O Ritual na Bruma

CÁPITULO 4

Anastrianna Liadon segurava fixamente uma chave de bronze. Se concentrando tentando sentir e usar seus poderes mágicos. Quando achou que era o suficiente, abriu os olhos. Olhou para seu kit de maquiagem e suspirou, decepcionada. A caixa permanecia fechada.

Olhou seu reflexo no espelho e se concentrou de novo. Puxando da memória os símbolos, a lógica e os fundamentos por trás da magia "truques menores". Com essa magia poderia facilmente remover a maquiagem. Mas não teve sucesso. Teve que remover manualmente.

Ela tinha traços élficos sutis, vindo da parte materna da família. Era uma meia elfa. Tinha aparência de uma menina de quinze anos, embora tivesse vinte. Tinha cabelos castanhos e longos, seus olhos eram cor de caramelo, seu rosto era fino e bonito. Sua maquiagem destacava os olhos e suavizava o rosto longilíneo típico de elfo. Mantinha o cabelo de forma a deixar suas orelhas compridas à mostra. Ela tinha orgulho de sua ascendência élfica. "Ainda bem que herdei as bochechas do pai e a altura da mãe. Mas bem que podia ter mais curvas" pensou.

Acreditava que tinha habilidades mágicas naturais. Tinha certeza de ter executado pequenos truques ao longo da vida, embora ninguém acreditasse. Sempre que estava sozinha tentava executar as magias mais básicas que conhecia.

Magia natural não era a única opção para ela. Podia estudar e se tornar maga, como seu pai. Ele trabalhava em uma empresa de criação de itens mágicos. Ela tinha, além de recursos financeiros, contato direto com magias.

A outra opção seria se tornar clériga, como Levenora, sua mãe. Porém não tinha predileção por nenhum dos deuses. Sua mãe era uma clériga de prestígio e embora admirasse ela, não se sentiria bem seguindo os passos dela.

O celular tocou e ela atendeu.

— Nossa Anna — era Aurora, sua amiga. Todos os seus amigos a chamavam por Anna —, você tá muito sumida, faz tempo que a gente não sai, não conversa. Você tá namorando e não contou?

— Quem dera. Não tenho tempo para nada. Tô estudando, para prova. Se eu não passar, a minha mãe me mata.

— Eu sei, eu sei. Mas não some não. Vamos marcar alguma coisa. Relaxar faz parte. Não é o mesmo sem você. Mas era só para saber se tá bem. Pode voltar a estudar. Vê se pelo menos passa nessa prova, já que tá tão sumida.

Anna começou a estudar. Primeiro sobre os tipos de magia, a arcana e divina. Porém logo ficou enteada e partiu para a simbologia. Desenhou alguns círculos com runas. Colocou uma música enquanto estudava. Ficou novamente sem interesse e partiu para o tópico de decifrar escritos. Não durou nem meia hora nesse tópico e partiu para artefatos mágicos.

A jovem até tinha um histórico acadêmico bom. Aprendia com certa facilidade. Mas não tinha muita disciplina, ainda mais para estudar por conta própria. Não conseguia focar e dedicar. "Meus pais nem para me ajudar, dar dicas, sei la".

Anna ficou cansada e foi deitar. Disse a palavra "luz" na língua élfica e as lâmpadas apagaram. Ficou tentando fazer a magia esfera de luz até adormecer. Uma vez achou que tinha conseguido, mas não tinha total certeza se lançou a magia, ativou as luzes do quarto ou se foi um sonho. Faltavam dois dias para a prova. Fechou os olhos e desejou não acordar no dia seguinte, queria só dormir e não ter nenhum problema.

Anna não conseguiu dormir muito bem, mas como seu sangue élfico diminuía sua necessidade de sono, conseguiu descansar. Tomou café da manhã sozinha. Já estava acostumada. Queria poder perguntar: "E aí, pai? Como foi a sua prova? Você bem que podia me dar umas dicas", mas seus pais estavam muito ocupados. A casa possuía várias magias que funcionavam como serviçais, que executavam todas as atividades domésticas.