sorrisos sinceros

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Hoje eu quero transformar seus céus
De cinza para o azul
E se chover em você, eu serei o seu casaco
O que posso fazer para você se sentir bem?
Querido, eu não quero ver você chorar, não
Eu quero ver você sorrir
(Smile — R5)

Palm Springs, Califórnia
Junho de 2022

Meu trabalho costumava consistir em fazer ligações, anotações, aprovar orçamentos e mais umas coisas tediosas. August me dizia que seria mais divertido se eu pensasse no dinheiro que ia receber no fim do mês, mas era uma mentira das feias.

Era a sétima vez em questão de 20 minutos que eu ia beber água. Pressionei a alavanca do filtro muito levemente para que a água levasse mais tempo para encher o copinho de plástico, enquanto eu aproveitava para ouvir a fofoca que duas secretarias estavam compartilhando perto da cafeteira.

Pobre Elise e seu hábito de pegar carona com colegas casados.

O copo encheu e eu levei até a boca, bebendo gole por gole bem devagar e aproveitando para fingir que minha atenção estava no setor logístico e todos os funcionários e não na querida Elise e seu olho roxo.

Afinal, não era culpa dela que Jeremy fosse casado com uma lutadora profissional de judô.

Pobre Elise.

—  Senhor Jeon! — O chamado me fez engasgar, como se eu fosse pego no flagra cometendo um crime. Olhei na direção do meu secretário, que devia ser pelo menos uns dez anos mais velho que eu e ainda me chamava de senhor. — O senhor Min pediu que fosse até a sala dele.

Assenti para o homem que abriu um sorriso educado e voltou a se sentar.  Era dia de basquete, Yoongi amava ir assistir e costumava me arrastar junto.

Como naquele dia em específico eu ainda não tinha cometido nenhuma gafe notória — tipo a vez que pedi mil rolos de papel higiênico ao invés de mil por não ter contado direito os zeros — imaginei que a pauta do assunto seria um passeio entre irmãos.

Talvez ele me pedisse algum conselho amoroso como quando ficou noivo da Gwin. Na época eu era só um adolescente e não entendia nada sobre romance, mas ali naquele momento… eu também não sabia nada, na verdade. Meus relacionamentos costumavam ser bem unilaterais.

Quando o elevador abriu, percebi que não precisaria fazer toda a caminhada extensa até a sala do August, já que ele estava ali bem na minha frente. Assim que me viu, ele esticou o braço e me puxou para dentro antes de apertar com muita força o botão para fechar.

— Vai quebrar! — adverti, vendo os cliques intermináveis que ele destinava ao pobre botão.

— Foda-se, sou eu que pago!  — rebateu August, olhando em volta como se temesse alguma coisa, uma assombração ou o FBI. — Você não viu ele, não é?

— Quem? — perguntei, ajeitando meu crachá. Aquela foto era horrorosa, mas August me proibiu de forçar o pessoal do RH a me pedir um quinto crachá porque não gostei da foto.

— Taegoon — August falou, colocando as mãos na cintura e fechando os olhos com força. O suspiro dele parecia quase uma reza de gratidão quando ele se virou para mim.

— Quem diabos é Taegoon, seu maluco? — Franzi a testa.

— O secretário do Jimin — respondeu ele.

— Não é Taehyung? — perguntei, um pouco confuso.

— Isso aí, dá na mesma! — retrucou, ajustando a gravata azul e ajeitando o cabelo enquanto via o próprio reflexo na porta espelhada. — Ele me ligou vinte e nove vezes. Eu sei falar coreano, mas na velocidade que ele gritava eu não consegui entender muita coisa além de “filho da puta” e “vou arrancar suas bolas e usar para jogar golfe, desgraçado”. Vi ele aqui na empresa de manhã.

Todas As Nossas Histórias De Amor• PJM + JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora