi jogando.

── Titular, gatinha. E você?

── A fotógrafa que vai pegar seu pior ângulo. Agora, me dá licença, jogador! — Falei, desviando dele e seguindo em direção ao campo, mas não sem antes ouvi-lo dizer: "é Richard."

A torcida estava eufórica, e o jogo nem havia começado. Cartazes, gritos, tudo contribuía para a atmosfera. Enquanto os jogadores aqueciam, troquei algumas mensagens com Gabriel, que estava prestes a iniciar um campeonato. Desejei-lhe boa sorte, e ele me retribuiu com o mesmo, reforçando após eu contar o ocorrido com o egocêntrico de mais cedo. Não nos veremos hoje, pois ele vai voltar do Rio de Janeiro de madrugada, mas combinamos de sair amanhã com os amigos. Escolhemos uma sorveteria para o domingo, escolha óbvia minha e das meninas. Inclusive, pedi para ele levar a irmã, de quem gostei muito, e ele disse que a traria.

Quando o segundo tempo terminou, finalmente me vi livre daquele jogo. Meu cachê foi pago, e precisei selecionar as fotos junto aos jogadores para depois editá-las e enviá-las individualmente. Aquele Richard me tirou do sério, implicando comigo sem motivo. Quase surtei e mandei ele para o inferno. Ao chegar em casa, fui direto tomar um banho longo e relaxante, vesti uma roupa confortável e ouvi a campainha. Provavelmente eram as meninas, já que combinamos uma noite do pijama!

── Trouxe vinho! — Marina falou, entrando com algumas sacolas. Heloísa veio logo atrás.

── Eu trouxe cerveja. — Helô disse, seguindo a loira enquanto eu fechava a porta.

── E eu dei a casa. — Respondi, aproximando-me delas.

── Como foi o Choque-Rei? — Heloísa perguntou enquanto eu me sentava na bancada, observando as duas organizarem as coisas. Marina parecia tensa, bebeu uma taça de vinho direto e estava ansiosa.

── Foi tranquilo, só um cara que me tirou do sério, mas fora isso, foi bem de boa. — Contei. ── Tá bem, Mari?

── Uhum. — respondeu, inquieta.

── Ela está assim o dia todo. Ou fez alguma besteira, ou descobriu algo que a envolve. — Helô comentou, e eu encarei minha amiga, preocupada.

lentes no horizonte, gabriel medina. Onde histórias criam vida. Descubra agora