Luiza e Valentina nasceram na mesma cidade mineira, no mesmo dia e hora, mas seus destinos sempre se cruzaram à distância. Com sonhos distintos - Luiza, aspirante a engenheira de projetos, e Valentina, pianista em formação -, as duas frequentam a me...
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Valentina
Valentina entrou no escritório com um misto de determinação e ansiedade. As palavras de sua mãe ecoavam em sua mente, e ela sabia que precisava resolver aquilo de uma vez por todas.
- O que você tem contra a Luiza? O que você pode fazer contra o futuro dela ou contra ela? - gritou Valentina, a voz tremendo de indignação.
- Senta aí e me escute, se acalme - disse sua mãe, com um olhar vitorioso.
- Eu sabia que você ia ceder e voltar. Fez bem, melhor para você. Pois já vou te dizer, Valentina, e você vai entender tudo. Escute com muita atenção, pois não vai ser fácil.
Se quer o bem da sua "Luiza", vai ter que me escutar, obedecer e fazer o que vou te mandar fazer...
Valentina sentou-se, relutante, mas precisava ouvir o que sua mãe tinha a dizer.
- Mãe, me tira uma dúvida.
- A palavra "mãe" saiu amarga de sua boca. Ela não queria chamá-la assim, não se sentia confortável. - Eu não queria chamar ela de mãe. Ela não está normal ou eu nunca percebi como realmente é? Meu pai, ou meus irmãos sabem que ela é ou está assim?
- Eu preciso saber. Você não esperou eu te dizer sobre a minha orientação sexual. Um dia, eu comecei a te contar, mas você não me deixou terminar. Há muito tempo atrás, conversamos sobre esse assunto. Mas e a Luiza? Como você sabe da Luiza? Eu nem moro aqui. Eu e ela temos cuidado.
- Valentina, eu sei de tudo. Vocês estão juntas há um ano.
Sei dos encontros, dos passeios, do namoro. Sei que ela dorme com você no seu apartamento.
Como o apartamento é seu, presente do seu pai, não queria arrumar confusão com ele.
Não me intrometi. Inclusive, na festa da virada do ano, de longe, eu vi vocês duas se beijando. A partir daí, contratei uma pessoa para seguir os passos de vocês duas. Esperei que fosse um fogo de palha, que acabaria logo, mas vocês continuaram, no momento certo ou is intervir.
- Eu cheguei a contratar a ex da Luiza, por isso vocês se encontraram na praia. Depois, contratei a sua ex, e mesmo assim não teve jeito. Era questão de tempo você vir falar comigo.
Ela me viu chorando, e me criticou gritando comigo.
- Agora chega! - minha mãe gritou. - Chega, ouviu? Acabe com isso, esse choro bão vai te levar a nenhum lugar, só está servindo para me irritar.
Tratei de me acalmar, para achar uma solução ou pedir ajuda a alguém. Mas ela não me deu trégua nem para pensar, logo começou a falar mais merdas novamente, me deixando sem ação.
- Valentina, eu quero entender como você pode destruir nossa família por causa dessa garota - disse ela, com a voz cheia de veneno.
Valentina respirou fundo, sentindo a raiva e a tristeza se misturarem dentro dela.
