I - Tempos Difíceis

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O céu tinha uma cor aterrorizante, literalmente rubra. A cena era de um verdadeiro fim de mundo, e para uma das duas poucas garotas que ainda vagavam pelas vielas de Zaun, poderia ser. 
As ruas continuavam o mesmo. Escuras, úmidas e fétidas. Muitas pessoas desabrigadas, procurando entender o que tinha acontecido no Lado de Cima, não obtendo nenhuma resposta concreta o suficiente. Ninguém sabia exatamente o que tinha acontecido, mas tinham certeza que era algo muito, muito ruim, especialmente pela visita surpresa de um enorme pelotão de Defensores na praça principal, diante do bar Última Gota.

- Preciso falar com eles - Caitlyn murmurou. Tinha o braço direito ao redor dos ombros de Vi, se apoiando por conta da ferida em sua perna - Preciso saber quem está vivo.

É óbvio que Vi entendeu exatamente do que se tratava. A mãe da garota, cujo nome ela tinha se esquecido, fazia parte do Conselho de Piltover. Na verdade, frequentemente Vi esquecia sobre as raízes de Caitlyn. O sangue real que corre em suas veias e as palavras sofisticadas na ponta da língua deixam de chamar a atenção dela quando distraída por sua inteligência e estratégia. Admitiria que a admira tanto se não fosse tão cedo e tão difícil. 

- Você tem certeza? Não sei se é uma boa ideia sermos vistas juntas de novo.

- Então me... Argh. - grunhiu, a mão livre deslizando até a perna machucada. 

Antes que a dupla pudesse notar, Sevika sai do bar como uma besta. O seu braço mecânico está danificado, e a única mão que dispõe está ocupada por uma das pistolas que Jinx certamente usaria. A única coisa que Vi conseguiu pensar no momento em que a viu foi que Silco está morto, e ela estará sozinha se a Jinx não sair de algum bueiro agora mesmo.
Sevika olhou os soldados de cima à baixo, esperando que algum deles viesse falar com ela, o que não aconteceu. Entediada e cansada de esperar, vacilou em olhar ao redor. Quando seus olhos encontraram os de Vi, não deu outra: já sabia quem culpar. 

- São elas quem estão procurando - disse, simplista - Querem começar um tumulto e nos culpar por isso! - gritou, zaunitas confusos, desesperados e maldosos concordando com ela. 
Vi se viu encurralada, e Caitlyn parecia não entender o que estava acontecendo. Enquanto eram presas pelos oficiais, a mais alta conseguiu espiar, pelo canto do olho, Sevika e Jinx fugindo juntas por um outro beco escuro, antes de desmaiar. 

...

As luzes estavam apagadas, e a pouca luminosidade que escapava pelas janelas não era suficiente para tornar o cômodo menos mórbido. 
A única coisa que Caitlyn sabia era que tinha passado os últimos dias desacordada. Sua perna direita tinha bandagens quase limpas e vestia uma de suas camisolas, uma roxa, que acabava deixando o curativo exposto.
Ao conseguir forças, a garota se ergueu de sua cama e procurou por alguém, qualquer um, que estivesse a esperando acordar. Por sorte, viu Vi em uma poltrona no lado mais longe do quarto, presa à mesma por uma algema resistente o suficiente para que não escapasse.
Caitlyn suspirou ao notar a garota. Ela dormia de boca aberta e toda largada na cadeira enorme. Ainda que estivesse presa, não parecia se incomodar pela sensação das amarras em sua pele. Caitlyn sentiu um breve incômodo por Vi ser a única algemada no recinto. Quando tentou se acomodar na cama, acabou fazendo um barulho que acordou a garota do outro lado do quarto.

- Ei - murmurou, a voz rouca e sonolenta. Passou a mão livre pelo rosto e tentou se levantar para falar com Caitlyn, mas foi em vão, afinal, a cadeira era presa no chão. - Como você tá se sentindo?

- Onde está minha mãe? - indagou, imediatamente. Vi não sabia como responder essa pergunta.

- Olha, eu acho que você devia descansar. - opinou, mas a garota de cabelos escuros não gostava de receber ordens assim.
- Eu gostaria de ver minha mãe.

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⏰ Última atualização: Aug 11 ⏰

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