CÁPITULO 5

5 1 0
                                    

Brian estava sendo guiado por um corvo. O pássaro estava para revelar um segredo importante. Chegou até uma árvore, grande e antiga. Tinha mais ninhos do que folhas. A todo instante os ovos se chocavam e pássaros levantavam vôo. O resto ficava piando para o céu, como se cada um estivesse contando uma história única.

Ele voltou a atenção para o pássaro que estava guiando. Reparou que era um corvo, mas não conseguia saber a cor. Na verdade tudo parecia estar em preto e branco. Mesmo sem cores, sabia que o corvo estava envolto em escuridão. O pássaro olhou para ele e perguntou:

— Qual o meu nome? Diga quem eu sou!

Brian acordou encharcado de suor. Sua garganta estava irritada. Estava em algum tipo de leito de hospital. Viu uma criança voando do lado dele. Olhou mais atentamente e achou que fosse uma fada, apesar de ser grande para isso. A criatura tinha um pouco menos de um metro de altura, asas, o rosto e as orelhas tinham traços animalescos. Ela tinha algo de familiar, embora não tivesse uma aparência assustadora, o menino sentia uma aversão em relação a ela.

O ser que supunha ser uma fada, estava dedilhando uma guitarra, proporcional ao seu tamanho.

— Você finalmente acordou. — disse a fada, sem tirar o olho da guitarra. — Está dormindo por quase dois dias. Não tira as bandagens, elas estão curando.

Brian olhou ao redor. Tinha uma agulha em seu braço direito, conectado a uma bolsa médica. Vários símbolos arcanos foram desenhados no seu corpo. Viu um espelho e se assustou. Seus olhos estavam cobertos por bandagens, também com símbolos. Teve que pôr a mão para acreditar. Mesmo com as bandagens ele conseguia enxergar normal. Outra coisa que estranhava era a cor do cabelo, que passou a ser prateado.

Suas memórias estavam confusas. Não tinha certeza do que era sonho e realidade. Sabia que tinha sido sequestrado e que foi usado em algum ritual. "Será que ainda to sendo usado como cobaia?".

— Vejo que acordou. — um elfo idoso entrou no local. — uma enfermeira tá vindo para ver como você tá. Que bom que não tirou as bandagens dos olhos. Sei que deve ser assustador não enxergar.

"Vejo que acordou. Frase estranha para começar uma conversa. Como assim não enxergar? Não é a magia que me permite ver?". Levantou com dificuldade. Olhou por onde o velho tinha entrado. Começou a planejar uma maneira de escapar. Nunca foi uma pessoa muito atlética e o estado que estava, piorava a situação. "Será que consigo vencer o velho?".

O elfo aparentava ser algum tipo de eremita. Usava um cajado e roupas de viajante. Ele emanava uma sensação que remetia à natureza e vida selvagem.

— Meu nome é Heian e eu tenho que te agradecer. Você salvou a vida do meu filho.

"Quando eu fiz isso? Como?". Assim que o velho falou veio as lembranças da fumaça saindo da criatura. Sua mente e corpo não gostaram de relembrar. Sentiu uma dor de cabeça.

— Onde nós estamos? — Brian perguntou de forma tímida. Não queria mostrar incerteza, mas ele estava muito assustado. O velho suspirou fundo.

— Um grupo de cultuadores da Bruma tentaram fazer um ritual. Para isso precisavam de crianças. Não sabemos se era para sacrificar ou para se transformarem em criaturas da Bruma. O culto se dividiu em dois grupos. Um deles foi destruído antes de começar, mas o seu não teve a mesma sorte.

"Meu filho e as outras duas crianças que estavam você, saíram praticamente ilesas. Elas disseram que você puxou todo o efeito do ritual para si. Pelo que aconteceu com seu corpo acredito que seja o caso. Não posso dizer pelos outros, mas para mim, você é, indiscutivelmente, um herói. Serei sempre grato"

O Ritual na BrumaOnde histórias criam vida. Descubra agora